Efeito Americanas turbina taxa de aluguel das ações do Santander, aponta estudo

Com crise financeira da varejista e último balanço, o banco tem taxa de 26,27%; taxa de incorporadora Viver chega a 108,73%

Katherine Rivas

(Shutterstock)
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A taxa para alugar as ações do banco Santander (SANB11) alcançou 26,27% ao ano, a maior entre os papéis que compõem o índice Ibovespa, aponta levantamento feito pelo TradeMap.

Gerenciado pela B3, o empréstimo de ações oferece ao investidor que possui os papéis na carteira a possibilidade de alugar o ativo para outros investidores, mediante a cobrança de uma taxa – um dos custos da transação.

Na operação, o “tomador” costuma vender as ações emprestadas para, mais tarde, recomprá-las por um preço menor. Neste caso, o ganho está condicionado à queda no valor do papel.

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Nos últimos 12 meses encerrados nesta terça-feira (7), o Santander apresentou queda de 7,9%. Em 2023, os papéis recuaram 0,5%.

A aposta contra ação do banco pode ter relação com o resultado do quarto trimestre de 2022, avalia Sergio Castro, analista CNPI do TradeMap. Os números vieram abaixo do esperado pelo mercado.

“O ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido), indicador que mede a rentabilidade do banco, despencou de 15,3% do terceiro trimestre para 8,3%, ao fim de dezembro”, lembra o analista.

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Ele também relaciona o aumento da taxa de aluguel das ações do Santander com a crise da Americanas – que deve R$ 3,5 bilhões para a instituição financeira.

“E o banco provisionou apenas 30% [do valor da dívida], gerando pessimismo para os resultados no 1º trimestre de 2023 [e reforçando a expectativa de queda nas cotações]”, sugere Castro.

Na segunda posição entre as maiores taxas de aluguéis do Ibovespa, o estudo do TradeMap aponta a empresa de tecnologia Locaweb (LWSA3), com um percentual de 24,24% ao ano. O patamar reflete o impacto dos juros elevados – que prejudicam ações de crescimento. Em 2022, as ações da Locaweb caíram 46,66%, já em 2023 acumulam baixa de 23,08%.

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Na terceira posição está a varejista Via (VIIA3) – que puxada pelo efeito Americanas, que trouxe pessimismo para o setor de varejo – viu a sua taxa de aluguel disparar de 5,15% em dezembro de 2021 para 20,32% ao ano em 2023.

Nos últimos 12 meses, a Via teve uma queda de 48,28% nas suas ações. Em 2023 até 7 de fevereiro, a baixa foi de 12,5%. Confira a lista completa.

Se observado o dia 30 de dezembro de 2021, Santander e Locaweb não figuravam entre as companhias com maiores taxas de aluguéis de ações, o que implica que o pessimismo do mercado veio depois. Não é o caso de Gol, Telefônica, Qualicorp e Via que já estavam presentes na lista. No caso delas, os investidores ainda seguem apostando na queda em 2023.

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Entre essas empresas, apenas Telefônica não teve um aumento do percentual de ações alugadas em relação ao total de papéis em circulação.

Telefônica, Qualicorp e Via tiveram aumento na taxa de aluguel se observado o patamar no final de 2021 e em 2023. Só a Gol apresentou uma redução da taxa, de 24,59% para 17,95%. Apesar de acumularem queda de  56,77% nos últimos 12 meses, os papéis da companhia aérea sobem em 2023, com alta de 1,36% até 7 de fevereiro.

Embora uma taxa de aluguel elevada seja uma boa notícia para o investidor que colocou seus ativos à disposição – pela possibilidade de gerar uma renda extra –, para quem aluga isso pode se traduzir em prejuízo.

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O risco do investidor que aposta contra é o preço subir, em vez de cair. Nesse caso, seria necessário recomprar o papel para devolver ao doador a um valor que pode ser exponencialmente acima do preço de compra da ação, resultando em perdas incalculáveis.

Fora do Ibovespa, a Viver tem a maior taxa

Se observadas as taxas de aluguel de todas as ações da Bolsa, a incorporadora Viver (VIVR3) oferece 108,73% ao ano, aponta o TradeMap. Em 2022, as ações recuaram 60% e em 2023, a queda acumulada era de 16%.

Outra conhecida do mercado é a Oi (OIBR4), com taxa de aluguel de 49,77% ao ano. A companhia que tinha chegado ao fim da sua primeira recuperação judicial em dezembro, deve entrar novamente em outra.

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A Oi já iniciou o processo para uma nova recuperação judicial, mas ainda não definiu quando vai encaminhar o pedido à Justiça – a definição deve sair em um mês.

Em dezembro de 2021, as ações da Oi não figuravam entre as maiores taxas de aluguel.

Destaque ainda para a Gafisa (GFSA3), com taxa de aluguel de 48,02% ao ano. As ações da incorporadora e construtora tiveram queda de 40,75% nos últimos 12 meses. Mas em 2023, as ações subiram 7,27%.

Segundo o analista Sergio Castro, a taxa de aluguel e a alta das ações neste ano podem ser explicadas pelo resultado de uma disputa de controle acionário da Gafisa e não por uma melhora operacional. Se observado o preço da ação no dia 29 de dezembro de 2022, a GFSA3 chegou a disparar quase 400%.

Comparando com o passado, no dia 30 de dezembro de 2021, a ação da Bolsa que apresentava a maior taxa de aluguel era o TC (TRAD3), de 42,31%. Em 2023, a taxa de aluguel recuou para 22,05% ao ano.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.