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SÃO PAULO – Os títulos do Tesouro Direto indexados ao IPCA acumulam rentabilidade que varia de 6% a 14% somente neste ano, dependendo da data de vencimento, valor bem acima da taxa de 1,10% da inflação acumulada até abril. Após a elevada taxa de rendimentos até aqui, será que é hora de vender os títulos IPCA+? Segundo o assessor financeiro, Juliano Custódio, a resposta é sim.
Custódio, que detinha uma carteira com quase 80% com investimentos em títulos IPCA+, as antigas NTN-Bs, e prefixados, está remodelando seus aportes diante das expectativas em relação aos juros futuros.
A Selic vem caindo desde o fim de 2016, em um movimento iniciado pelo Banco Central para tentar tirar pressão da economia e ajudar na recuperação do país após a pior crise desde 1930, e a estimativa é de novos cortes.
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De acordo com o Boletim Focus mais recente, de segunda-feira (15), o mercado financeiro estima que a Selic caia para 8,50%, dos atuais 11,25%, até o fim de 2017. Custódio lembra que a rentabilidade paga pelos títulos IPCA+ é diretamente proporcional à expectativa futura dos juros e da inflação. A expectativa para a inflação ao fim de 2017 é de 3,93%, segundo o Boletim Focus, e de 4,36% em 2018, patamares bem abaixo do observado nos últimos dois anos (10,7% em 2015 e 6,3% em 2016).
Ou seja, os dois parâmetros para a formação da rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto IPCA+ apontam para retornos menores do que os observados até aqui. Diante desse ambiente, o assessor financeiro traçou três cenários possíveis.
No primeiro cenário, Custódio admitiu a Selic caindo para perto de 9%, levando o DI futuro para 8%. Nessas condições, o título com vencimento em um ano renderia 37,5% aa, o título para dois anos acumularia alta de 19,2% aa e em três anos teria rentabilidade de 14% aa. Do outro lado, um título pós-fixado, com rentabilidade de 120% do CDI, renderia 13% ao ano.
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“Este é o melhor cenário. Um cenário com o Brasil em outro patamar de contas públicas, talvez atingido com as reformas da Previdência, trabalhista e política.
Afinal, poucas vezes na história recente tivemos juros reais de 3% ou 3,5% ao ano”, destaca Custódio.
No segundo cenário, com cortes menores na Selic – que só aconteceriam se a inflação se mantivesse resistente, por volta de 6% ao ano – a taxa recuaria para patamar entre 9% e 10% ao fim de 2017. Assim, os rendimentos do título IPCA+ renderia 27,5% aa no primeiro ano, 15,3% em dois anos e 11,6% em três anos. O investimento pós-fixado renderia 13,3%, praticamente empatando com o título IPCA+ de médio prazo.
“Nesse caso, a incerteza desta queda ou das melhorias estruturais começa a pesar a favor dos pós-fixados. O que começa a reforçar o meu sentimento de que não posso mais ter toda a minha carteira apoiada em investimentos deste tipo”, avalia Custódio.
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O terceiro cenário considera inalteração dos juros reais nos próximos 12 meses. O título IPCA+ renderia -0,36% aa em um ano, 2,15% em dois anos e 3% em três anos. Do outro lado, o título pós-fixado
“Este é o cenário menos provável, mas atenção: ‘menos provável’ não significa ‘improvável’. Temos a impressão de que a Lava Jato está em sua reta final e muitas surpresas podem aparecer e bagunçar as reformas já dadas como certas”, pondera o assessor.
Diante dessas possibilidades, Custódio orienta redistribuição dos investimentos considerando maior participação dos pós-fixados. “Se no passado eu possuía uma colocação maciça em NTN-B, hoje eu acredito que o melhor é ter uma exposição máxima de 40%. Como visto acima, os produtos pós-fixados serão bem competitivos com as NTN e outros investimentos prefixados e IPCA+”, explica.
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Dentro do universo dos títulos IPCA+, o assessor afirma que “pode ser mais interessante” trocar os vencimentos de 2019 e 2024 por títulos para 2035 ou 2045. “Obviamente, estas também sofrerão um impacto pior, no caso de um aumento dos juros reais. Mas este é um cenário bem difícil de ocorrer”, observa Custódio.
E os outros 60% da carteira? O assessor recomenda investimentos com retorno de 120% do CDI, que devem ser competitivos com os títulos indexados à inflação, especialmente nos prazos de dois a três anos.
Custódio lembra que essa parte da carteira dependerá muito do perfil de risco do investidor. Os mais conservadores podem apostar em CDBs (Certificado De Depósito Bancário), LCIs (Letra de Crédito Imobiliário), LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio) e LCs (Letras de Câmbio), enquanto os mais sofisticados podem ampliar a gama para debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).
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Os fundos de créditos também são uma opção, uma vez que englobam um mix com todos os investimentos citados. Aportar 10% a 15% da carteira em COEs (Certificados de Operações Estruturadas), que são investimentos em ações e índices de ações com proteção do capital, também é uma sugestão para os investidores mais sofisticados.“Se você for um pouco mais agressivo, sugiro que invista em ações este ano e aproveite as promoções dadas pelo recuo da Bolsa e escândalo da operação Carne Fraca”, afirma Custódio.