Dividendos: Auren entra, mas Alupar e AES Brasil saem da carteira do IDIV; Petrobras passa a integrar índice

No total, dez ações foram incluídas na carteira teórica, enquanto cinco foram excluídas; IDIV agora conta com 52 papéis

Katherine Rivas

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Uma nova carteira teórica do Índice de Dividendos da B3 (IDIV), que reúne ações com destaque no pagamento de proventos, entrou em vigor nesta semana, com validade até o fim deste ano. Um total de 52 ações passam integrar o índice, contra 47 da composição que vigorou até agora.

Entre os papéis que entraram chamam atenção os da empresa de energia Auren (AURE3), antiga Cesp, controlada pelo grupo Votorantim e o canadense CPPIB. Embora estabeleça na sua política dividendos mínimos obrigatórios de 25% do lucro líquido ajustado, como boa parte das outras companhias, é vista por alguns analistas como uma boa pagadora para o longo prazo.

Garantiram também um lugar no índice as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) e da Gerdau (GGBR4), que também têm sido apontadas por analistas como opções para a renda passiva, pelo menos no curto e médio prazo.

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Outros ativos que passaram a integrar o IDIV são: Bradespar (BRAP3), MRV (MRVE3), CSN Mineração (CMIN3), Gerdau Metalúrgica (GOAU4), JBS (JBSS3) e as ações ordinárias da Usiminas (USIM3), além das preferenciais (USIM5).

Enquanto Auren galga posições no índice de dividendos, duas elétricas foram excluídas nesta revisão do IDIV: Alupar (ALUP11) e AES Brasil (AESB3). Segundo informou a B3 ao InfoMoney, elas saíram devido a um item da metodologia do índice (o de número 5.2), que estabelece que as ações precisam estar classificadas entre as “top 44%” com maior dividend yield (taxa de retorno com dividendos) para não serem excluídas.

Além delas, também saíram os papéis de Qualicorp (QUAL3), Trisul (TRIS3) e Metal Leve (LEVE3).

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Auren: promessa para o longo prazo

Segundo a B3, a Auren já reunia diversos critérios para integrar o IDIV no passado, mas foi selecionada no índice após alcançar o que faltava: o item 4.4 da metodologia, que aponta que as ações precisam estar dentro dos 33% de ativos com os maiores dividend yields distribuídos nos últimos três anos. Para isso, a B3 contabilizou o histórico de distribuições de proventos quando a companhia ainda era a Cesp.

Segundo Luan Alves, head de equity da VG Research, a Auren tem capacidade de pagar bons dividendos no longo prazo, embora no atual cenário, apesar de ter “muito caixa”, a companhia esteja investindo em expansão da sua capacidade de geração.

No curto prazo, os dividendos ainda devem ser magros, com um dividend yield na ordem de 1,5% para os próximos 12 meses, estima Alves. Isso se a companhia distribuir o mínimo estatutário de 25% do lucro líquido (payout). Se distribuir 100%, os investidores poderiam esperar um retorno em dividendos de 6%.

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As condições melhoram a partir de 2023, quando a projeção da VG Research é de que a Auren passe a pagar 50% do resultado em proventos, ou um dividend yield médio de 4%. Em 2024, estima-se que a situação melhore, com a companhia apresentando payout de 100% e dividend yield de 8%, podendo chegar a 10% em 2025.

Entre as vantagens da Auren, Alves cita que a companhia tem uma matriz energética diversificada com exposição a fonte hídricas, eólicas e solares. Além disso, a empresa tem a possibilidade de expandir as atividades para outras áreas no futuro, como a transmissão de energia, segmento reconhecido por ter boas pagadoras de dividendos.

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, destaca os projetos de geração de energia solar Jaíba V e Sol do Piauí, que devem entrar em operação até 2024, o que permitiria à empresa elevar o payout para 50% em 2023 e 100% em 2024.

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“Após a entrada em operação destes projetos, a Auren vai atingir uma capacidade instalada de 3.802 MW até 2024”, destaca  Gonçalvez. Ele reforça que a companhia tem forte potencial de pagar dividendos robustos, dado que o seu preço de venda de energia no longo prazo está acima dos pares e pode chegar a 150 MW/hora tanto para energia convencional como renovável.

“Para o médio prazo teremos dividendos superiores a 8%”, aponta Gonçalvez.

Petrobras: a maior pagadora de dividendos do mundo

Após distribuir US$ 9,7 bilhões em proventos, a Petrobras conquistou o título de maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre deste ano. A petrolífera foi a única empresa brasileira a figurar entre as dez primeiras da lista.

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Na visão de Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a Petrobras ainda tem “gordura” no caixa e deve distribuir pelo menos mais R$ 80 bilhões em dividendos no segundo semestre. “No ano, os proventos somariam R$ 217,3 bilhões, um dividend yield [taxa de retorno com dividendos] de 49%”, aponta. Já para 2023, as distribuições vão depender de quem assumir o governo federal e de possíveis mudanças na gestão da empresa, além do risco de desaceleração econômica global e diminuição da demanda por petróleo, diz o analista.

Vicente Guimarães e Luan Alves, da VG Research, acreditam que a Petrobras ainda pode distribuir mais R$ 40 bilhões em dividendos no segundo semestre, o que representaria um dividend yield de 10%. A recomendação da casa é de compra para PETR4, com preço-alvo de R$ 34,30. O dividend yield esperado nos próximos 12 meses é de 18%.

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Gerdau: para o curto e médio prazo

Após lucrar R$ 4,3 bilhões no segundo trimestre de 2022, as ações da Gerdau entraram nas preferências do setor de siderurgia. Isso respingou nas análises de perspectivas para dividendos, embora poucos analistas vejam a empresa como uma opção para o longo prazo.

Atualmente, 35% das receitas da companhia vêm da operação na América do Norte. “Embora haja preocupações sobre uma recessão nos Estados Unidos, essa exposição será um trunfo, dadas as incertezas na Ásia”, afirma Josias de Matos, analista da Toro Investimentos. O analista projeta um dividend yield de 9% para Gerdau em 2022, com preço-alvo de R$ 33,60.

Já Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research, acredita que Gerdau tem capacidade de entregar um retorno de 15% nos próximos 12 meses. Segundo ele, bons dividendos estão garantidos pelo menos até 2024, quando deve ocorrer uma reversão por causa de o fim do ciclo de alta das commodities.

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Alupar e AES Brasil saíram do IDIV: ainda valem para estratégias de dividendos?

A AES Brasil tem um histórico de payout superior a 100%. Nos últimos dez anos, foi assim em 2012, 2013, 2014, 2016 e 2017. Em 2015, o payout foi de 99%, conforme dados do site de Relações com Investidores da empresa.

A partir de 2020, no entanto, os pagamentos começaram a ficar abaixo de 100%. Em 2021, a companhia distribuiu apenas 18% do lucro em dividendos, dados os impactos da maior crise hídrica em 91 anos.

Desde então a companhia reduziu o pagamento de dividendos por conta de investimentos para diversificar as suas fontes de energia, destaca Alves, da VG Research.

A companhia, que detém atualmente um portfólio 70% hídrico e 30% renovável (solar e eólica), possui um plano estratégico para chegar em 2024 com uma geração 50% hídrica e 50% renovável.

Por este motivo, Alves destaca que no curto prazo não são esperados bons dividendos. Mesmo assim, a AES Brasil ainda é considerada uma boa alternativa para o longo prazo. A VG Research projeta um dividend yield de 6% a 7% em 2024, caso a companhia tenha um payout de 60%. Se chegar a 100%, o retorno em dividendos poderia alcançar 12%.

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Já no caso da elétrica Alupar (ALUP11), que atua no segmento de transmissão, os analistas consultados pelo InfoMoney afirmam que a companhia ainda pode ser considerada uma alternativa, mas para o longo prazo.

Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, aponta que o fato de Alupar não fazer parte do IDIV não deve preocupar os investidores, porque a metodologia do índice foca nos dividendos passados, enquanto quem investe buscando renda passiva deve olhar para o futuro. “Isso depende dos resultados que Alupar vai entregar lá na frente”, destaca.

Para Biz, Alupar tem potencial de entregar proventos atrativos nos próximos anos, após o fim da fase de investimentos. Segundo o analista, a companhia deve iniciar as entregas nos próximos trimestres.

“Acredito que a partir de 2023, já com alguns empreendimentos entrando em operação, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deve aumentar e a empresa terá a possibilidade de distribuir dividendos maiores para os acionistas”, afirma Biz.

O analista projeta um dividend yield de 5% para Alupar em 2022. A partir de 2023, a expectativa é de um retorno próximo a 7%.

Para Ricardo Mello e Raphaela Oliveira, especialistas de investimentos do Simples MFO, Alupar está mais focada atualmente no seu crescimento do que em distribuir dividendos, mas isso não a exclui de ser uma boa pagadora no futuro.

Contudo, eles acreditam que para o investidor que possui uma estratégia voltada apenas para dividendos existem melhores opções, como Taesa (TAEE11) e Engie (EGIE3), que “se destacam na valorização e principalmente na distribuição de proventos, gerando uma renda passiva relevante para os investidores”.

Confira a composição completa da nova carteira teórica do Índice Dividendos da B3 (IDIV):

Empresa Ticker Participação no IDIV (%)
ABC BRASIL ABCB4               0,3323
AUREN AURE3               1,1195
B3 B3SA3               4,3802
BANRISUL BRSR6               0,5840
BB SEGURIDADE BBSE3               4,7279
BRADESCO BBDC3               3,1621
BRADESCO BBDC4               3,0641
BRADESPAR BRAP3               0,1608
BRADESPAR BRAP4               1,3453
BRASIL BBAS3               4,0863
BRASILAGRO AGRO3               0,3619
CEMIG CMIG3               1,6257
CEMIG CMIG4               4,3192
COPASA CSMG3               0,6566
COPEL CPLE3               0,5267
COPEL CPLE6               2,7259
CPFL ENERGIA CPFE3               1,6608
CSN MINERACAO CMIN3               0,9778
CYRELA REALT CYRE3               1,1072
DIRECIONAL DIRR3               0,2921
ELETROBRAS ELET3               3,1577
ELETROBRAS ELET6               3,3164
ENAUTA ENAT3               0,3230
ENERGIAS BR ENBR3               1,3922
ENGIE BRASIL EGIE3               2,5614
FERBASA FESA4               0,5717
GERDAU GGBR4               3,5381
GERDAU MET GOAU4               1,7307
GRENDENE GRND3               0,5033
IOCHP-MAXION MYPK3               0,4371
ITAUSA ITSA4               3,3405
JBS JBSS3               4,0841
JHSF JHSF3               0,5221
MINERVA BEEF3               0,9673
MRV MRVE3               0,8820
PETROBRAS PETR3               4,9319
PETROBRAS PETR4               5,0033
PORTO SEGURO PSSA3               0,9727
RANDON RAPT4               0,4303
ROMI ROMI3               0,1282
SANTANDER SANB11               2,5983
SID NACIONAL CSNA3               1,9572
SYN PROP TEC SYNE3               0,0663
TAESA TAEE11               2,2769
TEGMA TGMA3               0,1505
TELEFÔNICA BRASIL VIVT3               4,4122
ISA CTEEP TRPL4               2,3160
UNIPAR UNIP6               1,2395
USIMINAS USIM3               0,3500
USIMINAS USIM5               1,0534
VALE VALE3               7,4172
WIZ WIZS3               0,1494

Fonte: B3

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.