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A confirmação de que a Light (LIGT3) contratou a Laplace Finanças, escritório que ficou conhecido por ter feito a assessoria da Oi durante processo de recuperação judicial, trouxe apreensão no mercado e afetou os preços de ações e de debêntures. Alguns títulos de dívida da companhia – caso da debênture LIGHB4 – eram ofertados a 83% do valor de face na tarde desta quinta-feira (2), segundo operadores de renda fixa ouvidos pelo InfoMoney.
Ou seja, se o preço original do papel fosse R$ 1.000, é como se estivessem sendo negociados a R$ 830. Na quarta-feira (1), foram fechados negócios da LIGHB4 com taxas de CDI mais 20% ao ano, bem acima da taxa indicativa de CDI mais 2,11% ao ano verificada no papel na última terça-feira (31), de acordo com dados disponíveis no Anbima Data, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
De acordo com um operador de renda fixa ouvido pela reportagem, as debêntures da companhia estavam quase sem liquidez no mercado nesta quinta-feira. “Está sobrando muita venda e não há ninguém querendo comprar”, disse. “Risco da empresa subiu muito com a desconfiança que vimos causada pela Americanas. Muita gente está cautelosa”, completou o profissional.
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As perdas não ficaram restritas às debêntures. Por volta das 16h, as ações ordinárias da empresa caíam 3,76% e eram cotadas a R$ 3,33. Ontem, os papéis desabaram 9,19%, a R$ 3,46.
Entenda o problema
O que desencadeou a forte queda da ação da elétrica foi a notícia de que a empresa contratou a Laplace Finanças para assessorá-la na análise de estratégias financeiras, visando, principalmente, melhorias em sua estrutura de capital.
O comunicado da Light veio após o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, publicar que a elétrica estava trabalhando em uma reestruturação financeira junto à Laplace em meio à necessidade de financiamento de R$ 3,3 bilhões nos próximos dois anos.
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A Light opera principalmente no segmento de distribuição de energia elétrica, sendo responsável pelo atendimento de toda a região metropolitana do Rio de Janeiro. A empresa sofre, entre outros problemas, com índices elevados de perdas não técnicas, devido a fatores como furtos de energia.
Além disso, um dos principais acionistas individuais da Light é Beto Sicupira, que também é acionista relevante da Americanas (AMER3), varejista em recuperação judicial após revelar inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões no seu balanço.
Neste contexto, aumentaram os temores de que a companhia possa não conseguir honrar as suas dívidas, o que poderia levar até a um futuro pedido de recuperação judicial ou, ao menos, um follow-on (oferta subsequente de ações).
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Rating rebaixado
Com o aumento da percepção de risco, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou o ratings de inadimplência de emissor (IDR) da Light e de suas subsidiárias (Light Sesa e Light Energia) em moeda local e estrangeira, de BB- para CCC+. A Fitch reduziu ainda os ratings em escala nacional das empresas de AA-(bra) para CCC(bra), além dos ratings dos instrumentos de dívida em moeda estrangeira e local, para CCC+/RR4 e CCC(bra).
Segundo a agência, o rebaixamento reflete “um risco de crédito substancial para a Light no pagamento pontual de principal e juros de suas obrigações após o anúncio de que havia contratado a Laplace Finanças com o objetivo de melhorar sua estrutura de capital, e a estratégia no mercado de crédito mais restritivo, devido à inadimplência da Americanas”.
A visão da Fitch é de que “a confluência desses fatores reduz substancialmente a capacidade de o grupo levantar necessidades de financiamento para suportar o seu fluxo de caixa livre (FCF) negativo esperado e a amortização da dívida”.
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Antes da contratação da Laplace, a Fitch esperava que a Light levantasse até R$ 1,8 bilhão em 2023 por meio da securitização de recebíveis.