De olho em vacina para retorno gradual à normalidade, Stuhlberger aponta menor otimismo com o Brasil

Para gestor, Selic a 2% com câmbio a R$ 5 parece "sonho" para enfrentar pandemia, mas não há certeza se quadro poderá ficar estável

Beatriz Cutait

Luis Stuhlberger (Crédito: divulgação)
Luis Stuhlberger (Crédito: divulgação)

SÃO PAULO – Com uma visão assumidamente mais otimista com relação a uma saída da pandemia, Luis Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset, afirmou nesta terça-feira que a crise atual decorrente da epidemia de coronavírus tem uma sensível diferença em relação às anteriores, dos mercados emergentes (1997), da bolha da internet (2000) ou da mais recente, a financeira (2008): a situação do momento pode parecer, em suas palavras, um “acidente natural”.

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Não estou dizendo que seja igual a um terremoto, um maremoto, um tsunami ou um World Trade Center, mas tem um ‘certo que’, ou seja, o dia em que isso passar, a vida lentamente vai voltar ao normal depois de ter vacina”, disse Stuhlberger, em live promovida pela gestora em seu canal do YouTube.

O criador do lendário fundo Verde destacou, contudo, que países ricos estão muito mais bem posicionados para sair da crise que os mais pobres e apontou visão mais cautelosa sobre Brasil, México e África do Sul, por exemplo.

Leia também:
Verde reduz marginalmente alocação no mercado americano, após rápida recuperação de abril

Falando sobre o contexto local, Stuhlberger chamou atenção para a curva ascendente de número de casos e óbitos pela Covid-19 desde que foi instituída a quarentena, há cerca de 60 dias.

Embora tenha se mostrado de certa forma surpreso com o avanço dos mercados americanos e o brasileiro, com o S&P 500 negociando próximo de 3.100 pontos e o Ibovespa se aproximando dos 95 mil pontos, o gestor reforçou que a retomada econômica será fraca em 2021.

“Estamos pegando uma carona nos preços dos ativos”, afirmou, emendando que os mercados emergentes têm sido puxados principalmente pelo asiático. “Sou muito menos otimista com o Brasil.”

Como vantagem nacional, Stuhlberger chamou atenção para o patamar muito baixo de juros e para o câmbio depreciado. “Selic a 2% com o câmbio a R$ 5 parece um sonho para enfrentar essa pandemia, mas não tenho ainda certeza, perante os desafios fiscais, se esse é um equilíbrio que pode ficar estável.”

Surpresas positivas

Entre as surpresas positivas, o gestor mencionou o fato de as pessoas físicas não terem comprados dólar nesta crise e terem vendido muito pouco ações

E, do ponto de vista político, sinalizou que mudanças podem estar a caminho, ao comentar o único aspecto tido como positivo a ser levado da crise do coronavírus.

“Quem sabe a ascensão dos regimes de direita e extrema direita eleitos pelo voto, como a gente teve nos Estados Unidos e no Brasil e, eventualmente, no Reino Unido, de outra forma, e no mundo, tenha algum bound [limite] em função dos acontecimentos, porque, se isso não acontecesse, quem sabe a permanência do poder dos governos de direita e extrema direita seria muito mais longa do que a gente imaginava”, disse o gestor, que ainda indicou que o Partido dos Trabalhadores também tinha pretensões de estender o governo no passado, o que foi freado, ressaltou, por uma crise econômica.

O Segredo das Tesourarias: aprenda como lucrar da mesma forma que os bancos em um curso gratuito do analista e matemático Su Chong Wei

Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.