SÃO PAULO – Passada a pressão vendedora dos ativos de crédito privado no mês de março, o momento agora é de adequar os fundos que trabalham com a estratégia, alongando os prazos de resgate para evitar novas aberturas desproporcionais nos prêmios.
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Essa avaliação é compartilhada por Marcelo Domingos, sócio gestor da DLM Invista, Pierre Jadoul, gestor da ARX, e Albano Franco, sócio da SPX, que participaram de painel na Expert XP nesta quarta-feira (15), sobre o novo cenário dos fundos de crédito no Brasil dos juros baixos.
“Ter alocações em crédito privado com prazo D+0 ou D+1 não vai ser condizente; os fundos vão ter que migrar para um perfil mais longo, como D+30, D+45 e D+60”, avalia Franco.
Beny Parnes, ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da SPX, que participou mais cedo de um painel sobre o tema, disse que a gestora não oferece liquidez diária em seu fundo de crédito privado, o SPX Seahawk FIQ, por conta do risco dos ativos.
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Segundo ele, a casa prefere trabalhar com a cotização D+45 e “não se incomoda de deixar um pouco de dinheiro na mesa para ter mais tranquilidade para diminuir o risco para o cliente”.
A tendência, segundo Domingos, da DLM, é que a indústria alongue o mandato dos fundos, de forma que o gestor consiga ficar mais aplicado e tenha uma meta maior de retorno.
Transformação no mercado de crédito privado
Com a possibilidade de prazos de resgate mais esticados, os fundos de crédito privado devem passar por uma maior sofisticação dos portfólios, segundo Franco, da SPX. “Vamos ver mudanças, como a introdução da alavancagem e operar short [vendido], de forma a dar mais flexibilidade para que o gestor mostre geração de alfa.”
Para Franco, a indústria de crédito privado vai passar por uma transformação e os investidores vão dar mais visibilidade à atuação ativa dos gestores. “Vai ter que gerir crédito como gere equity, com muito investimento em pesquisa para se diferenciar.”
A opinião é compartilhada por Jadoul, da ARX, que destaca a importância na escolha de bons gestores. “Com o CDI alto, tinha muita gordura e era difícil diferenciar o trabalho de gestores, porque o nível do spread era menos relevante. Agora é diferente.”
Cenário ainda oferece oportunidades
Ainda que os prêmios encontrados no auge da crise, em março, já tenham se ajustado para baixo, os gestores seguem construtivos com o cenário.
“Hoje, se pegarmos as taxas atuais de CDI+2%, temos oportunidades excepcionais no crédito privado que, combinadas com outras classes, como ações, fundos imobiliários e fundos quanti, fazem uma composição mais racional [do portfólio] daqui por diante”, diz Domingos, que vê o momento atual como uma boa porta de entrada.
Jadoul concorda, e diz que, quando analisado o prêmio dos papéis, a relação entre risco e retorno é a melhor dos últimos anos.
Olhando para frente, o gestor da ARX afirma que, no médio e longo prazo, os prêmios devem se acomodar em patamares mais baixos do que os atuais. “Só espero que não tão baixos quanto no final do ano passado, porque não é saudável; é preciso ter um equilíbrio para ser atrativo alocar em crédito.”
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