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Os estrategistas de Wall Street, conhecidos pelo otimismo com o mercado de ações, estão tendo que rever suas projeções negativas em meio à resiliência das bolsas americanas.
Bancos passaram o ano dizendo que ações dos EUA fechariam 2023 em baixa, mas o índice S&P 500 acabou subindo 16% no primeiro semestre. Com isso, os alvos começaram a ser revistos e, aos poucos, o grupo dos que ficaram novamente otimistas voltou a crescer – justamente quando o índice de referência das ações americanas sofreu o seu pior momento em seis meses.
Bank of America (BofA) e Societe Generale aumentaram recentemente as suas previsões de final de ano para o S&P 500 pela segunda vez em 2023, prevendo que o indicador retomará a corrida em direção aos 4.600 e 4.750 pontos, respectivamente. Já o Wells Fargo espera que o S&P 500 salte para 4.600 e ceda outra vez antes do fim do ano.
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O indicador tem oscilado desde agosto, à medida que os investidores ficam ansiosos sobre a forma como o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) conseguirá realizar um “pouso suave” na economia enquanto adota os juros mais elevados de muitos anos. A última queda do índice ocorreu no momento em que estrategistas de bancos como Citigroup e Goldman Sachs ficaram mais otimistas em relação à bolsa dos EUA, e revisaram previsões pessimistas do primeiro semestre.
O S&P 500 caiu 1,6% na quinta-feira (21), rompendo com a projeção média do sell-side de 4.366 pontos ao fim de 2023, um dia depois de o presidente do Fed, Jerome Powell, reitera o compromisso de conter a inflação. Foi a primeira vez desde o colapso de bancos regionais, em março, que o indicador foi negociado abaixo da previsão de consenso de Wall Street para o final do ano.
Nesta sexta-feira (22), o índice volta a operar em terreno positivo, a 0,47%, embora ainda a 4.350 pontos, abaixo da projeção de fim de ano.
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Por outro lado, o S&P 500 segue acumulando valorização de mais de 13% este ano, refletindo a resiliência da economia dos EUA, que reduz o medo de uma recessão. Em vez disso, os investidores se concentram n recuperação dos lucros das empresas – o que, em Wall Street, é considerado como catalisador para ganhos ainda maiores na bolsa lá fora.
Para George Ball, presidente do Sanders Morris Harris, o Fed já não é a única força motriz por trás dos preços das ações americanas. As expectativas de crescimento dos lucros no próximo ano e as manobras institucionais do portfólio no final do ano significam que é mais provável que o S&P 500 atinja o máximo histórico de 5.000 pontos até o final do ano, do que caia abaixo de 4.000 pontos, disse ele.
“As empresas americanas e a economia – que em muitos aspectos são a mesma coisa – estão mostrando que os juros de 5% [ao ano] não prejudicam os lucros, o crescimento ou a melhoria do clima econômico”, disse Ball.
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Os mais otimistas de Wall Street
A última rodada de revisões otimistas nas previsões ocorre no momento em que Wall Street avalia o impacto do sentimento dos investidores nos mercados.
Historicamente, o S&P 500 terminou o ano em alta – e com retornos médios mais fortes do que o esperado – em períodos em que os estrategistas previam queda, concluiu Savita Subramanian, do Bank of America, em uma análise que acompanha o desempenho do índice entre 1999 e 2022. Em resumo, previsões pessimistas torna mais provável um rali de fim de ano, escreveu ela em uma nota nesta semana.
Subramanian, que previu a venda em massa de ações em 2022, foi uma das primeiras vozes do sell-side a adotar postura mais otimista este ano. Ela voltou a melhorar projeções nesta semana, dizendo que os indicadores sobre o ciclo macro, as avaliações das empresas e as posições abertas estão emitindo sinais positivos.
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No Wells Fargo, Christopher Harvey defendeu na quarta-feira (20) que o S&P 500 ruma para os 4.600 pontos, com a reabertura do mercado de IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) e uma enxurrada de listagens recentes. Prevê, no entanto, que o índice recuará a fechará o ano a 4.420 pontos.
Por outro lado, as previsões mistas sobre uma possível recessão nos EUA inspiraram Manish Kabra, do Société Générale, a também adotar um otimismo de curto prazo. Ele espera que o S&P 500 atinja 4.750 pontos até o final do ano, e depois ceda a 3.800 pontos em meados de 2024, em meio a uma crise de consumo e à deterioração da situação das empresas.
“Dito de outra forma, continuamos otimistas no curto prazo”, disse ele em nota aos clientes, “apesar do provável nervosismo para 2024”.
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