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Durante o ano letivo de 2021/22, um total de 14.897 estudantes brasileiros estavam nos Estados Unidos para cursar graduação ou pós-graduação, segundo dados do relatório Open Doors do Institute of International Education (IIE). O país é um dos principais destinos acadêmicos do mundo, com 948.519 estudantes internacionais no ano passado.
Segundo o ranking de universidades QS World, dentre as dez maiores do mundo, quatro estão nos Estados Unidos: Massachusetts Institute of Technology (MIT), que é a primeira; Universidade Harvard (4ª); Universidade Stanford (5ª); e Universidade da Califórnia em Berkeley (UCB) (10º).
Cursar uma graduação no exterior pode ser uma oportunidade grandiosa. Para o estudante, o planejamento escolar de estudos é o mais importante. Mas para os pais, fica o encargo do planejamento financeiro.
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Como fazer isso estando no Brasil? Nos EUA, existem investimentos específicos. Os mais populares são os planos 529 e as contas Coverdell. Ambos possuem isenções de impostos e são restritos para uso com despesas escolares, como mensalidades, taxas, hospedagem, alimentação, livros e equipamentos – como computadores.
Entretanto, esses fundos estão disponíveis apenas para os americanos. Por isso, para os brasileiros, o planejamento dos investimentos internacionais é ainda mais importante. São, segundo Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, aplicações com a mesma finalidade. “Só não têm uma roupagem específica dos planos americanos”, diz.
Mesmo algumas vantagens tributárias os brasileiros têm, afirma Pereira. Ele destaca que, atualmente, os investimentos de um brasileiro no exterior não são tributados até a realização de seus ganhos de capital, ou seja, resgatar o lucro obtido de uma negociação do ativo.
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“Um investimento de longo prazo como esse pode ter os impostos adiados por anos”, afirma Pereira. “Mesmo no caso de realizar lucros, eles são isentos até R$ 35 mil mensais, segundo a lei em vigor neste momento.”
Quanto custa na prática?
O primeiro passo para iniciar o planejamento financeiro é verificar as despesas de um período de quatro anos de estudos no exterior.
A pesquisa Trends in College Pricing, da associação College Board, mostra que o custo anual de uma universidade privada dos EUA é de US$ 57.570 em média. Em uma universidade pública, o valor cai para US$ 45.240. Os dados são de 2022.
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Nos cálculos, são consideradas a mensalidade e taxas, hospedagem e alimentação na universidade, livros e suprimentos escolares, transporte e outras despesas. Entretanto, são cálculos para estudantes já baseados nos Estados Unidos – no máximo, residentes em estados diferentes.
Para brasileiros, os custos de transporte, matrícula e provas para avaliar o nível de inglês aumentam os valores totais em pelo menos US$ 5 mil.
Com essas informações em mãos, é possível calcular quanto seria necessário economizar para manter o estudante por quatro anos no país. No caso das universidades privadas, cerca de US$ 230.280, ou R$ 1.091.043, considerando o câmbio atual (R$ 4,75). Já nas universidades públicas, quatro anos de graduação custariam US$ 180.960, ou R$ 857.370.
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Pereira, da Nomad, afirma que estrangeiros podem conseguir bolsas parciais de estudos e crédito estudantil para cobrir ao menos parte dos valores que não possuem.
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Planejamento financeiro
O planejamento para chegar nesses valores depende do prazo que os pais têm para investir. Paula Nestrovski, gerente de investimentos internacionais na Warren, fez uma simulação exclusiva para o InfoMoney considerando um horizonte de 17 anos – tempo entre o nascimento da criança e o fim do Ensino Médio.
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Neste cenário, ela considerou um retorno real (acima da inflação) dos investimentos de 1,9% ao ano – um nível possível de atingir com aplicações conservadoras nos EUA.
Segundo a simulação, para chegar ao valor total da faculdade pública, seria necessário acumular US$ 8.700,74 anualmente, por 17 anos, ou US$ 725 mensais pelo mesmo período.
Faculdade Pública nos EUA | |
Poupança mensal | R$ 3.435,26 |
Poupança anual | R$ 41.223,24 |
Objetivo (em 17 anos) | R$ 857.370,38 |
Cálculos: Paula Nestrovski. Obs: Considera o câmbio de R$ 4,74 por dólar
Já para a faculdade privada, considerando as mesmas condições anteriores, o valor poupado anualmente teria que ser de US$ 11.072,10, por 17 anos. Mensalmente, as “parcelas” seriam de cerca de US$ 922,67 pelo mesmo período.
Faculdade Privada nos EUA | |
Poupança mensal | R$ 4.371,52 |
Poupança anual | R$ 52.458,50 |
Objetivo (em 17 anos) | R$ 1.091.043,17 |
Cálculos: Paula Nestrovski. Obs: Considera o câmbio de R$ 4,74 por dólar
Onde e como investir para alcançar esses valores?
Tanto Nestrovski quanto Pereira afirmam que o recomendado é que este dinheiro seja aplicado em uma carteira conservadora, visto que a finalidade futura não permite o risco de perdas pelo caminho.
Para economias por prazos longos, acima de dez anos, a alocação indicada pelos especialistas considera títulos de renda fixa (entre 70% e 80%) e um pouco de renda variável (20% a 30%). Para eles, o ponto crucial é que este investimento tenha um rendimento acima da inflação dos Estados Unidos que, tradicionalmente, fica na faixa de 2% ao ano.
“A renda variável garante um retorno superior ao da renda fixa americana, que paga juros menores. Isso vai garantir um retorno para a aplicação acima da inflação”, afirma Pereira. “Porém, quando se aproximar do prazo de uso do dinheiro, faltando dois anos pelo menos, é recomendável que toda a quantia já esteja em renda fixa, para evitar perdas.”
Para quem planeja começar esta poupança no curto ou médio prazo, Pereira indica alocações em Treasuries de curto prazo do governo americano (as chamadas T-bills). Nos últimos meses, o Fed (Federal Reserve, banco central americano) vem elevando os juros para controlar a inflação. Com isso, os títulos públicos estão pagando 5% ao ano, bem acima das taxas históricas de zero a 0,5%.
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“Investir nas T-bills é um ótimo começo. Essas taxas maiores devem durar pelo menos uns dois anos, até que o Fed consiga normalizar a inflação e os juros”, diz Pereira. “Depois pode trocar por títulos mais longos, que normalmente têm taxas maiores.”
Para a exposição à renda variável, Pereira indica ETFs (fundos de índices) com exposição ao S&P 500. Segundo ele, o índice ações da Bolsa de Nova York (NYSE) é diversificado em todos os sentidos, considerando ações de crescimento, de dividendos, REITs do mercado imobiliário. Além disso, tem um histórico consolidado de valorização.
Para Nestrovski, nos dois casos, de aplicação em renda fixa e renda variável, ETFs são boas opções para montar a carteira por terem gestão passiva, que não requer revisões constantes.
Atualmente, é possível montar iniciar este investimento a partir do Brasil. Com as contas internacionais, é possível investir diretamente nos EUA, em dólares. As opções de ETFs e ações estão disponíveis em todas as principais contas de corretoras e fintechs.
Europa também é possível
Uma poupança em dólar não serve para estudar apenas nos Estados Unidos, segundo Pereira. Para ele, a troca de câmbio de dólares para euro, por exemplo, é muito mais simples e assegura valor com o passar do tempo.
O diretor da Nomad destaca que é possível estudar em países da Europa por pelo menos metade do investimento necessário nos Estados Unidos. No Reino Unido – que tem três universidades entre as melhores do mundo – , os valores anuais variam entre US$ 30 mil e US$ 40 mil. Em Portugal ou na França, os valores são ainda menores, entre US$ 10 mil e 20 mil.
“Desde que a sua poupança seja em dólar, é possível fazer câmbio para outros países sem perder o valor da moeda. Poupar em dólar funciona para estudar em qualquer lugar do mundo”, afirma Pereira.
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