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SÃO PAULO – A recente alta de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, que foi para 2,75%, e a sinalização do Banco Central de uma política mais austera nos próximos meses estimulam o investidor a fazer uma reavaliação de sua carteira.
Será que a renda fixa, após as quedas históricas na taxa básica de juros, pode voltar a ocupar um espaço maior nos portfólios daqui para frente?
“Renda fixa” é um termo genérico para indicar investimentos nos quais as condições de retorno são conhecidas no momento da aplicação, como Tesouro Direto e CDBs.
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Para o head de alocações da XP, Felipe Dexheimer, os títulos públicos mistos (ou seja, do tipo Tesouro IPCA+, que embutem uma taxa de retorno real e outra indexada à inflação) apresentam-se como boas alternativas no momento, por causa da projeção de elevação da inflação no longo prazo.
Segundo o último relatório Focus, do Banco Central, o mercado espera que o índice oficial de preços registre alta de 4,71%, em 2021, e de 3,51%, no ano seguinte.
“Na nossa visão, não vale a pena pagar por títulos públicos prefixados de curto prazo que estão rendendo taxas próximas dos 8%. No final, você ganhará apenas 4% de lucro anual”, explicou, durante live no Instagram do InfoMoney.
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Mesmo para os papéis prefixados de longo prazo, que embutem maior risco e, portanto, maior potencial de retorno, os especialistas recomendam cautela, já que há muita incerteza quanto à inflação em um horizonte mais amplo.
“Quanto maior é a duração do investimento, mais arriscado fica o produto de renda fixa. Em dez anos, por exemplo, muita coisa pode acontecer no país. Se ocorrer um surto na inflação, você não tem qualquer defesa”, disse André Kitahara, sócio da MZK Investimentos, em referência aos títulos com remuneração prefixada.
Kitahara também participou da entrevista ao vivo com a especialista em investimentos Ana Laura Magalhães, a Explica Ana.
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Fundos de inflação e crédito privado
Ainda que Dexheimer veja os títulos vinculados à inflação (Tesouro IPCA+) como atrativos, na escolha de fundos, ele prefere os de crédito privado. O especialista explica que, como os fundos de inflação compram e revendem títulos públicos, têm como desvantagem as taxas embutidas na comparação com o Tesouro Direto.
Na categoria de crédito, Dexheimer destaca os ligados ao setor de infraestrutura. “Esses fundos garantem um prêmio em relação aos títulos públicos e são isentos de Imposto de Renda, o que representa uma diferença de 2% ao ano de resultado líquido”, explica.
Outra oportunidade está nos fundos imobiliários de crédito, também conhecidos como fundos de recebíveis ou de papel. Apesar de se tratar de um investimento de renda variável, esse produto tem rendimento geralmente atrelado ao IPCA ou à Selic, somado a uma taxa fixa. Assim, se tanto a inflação quanto a taxa de juros têm perspectiva de alta, esses FIIs tendem a se valorizar.
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A poupança vai ser vantajosa com o aumento de juros?
Durante a live, um espectador questionou os especialistas sobre o rendimento da caderneta de poupança com a alta de juros. E eles foram enfáticos: a não ser que se trate de uma aplicação feita na poupança com a regra antiga (válida até maio de 2012), que considera uma taxa de retorno de 0,50% ao mês, a caderneta sempre perde de outras aplicações na renda fixa.
“A poupança rende 70% da Selic, com isenção de Imposto de Renda. Em fundos de investimentos, a pior alíquota de IR é de 22,5%. Assim, mesmo se você comprar um fundo DI de baixa rentabilidade e pagar o máximo de imposto, o ganho será maior do que o da poupança”, explica Dexheimer.
E Agora, Ana?
O programa “E Agora, Ana?” vai ao ar às quartas-feiras, às 12h, no Instagram do InfoMoney. A série de lives, apresentadas pela especialista em investimentos Ana Laura Magalhães, traz gestores, analistas e economistas para trazer informação relevante para o investidor brasileiro se posicionar nos mercados local e internacional.