Com Selic alta, vale a pena investir em renda fixa global? Maior gestora de crédito do mundo, Pimco explica por que sim

No podcast Outliers, Luis Oliveira, representante da Pimco no País, conta como a gestora de US$ 2,2 trilhões enxerga o cenário econômico e de mercado atual

Clara Sodré

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Com uma das maiores taxas de juros do mundo, o que levaria o investidor brasileiro a investir em renda fixa global? De acordo com Luis Oliveira, account manager da Pimco (Pacific Investment Management), a maior gestora de renda fixa ativa do mundo, os motivos são vários.

Oliveira foi o entrevistado do episódio 55 do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, gestor de fundos da família Selection na XP, e Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP.

A começar pela correlação negativa que os papéis de renda fixa de alta qualidade globais tendem a ter se comparados aos ativos de riscos – o que, de acordo com Oliveira, é o que leva os investidores americanos a manterem o famoso portfólio 60/40, 60% investido em renda variável e 40% em renda fixa.

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Oliveira reforça o movimento de migração de risco que acontece em momentos de estresse de mercado, onde investidores procuram tirar seus recursos de ativos voláteis para colocar em papéis de renda fixa com alta qualidade, movimento que em geral resulta na correlação negativa.

Um outro ponto de destaque, ainda de acordo com Oliveira, é o diferencial de juros. Apesar de muitos investidores acreditarem que os juros altos aqui desfavorecem a aplicação em renda fixa internacional, quando acrescido na operação o hedge cambial (proteção das variações do dólar), torna-se uma alavanca de rentabilidade ao investidor. O movimento é conhecido como carry trade.

Ainda de acordo com Oliveira, esse é um fator que precisa ser considerado na alocação, já que derruba o mito de que por ter taxa de juros mais alta, investir apenas no Brasil tende a ser melhor.

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Essa dinâmica, segundo Oliveira, ainda é pouco conhecida pelos investidores brasileiros, que se mostram altamente enviesados na alocação em ativos de renda fixa pós-fixada brasileira, especialmente os atrelados à Selic e à taxa do CDI – mesmo quando as taxas caíram, como ocorreu em 2020. Ainda de acordo com Oliveira, esse tipo de postura limita a alocação de portfolios e impede a visualização das vantagens da alocação global.

“É importante lembrar porque o investidor estrangeiro utiliza a renda fixa no portfólio”, diz Oliveira.

Estabilidade, geração de renda e proteção dos movimentos de correção são alguns pontos levantados pelo executivo para frisar a importância desse tipo de alocação, sendo os “pontos básicos da alocação global”, que também são aplicáveis a alocação do portfólio dos investidores brasileiros.

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Uma gigante da renda fixa

Quando o assunto é alocação global, a Pimco entende bem. Com presença relevante em 17 países, a história da Pimco começa em 1971 na California – na época com US$ 10 milhões em ativos sob gestão, a partir do spin-off (separação de empresas) originalmente de uma seguradora.

Oliveira conta que por muito tempo a atuação da gestora ficou limitada a um único escritório em NewPort Beach, e que a expansão internacional iniciou após 25 anos de existência. Hoje, a Pimco conta com US$ 2,2 trilhões sob gestão, o que equivale a praticamente uma vez e meia a indústria de fundos brasileira, segundo ele.

Apesar de a Pimco ter se consolidado como a maior gestora de renda fixa ativa do mundo, ela também tem atuação em outros mercados (com mandatos de fundos alternativos, hedges funds e de ações). Entretanto, Oliveira reforça que o escopo principal da gestora segue sendo a renda fixa.

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Um fórum de notáveis

“Contratamos pessoas experts em assuntos de que não temos o menor conhecimento”, diz Oliveira. Ele conta que, trimestralmente, a gestora realiza os fóruns macroeconômicos reunindo, além de todos os profissionais de investimentos, o board de conselheiros da Pimco. O órgão é presidido por ninguém menos que Ben Bernanke, ex-presidente do Federal Reserve (Fed0, banco central americano, e conta com outros grandes nomes, como Joshua Bolten, James Gordon Brown e Mark Carney.

O encontro, que vinha acontecendo apenas de modo remoto, voltou a ser realizado presencialmente na sede da gestora, em NewPort Beach. “Gostamos de ouvir pessoas formadoras de opinião, que tenham opiniões contrárias às nossas, justamente para nos forçar a olhar pontos de vistos diferentes”, diz Oliveira.

Uma temática levantada no episódio do Outliers foram os desafios do cenário macroeconômico atual, em especial a guerra entre Ucrânia e Rússia. A Pimco possui exposição à Rússia. Segundo Oliveira, nesse momento, devido a todas as características das sanções, as marcações já foram feitas nas cotas e “não é do melhor interesse dos clientes desfazer essas posições”.

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Além disso, ao comentar sobre os desafios dos próximos anos, Oliveira pontua os ciclos econômicos mais curtos, com maior amplitude e divergência entre países, como um dos pontos principais levantado no último fórum. Ao falar do curto prazo, Luís reforça a visão de uma inflação persistentemente mais alta, que foi agravada com a situação entre a Rússia e Ucrânia.

A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos por SpotifyDeezerSpreakerApple e demais agregadores de podcasts. Além disso, o podcast estreou no formato de vídeo no canal da XP no Youtube.