Colunista InfoMoney: A crise a partir de duas óticas, Keynesianistas x Neoliberais

Existe uma discussão às vezes silenciosa, às vezes ruidosa. Trata-se sobre qual caminho escolher para enfrentar a crise

Marcelo de Faro

Começarei minha coluna de fevereiro com uma passagem de Albert Einstein: “No meio de qualquer dificuldade encontra-se a oportunidade.”

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Na coluna de janeiro abordei a importância da confiança. E em especial o efeito positivo nas expectativas que a troca de comando na maior economia do mundo poderia trazer, capitaneada pelo Presidente Obama. Ele está cercado por assessores de primeiro time, e todos eles sabem que o nome do jogo é credibilidade.

No meio de tudo isso existe uma discussão às vezes silenciosa, às vezes ruidosa na mídia internacional. Ela trata sobre qual caminho a ser escolhido para enfrentar a crise e como seria a melhor alocação de recursos ou participação do Estado. Nela os principais atores não são Barack Obama, Gordon Brown, Nicolas Sarkozy ou Ângela Merkel – principais escolas que versam sobre teoria econômica.

“A tendência será o aumento da regulamentação”

Apresentando-as: Keynesiana e Neoliberal.
A escola Keynesiana tem suas origens no livro escrito por John Maynard Keynes: “Teoria geral do emprego, juros e moeda”. Os keynesianos defendem que o ciclo econômico não é auto-regulador, uma vez que são determinados pelo o “espírito animal” dos empresários, comerciantes, industriais, financistas, entre outros, acarretando uma economia sempre abaixo do pleno-emprego.
Keynes defendeu a tese de que o Estado deveria intervir na fase recessiva dos ciclos econômicos com sua capacidade de imprimir moeda para aumentar a demanda efetiva através de déficits do orçamento do Estado e assim manter o pleno emprego. Ou seja, o Estado deveria utilizar recursos públicos para recolocar a economia na rota de crescimento. Os Keynesianos afirmam que o livre-mercado, teoria neoliberal, é ineficaz no que tange bens públicos, e que os neoliberais seriam simplistas.
A escola Neoliberal defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e ainda assim num grau mínimo (minarquia). É nesse segundo sentido que o termo é mais usado hoje em dia. Dessa forma, os neoliberais divergem sobre os caminhos a serem adotados para reverter o processo de crise.
Segundo os neoliberais, seria muito mais produtivo se os governos reduzissem carga tributária, cortassem gastos com custeio, reformassem as leis trabalhistas e aumentassem investimentos, do que injetar montanhas de dinheiro em empresas, bancos, e negócios que eles não sabem administrar. Na verdade, são críticos extremamente ácidos sobre esse caminho escolhido, afinal, é dinheiro público “doado” a fundo perdido à investidores irresponsáveis.
A verdade sobre isso tudo é que ambas escolas possuem qualidades e defeitos, e é claro que dado o tamanho da crise algo tem que ser feito para estancar a hemorragia que o sistema econômico mundial está sofrendo. Com a crise, a tendência será o aumento da regulamentação, afinal, os governos terão que dar uma satisfação sobre os recursos e sobre as providências tomadas para proteger o contribuinte de crises dessa natureza.

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Marcelo Faro é gerente de Negociação Eletrônica da Intra Corretora e escreve excepcionalmente na InfoMoney, às terças-feiras.
marcelo.faro@infomoney.com.br