Carl Icahn, famoso investidor ativista, é mais novo alvo de relatório – e apostas “vendidas” – da Hindenburg

Firma de research conhecida por investigar inconsistências corporativas chamou a Icahn Enterprises de "estrutura econômica do tipo Ponzi"

Bloomberg

Carl Icahn in 2015 Photographer: Victor J. Blue/Bloomberg
Carl Icahn in 2015 Photographer: Victor J. Blue/Bloomberg

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(Bloomberg) – Carl Icahn, o famoso investidor ativista que fez carreira comprando brigas corporativas, recebeu críticas nesta terça-feira (2) depois que a Hindenburg Research divulgou uma recomendação de venda contra sua empresa de investimentos.

As ações da Icahn Enterprises fecharam em queda de 20%, na sua maior queda em um dia já registrada, depois que a Hindenburg afirmou em um longo relatório que a empresa está cara, e disse ter encontrado evidências de avaliações infladas de alguns de seus ativos.

Icahn respondeu a Hindenburg horas após a divulgação do relatório, dizendo que o desempenho da empresa “falaria por si mesmo a longo prazo, como sempre fez”.

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“Mantemos nossas divulgações públicas”, disse Icahn em um comunicado. “Acreditamos fortemente em proteger nossas posições para mitigar o risco, especialmente nos mercados em que vivemos hoje”, acrescentou Icahn.

“Achamos que Icahn, uma lenda de Wall Street, cometeu um erro clássico de assumir muita alavancagem diante de perdas contínuas: uma combinação que raramente termina bem”, disse a Hindenburg no relatório.

A missiva coloca Icahn, de 87 anos, contra o fundador de Hindenburg, Nathan Anderson, que fez nome para sua empresa de research nos últimos anos tendo com alvo gigantes corporativos como a empresa de pagamentos Block e o império comercial do bilionário Gautam Adani.

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No relatório de terça-feira, a Hindenburg afirmou que o valor da Icahn Enterprises está inflado em 75% ou mais, observando que ela é negociada com um prêmio de mais de 200% em relação ao valor líquido de seus ativos. Outras holdings fechadas, como a Third Point, de Dan Loeb, e a Pershing Square, de Bill Ackman, negociam com descontos em seu NAV (valor patrimonial líquido), de acordo com a firma.

O relatório também levanta questões sobre o tamanho da taxa de retorno com dividendos (dividend yield) da Icahn Enterprises e a forma como foi financiado nos últimos anos.

“Icahn tem usado dinheiro recebido de novos investidores para pagar dividendos a antigos investidores”, disse Hindenburg no relatório. “Essas estruturas econômicas do tipo Ponzi são sustentáveis ​​apenas na medida em que o dinheiro novo está disposto a arriscar ser o último a ‘pagar o pato'”.

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O relatório da Hindenburg também destacou o Jefferies Financial Group, que disse ser o único grande banco de investimentos que possui cobertura de research sobre a Icahn Enterprises. O analista da Jefferies, Daniel Fannon, atualmente tem uma classificação de “compra” para as ações, com um preço-alvo de US$ 70.

“O research da Jefferies assume em todos os casos, mesmo em seu caso de baixa, que o dividendo do IEP estará seguro ‘para a perpetuidade’, apesar de não fornecer suporte para essa suposição”, escreveu a Hindenburg. Os representantes da Jefferies não fizeram comentários imediatamente.

Enquanto a Hindenburg está ativa desde 2018, quando Anderson iniciou a empresa a partir de um apartamento em Nova York, Icahn persegue o mundo corporativo há cerca de 50 anos. Ele escreveu na terça-feira que a Icahn Enterprises continua “a acreditar que o ativismo é o melhor paradigma para investir”.

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Uma década atrás, ele e o gestor de fundos de hedge ativista Bill Ackman entraram em guerra pela Herbalife, com Ackman chamando o modelo da empresa de suplementos nutricionais de esquema de pirâmide e fazendo uma aposta “vendida” de US$ 1 bilhão.

Icahn, que a certa altura possuía quase um quarto das ações da Herbalife, defendeu o modelo de marketing multinível e atacou Ackman publicamente por anos – nos palcos e na televisão, em documentários e online – após uma discussão inicial por telefone da CNBC entre os dois bilionários.

No Twitter, Ackman classificou o relatório de terça-feira da Hindenburg de “leitura obrigatória”.

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Em 2015, um debate na conferência Delivering Alpha entre Icahn e o CEO da BlackRock, Larry Fink, rapidamente evoluiu para uma discussão verbal. Icahn disse que uma carta aberta de Fink – que argumentava que os CEOs de empresas não deveriam recomprar ações apenas para satisfazer os ativistas – era um “argumento de vendas para a BlackRock” e chamou a gestora de “uma empresa extremamente perigosa” por causa de seus fundos negociados em bolsa (ETFs).

Mais recentemente, Icahn lutou contra a Illumina, empresa de sequenciamento de DNA, dizendo que seu conselho de administração estabeleceu um novo piso na governança ao buscar a aquisição da Grail, apesar das objeções dos reguladores antitruste.

Em uma reunião no início de março com o CEO da Illumina, Francis de Souza, e o presidente do conselho, John Thompson, Icahn foi citado como tendo dito que “não apoiaria nem mesmo Jesus Cristo” como candidato independente, no lugar de seus indicados para conselho que “respondem a mim”.

Icahn disse ainda que a Illumina havia “tirado do contexto certas coisas que supostamente foram ditas” durante as discussões destinadas a serem privadas “na esperança de alcançar a paz em vez da guerra”.

Em média, as empresas visadas pela Hindenburg caíram cerca de 15% no dia seguinte ao lançamento de um relatório negativo e -26% seis meses depois, de acordo com cálculos de fevereiro da Bloomberg News.

©2023 Bloomberg L.P.

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