Brasileiro até aceita correr mais risco e troca títulos públicos por CDBs, mas não sai da renda fixa

Títulos públicos, fundos DI e poupança perderam espaço para CDBs, LCIs, LCAs e LIGs (Letras de Imobiliárias Garantidas), mostra levantamento do Santander

Leonardo Guimarães

Publicidade

O mercado financeiro é movido por expectativas. No primeiro semestre, a expectativa dos agentes era pela queda da Selic, o que se concretizou no início de agosto. Antes mesmo do fato se tornar realidade, os investidores se mexeram e buscaram alternativas às opções mais seguras da renda fixa – sem, porém, tirar o pé totalmente dessa classe de ativos.

Títulos públicos, fundos DI e poupança perderam espaço para CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LIGs (Letras de Imobiliárias Garantidas), segundo levantamento do Santander, considerando investimentos realizados pelos clientes da instituição e dados divulgados por B3 e Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Os investimentos considerados mais conservadores perderam atratividade no semestre passado, conforme o levantamento. Os aportes no Tesouro Direto recuaram 2% e em fundos DI caíram 14%. A caderneta de poupança também perdeu espaço, passando de 20,94% do total do portfólio em junho de 2022 para 19,72% em junho deste ano.

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Em contrapartida, títulos emitidos por bancos (CDBs, LCIs, LCAs e LIGs) cresceram 17%, saltando de 32% do total da carteira dos investidores no primeiro semestre de 2022 para 37,5% de janeiro a junho de 2023.

Leia também: 

Os COEs (Certificados de Operações Estruturadas) também registraram crescimento no período, com avanço de 28% nos aportes. A representatividade desses títulos no portfólio ao fim de julho era de 5%.

Continua depois da publicidade

Leonardo Siqueira, head de Investimentos do Santander Brasil, explica que a crise no crédito privado causada pelos pedidos de recuperação judicial de Americanas (AMER3) e Light  (LIGT3) favoreceu os títulos bancários no primeiro semestre. “Muitos investidores não sabiam que a renda fixa balançava, então isso assustou muita gente que correu para os CDBs, LCIs e LCAs”, diz o especialista.

Por mais que o mercado de debêntures tenha sofrido um repique no primeiro trimestre, Siqueira acredita que o crédito privado é o destino do investidor que procura rentabilidade maior. “Muitos investidores estão procurando o crédito privado novamente, especialmente as debêntures incentivadas”. Segundo ele, as debêntures são a “segunda camada da carteira”, com títulos bancários e públicos ocupando a primeira faixa.

Dados da Anbima mostram que as debêntures foram as líderes de captação no primeiro semestre, com volume de R$ 78,1 bilhões entre janeiro e junho. Houve, porém, uma forte queda de 41,5% na comparação com o primeiro semestre do ano passado.

Continua depois da publicidade

Leia também: 

Como girar a carteira em busca de retorno maior?

Quem pensa em seguir o movimento dos investidores no primeiro semestre e acrescentar risco à carteira precisa fazer isto com cautela, alerta Siqueira. O primeiro passo é entender se o nível de risco que um ativo oferece é compatível com seu perfil de investidor. Afinal, retornos maiores são acompanhados de riscos maiores.

“É preciso fazer movimentos graduais para conhecer outros instrumentos e ver se a aplicação que você fez te permitirá dormir à noite”, diz Siqueira.

Publicidade

Outro fator que precisa ser considerado é a liquidez. Títulos emitidos por bancos, que se destacaram no primeiro semestre, costumam ter liquidez reduzida. O investidor que precisa rapidamente do dinheiro aplicado pode estar em apuros. “Abrir mão de liquidez significa, muitas vezes, potencializar os ganhos”, explica o especialista do Santander.

Para quem vai se arriscar em um novo mercado, a recomendação é seguir indicações de analistas. É fácil encontrar carteiras recomendadas feitas por bancos e corretoras. Em agosto, XP e Itaú divulgaram recomendações de CDBs, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).

Outra dica de Siqueira segue uma regra básica de diversificação: “Não concentre o investimento em apenas um emissor em hipótese alguma, o risco de perder todo o dinheiro é muito maior”. Para ele, o ideal é que papel algum de renda fixa privada tenha mais de 5% de peso na carteira total.