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O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduziu mais uma vez a Selic, desta vez, para 12,25%, no terceiro corte desde agosto. Apesar disso, a Bolsa não tem sentido os efeitos positivos da queda de juros, ao acumular um recuo de quase 5% desde então.
De acordo com Fernando Ferreira e Jennie Li, ambos da XP, o ciclo de flexibilização monetária no Brasil foi ofuscado pelo aumento das taxas de juros globais, com destaque para a elevação dos rendimentos oferecidos por títulos do Tesouro americano (Treasuries).
No início de outubro, por exemplo, o juro entregue pelo papel com vencimento em dez anos do Tesouro chegou a ultrapassar os 5,00% — o que não era visto desde 2007.
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A visão de que as taxas nos Estados Unidos poderiam se manter elevadas por mais tempo por lá afetou as Bolsas americanas e gerou uma reprecificação também nos ativos ao redor do globo. Afinal, a taxa americana costuma balizar os investimentos mundo afora.
A Bolsa brasileira não ficou de fora e encerrou outubro com um recuo de quase 3%, puxado por quedas nas ações de varejistas e construtoras.
Construtivos com ações
Embora a contração possa ter assustado parcela dos investidores, os especialistas da XP ponderam que seguem com uma visão construtiva para a Bolsa, diante do preço descontado.
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Nos cálculos da casa, o Ibovespa estava negociando a um índice preço/lucro — que mede quanto os investidores estão dispostos a pagar pelos lucros de uma empresa ou índice — de 7,5 vezes, o que seria o menor múltiplo entre os pares globais.
A análise tem como base dois fatores. O primeiro é o aumento das tensões geopolíticas, que poderiam beneficiar o Brasil. Os profissionais lembram que o País é visto como de baixo risco geopolítico e neutro em relação aos últimos conflitos.
Já o segundo fator envolve o ciclo de corte de juros. Os especialistas reforçam que taxas mais baixas representam um custo de capital menor para as empresas, o que tende a ser positivo para as companhias.
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Além disso, destacam que uma Selic menor reduz a taxa de desconto dos papéis, aumentando o “valor justo” das ações.
Gestores aumentam posição neutra em Bolsa
Por outro lado, gestores de multimercados macro têm adotado uma postura mais cautelosa com a Bolsa. Cresceu o número de casas que estão com uma visão neutra. Em outubro, o percentual chegou a 59%, acima dos 41% vistos em setembro. Os dados fazem parte de uma pesquisa feita pela XP com 18 gestoras entre os dias 18 e 27 de outubro.
Na passagem de setembro para outubro, também diminuiu o percentual de gestoras com visão positiva para as ações brasileiras, de 41% para 24%. O número é o menor desde maio deste ano.
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A cautela com o cenário tem reflexos também na alocação: nas pesquisas realizadas em agosto e setembro, 100% dos gestores com posição em Bolsa no Brasil estavam comprados (apostando na alta). Agora em outubro, o percentual caiu para 77%.
Da mesma forma, mais gestoras (23%) informaram que estão com alocações vendidas (que se beneficiam da queda) em ações brasileiras.