Publicidade
SÃO PAULO – A liquidação extrajudicial da TOV Corretora tem tirado o sono de muitos investidores que operavam pela instituição. Marcelo Bruschi, de 41 anos, é um dos clientes que reclamam de falta de orientação. “Estamos no escuro. Disponibilizaram telefones que não atendem ou dão ocupado. Quando você consegue falar em algum órgão, eles empurram para o outro e não ajudam a solucionar o problema”, diz.
Bruschi opera na Bolsa desde 2008. “Comecei a me interessar pelo assunto, então comprei livros e fiz alguns cursos sobre o tema”, conta. Em 2013, ele deixou o emprego de 15 anos como metalúrgico e desde então as operações em Bolsa são seu principal ganha-pão. Ele também trabalha como representante comercial, mas ultimamente era o day trade (compra e venda no mesmo dia) de ações que trazia o sustento da família. “Quando tinha mais trabalho como representante comercial operava cerca de duas vezes por semana. Mas ultimamente estava operando todos os dias”, afirma o investidor, que é casado e tem um filho de sete anos.
Newsletter
Liga de FIIs
Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.
No momento da liquidação da TOV pelo Banco Central, Bruschi tinha R$ 120 mil na conta da corretora. “Deixava na conta para poder fazer operações de day trade com alavancagem”, explica. “Este dinheiro juntei durante 15 anos de trabalho. É um dinheiro suado, ganhado honestamente. Agora tem conta chegando e não posso honrar meus compromissos”, afirma.
A principal dúvida do investidor é se aciona agora o MRP (Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos) da BSM (BM&FBovespa Supervisão de Mercados), ou se aguarda a transferência da conta para outra corretora. “Não sabemos se o saldo em conta corrente será transferido. Ninguém deixa isso claro”, diz. O investidor afirma que assim como ele, muitos investidores estão sem saber o que fazer neste momento. “Muita gente tinha saldo na conta. Outros tinham ações em custódia e não conseguem zerar as posições. Um conhecido tinha R$ 40 mil em ações da Petrobras e não conseguiu vender, ou seja, está com um prejuízo enorme”, diz. Entre segunda e quarta-feira (13), as ações preferenciais da Petrobras recuaram 16%.
Os investidores criaram grupos no Facebook e usam a rede social para trocar informações sobre o caso. Alguns já falam em ir até a sede da TOV cobrar explicações, já que não conseguem informações por e-mail ou telefone.
Continua depois da publicidade
Um leilão para decidir qual corretora assumiria a carteira de clientes da TOV estava marcado para a última quarta-feira (13), mas o controlador da TOV, Fernando Heller, entrou com um mandado de segurança na justiça solicitando a suspensão. Segundo informações de uma fonte próxima ao caso, Heller pede três mudanças no edital do leilão: diminuição do prazo para que a TOV receba o valor da instituição vencedora, de 90 dias para entre 1 e 3 dias. Preço mínimo da carteira de clientes – o valor não foi informado. E que o leilão seja feito de forma aberta desde o início, e não com envelopes fechados.
Os clientes que que quiserem transferir a custódia de seus ativos para outra instituição antes de um novo leilão devem preencher um formulário com a solicitação (veja aqui as instruções da BM&FBovespa).
O MRP
Todas as corretoras são amparadas pelo MRP (Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos), disponibilizado pela BSM, que garante o ressarcimento de até R$ 120 mil ao investidor. Mas o mecanismo tem regras específicas e, muitas vezes, o investidor não poderá contar com a cobertura. Uma das principais exigências para o ressarcimento do saldo da conta corrente é que o valor seja proveniente de operações efetuadas na própria Bovespa, como por exemplo a venda de ações ou opções.
Continua depois da publicidade
O InfoMoney tentou contato com a TOV por telefone, sem sucesso.