As 10 maiores altas e baixas de ETFs em maio; FIND11, MATB11 e fundos de Ibovespa lideram

ETFs de criptomoedas amargam perdas pelo segundo mês consecutivo

Katherine Rivas

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O mês de maio chegou ao fim e o mercado de ETFs (fundos de índices) apresentou uma inversão nas teses vencedoras.

Acompanhando o movimento inflacionário, em decorrência da continuidade no conflito entre Rússia e Ucrânia, ETFs ligados a commodities e materiais básicos surfaram positivamente, assim como fundos que possuem empresas de óleo, gás e hidrogênio nas cestas de ativos. Fundos que acompanham ativos do segmento financeiro e o índice Ibovespa também foram beneficiados.

Em contrapartida, os ETFs de criptomoedas voltaram a figurar entre as maiores perdas, em um cenário conturbado para o mercado de criptoativos por conta da aversão ao risco. Fundos que replicam carteiras de ações de tecnologia também apresentaram quedas.

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No balanço de ETFs de maio, o InfoMoney apresenta os fundos de índice com melhor desempenho e os que mais desvalorizaram, segundo levantamento exclusivo de Einar Rivero, da plataforma TC/Economatica.

Os dez ETFs da B3 com melhor desempenho em maio:

ETF Retorno em maio
FIND11 5,99%
MATB11 4,92%
BOVX11 4,21%
ELAS11 3,97%
BOVB11 3,90%
DIVO11 3,77%
BOVA11 3,66%
PIBB11 3,44%
BOVV11 3,41%
BOVS11 3,41%
YDRO11 3,34%

Fonte: TC/Economatica

Levantamento considerou 11 ativos por conta do empate entre BOVV11 e BOVS11*

Materiais básicos e hidrogênio

Algumas teses que apresentaram bom desempenho durante o mês foram as de materiais básicos e hidrogênio.

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Leonardo Maranhão, especialista de índices da FTSE Russell, explica que estas carteiras acompanharam uma tendência global. No caso dos materiais básicos, ele aponta que os segmentos de siderurgia, indústria química, mineração e papel e celulose vinham crescendo nos últimos meses, e o Brasil acabou se beneficiando por ter diversas empresas nessas áreas. O resultado foi a alta do ETF MATB11.

Mauricio Leila, economista e sócio da RV4 Investimentos, atribui a valorização do ETF de materiais básicos à retomada no preço das commodities metálicas, após uma queda expressiva em abril da maioria das ações que integram o Índice de Materiais Básicos (IMAT B3). Ele justifica que o movimento de baixa teria ocorrido por conta do medo do mercado de uma recessão nos Estados Unidos e a menor demanda da China. “Após atingirem um piso, no mês de maio os ativos voltaram a se valorizar, mas ainda muito longe das máximas”, destaca.

Ele também cita o impacto de empresas de papel e celulose no índice, pela sua resiliência em um contexto de oferta mundial apertada e demanda crescente.

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“As empresas de papel e celulose têm um maior controle sobre preços, múltiplos descontados e favorecem o índice de materiais básicos no longo prazo”, aponta.

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Já em relação ao hidrogênio, o impacto foi indireto. Boa parte das companhias que integram o ETF YDRO11 pertencem ao setor de óleo e gás, e compõem o fundo porque estão em processo de migração para o hidrogênio. Segundo Maranhão, por causa das pressões sobre os preços do petróleo – dadas as sanções impostas à Rússia, um dos grandes produtores globais – tais ações valorizaram.

“A alta não foi necessariamente por causa do hidrogênio, e, sim, porque o setor de óleo e gás do mundo inteiro tem se valorizado bastante”, destaca.

Para Mauricio Leila, um outro fator se soma a este. “Somos dependentes do petróleo e precisamos encontrar soluções alternativas. Se o hidrogênio é uma alternativa ao petróleo, porém de implementação mais cara, é natural que quando os preços do petróleo sobem, a procura por um ativo alternativo aumente”, avalia.

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Setor financeiro e Ibovespa

Outras fundos de índice que se destacaram foram os do setor financeiro, representados pela alta do ETF FIND11, e os que replicam o Ibovespa.

Leila, da RV4 Investimentos, explica que pelo menos 40% do Ibovespa estão compostos por empresas de commodities, entre elas Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), que tiveram fortes ganhos em maio. Outros 25% do índice são formados por ações de grandes bancos, que também tiveram desempenho positivo.

Desta forma, a correlação entre os ETFs MATB11 e FIND11 e o índice Ibovespa acabou impulsionando estes fundos.

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No caso do ETF FIND11, Leonardo Maranhão, da FTSE Russell, explica que por conta da alta de juros, bancos e serviços financeiros são favorecidos. O motivo é que as instituições financeiras elevam os juros cobrados dos seus clientes nos empréstimos e financiamentos, aumentando assim a margem em relação ao custo de captação.

Um ETF que acabou pegando carona pela grande participação do segmento financeiro e pela correlação com o Ibovespa foi o ETF temático ELAS11, focado em diversidade de gênero nas empresas de capital aberto. Segundo Maranhão, das 72 empresas que integram o índice Teva Mulheres na Liderança, a maioria pertence ao segmento financeiro, o que acabou favorecendo o desempenho do ETF.

Os dez ETFs da B3 com pior desempenho em maio:

ETF  Retorno em maio
NFTS11 -43,82%
WEB311 -36,55%
QDFI11 -35,93%
DEFI11 -33,66%
QETH11 -33,53%
ETHE11 -33,36%
HASH11 -25,51%
QBTC11 -21,36%
BITH11 -20,02%
TECB11 -17,83%

Fonte: TC/Economatica 

Momento ruim para os ETFs de criptomoedas

Os que ainda enfrentam um momento complicado são os ETFs de criptomoedas. Embora tenha havido um movimento de reversão na última semana, eles sofreram fortes perdas ao longo de maio.

Segundo Helena Margarido, analista de criptomoedas da Monett, o cenário macroeconômico adverso, com alta de juros, inflação e aversão global ao risco continua pesando no mercado de criptoativos.

“Foram nove semanas de perdas no gráfico semanal do Bitcoin”, comenta a analista. “Tudo isso foi dinheiro saindo do mercado cripto”.

Na visão de Helena, o Bitcoin ainda tem dominância entre os criptoativos, representando mais de 40% do mercado. Por este motivo, quando seu preço cai, os altcoins costumam recuar ainda mais. Por isso, ETFs de NFTs, WEB3 e DeFi (finanças descentralizadas) tiveram alguns dos piores desempenhos de maio.

De acordo com a analista, o bitcoin começou a dar sinais de reversão o que pode trazer um cenário mais tranquilo para os criptoativos em junho. Embora o mercado tenha apresentado forte queda, ela lembra que teses como WEB3 e DeFi são investimentos para longo prazo, por isso os investidores podem aproveitar a baixa para montar posição ou até fazer preço-médio nos criptoativos.

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As novidades do segmento de ETFs em maio

Arthur Maria do Valle, fundador da Trendset e associado a OhmResearch, levantou para o InfoMoney as principais novidades que o mercado de ETFs brasileiros apresentou em maio.

O mês se caracterizou pela chegada de novos fundos ao mercado. Segundo Valle, embora os ETFs amplos – que seguem índices como S&P 500 e Ibovespa – tenham desempenho historicamente melhor do que os temáticos e setoriais, a preferência dos gestores continua sendo por estes últimos.

Foram três ETFs anunciados na esfera dos criptoativos, destaca Valle. A gestora Vitreo lançou o CRPT11, que segue um índice de 20 criptomoedas com taxa de administração de 0,75%. Segundo o especialista, o objetivo foi fazer frente ao HASH11, da Hashdex.

Outro lançamento foi o ETF BTCE11, da empresa europeia ETC Group, com taxa de administração de 0,25% ao ano, com exposição ao Bitcoin – por meio de plataformas de investimento ou bancos, sem precisar de uma carteira de criptomoedas para armazenar o ativo. Além da taxa de administração, o ativo possui um custo de 2% ao ano, referente a taxas e despesas assumidas pelo fundo.

Ainda entre os anúncios, a gestora Hashdex, lançou o META11, seu novo ETF focado no metaverso, com taxa de administração de 1,30% ao ano. A estreia deve acontecer nas primeiras semanas de junho.

Em relação a ETFs setoriais, Valle lembra da chegada do ETF UTEC11, da XP Asset, que oferece exposição a 357 empresas de tecnologia listadas nas bolsas dos Estados Unidos, como Apple, Microsoft, Nvidia, Visa e Mastercard. A taxa de administração é de 0,3% ao ano. Além desta, o ETF paga uma taxa fora do Brasil de 0,1%, totalizando um custo final de 0,4% ao ano.

Já no segmento do agronegócio, o Banco do Brasil anunciou o ETF AGRI11, também setorial, que segue o índice IAGRO da B3, com uma taxa de administração de 0,35% ao ano.

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Segundo Valle, o lançamento de ETFs temáticos e setoriais vai na contramão da trajetória de um investidor de ETFs bem-sucedido. “Na decorrência dessa enorme quantidade de opções, os investidores complicam as carteiras e enfrentam uma escuridão nos investimentos”, avalia. De acordo com o levantamento, nenhum ETF listado na B3 teve a sua taxa de administração reduzida no mês de maio.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.