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A expectativa de que os juros subiriam muito, causada pelas discussões em torno do drible ao teto de gastos, provocaram uma queda generalizada nos preços dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto em outubro – as perdas chegaram a superar 16% no mês. Para o alívio dos investidores, a história não se repetiu em novembro.
Durante o mês recém-encerrado, a aprovação da PEC dos Precatórios – primeiro na Câmara, e depois na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado – acabou aliviando parte da pressão sobre as taxas. Além disso, passou a prevalecer a visão de que o aperto monetário protagonizado pelo Banco Central poderá ser menos intenso do que o previsto.
O resultado disso se refletiu na curva de juros – e no desempenho dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto. Em novembro, todos ficaram no campo positivo.
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O avanço foi maior entre os papéis atrelados à inflação, com destaque para o Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2045 e 2035, que tiveram valorização de 7,80% e de 5,18% no acumulado do mês passado, respectivamente.
O aumento nos preços está ligado à queda nos retornos. Na prática, a taxa de juros oferecida por um título de renda fixa tem uma relação inversa com o seu valor de negociação no mercado. Quando as taxas sobem, como tem sido o caso ao longo deste ano, seu preço tende a cair. Mas o contrário também é verdadeiro.
Ou seja: quem deixou o dinheiro aplicado no Tesouro Direto viu o rendimento aumentar no mês passado. E quem optou por comprar os papéis teve que pagar preços mais altos – como as taxas caíram, os preços ficaram mais elevados.
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No caso dos títulos de inflação, isso fica evidente. Depois de iniciar novembro oferecendo taxas reais de 5,40% ao ano e atingir o pico de 5,58% ao ano, os juros pagos pelo Tesouro IPCA+ 2045 recuaram para um patamar próximo de 5,15% na sessão de ontem (30).
Situação semelhante se viu nos papéis prefixados. Entre eles, o destaque foi para o Tesouro Prefixado 2031 com pagamento de juros semestrais, que obteve uma valorização de 3,07% em novembro. No mês passado,
Os juros oferecidos por esse título iniciaram novembro em 12,13% ao ano, chegaram a bater os 12,44% ao ano e depois terminaram o mês perto de 11,52%, um recuo de 61 pontos-base (0,61 ponto percentual) no saldo.
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Embora os títulos tenham terminado novembro no azul, boa parte dos retornos no ano seguem no campo negativo. O cenário é pior para o Tesouro IPCA+ 2045 e para o Tesouro Prefixado 2031, que apresentam rentabilidade bruta negativa de 25,83% e 17,38% em 2021, respectivamente.
Vale lembrar, contudo, que as perdas apontadas só acontecem se o investidor decidir vender os papéis antecipadamente. Se carregá-los até o vencimento, a remuneração vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento de aquisição dos títulos.
Confira a seguir como se comportaram os títulos públicos disponíveis para novos investimentos em outubro, no acumulado do ano e em 12 meses:
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Inversão da curva de juros
O mês de novembro também foi marcado por um movimento bastante atípico com os juros. A mudança radical do cenário fiscal, com a negociação de acordos para permitir romper o teto de gastos do governo federal, provocou um fenômeno que não era visto há um certo tempo no mercado financeiro: a inversão da curva de juros.
Na prática, papéis de prazo mais curto passaram a oferecer retornos acima do verificado nos papéis de prazos alongados.
A situação chamou atenção porque é contraintuitiva. O mais comum é ocorrer o oposto – títulos curtos pagarem taxas menores que as dos títulos de vencimento longo – já que prazos maiores representam também riscos maiores. Justamente para compensar o risco, papéis com vencimentos distantes normalmente oferecem retornos mais elevados.
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Em dias de maior estresse, o rendimento oferecido pelo título Tesouro Prefixado com vencimento em 2024 chegou a ser 51 pontos-base (ou 0,51 ponto percentual) mais alto que o do Tesouro Prefixado com vencimento em 2031. Na manhã desta quarta-feira (1), no entanto, a distância entre os retornos dos dois papéis era de 27 pontos-base (0,27 ponto percentual).
O mesmo fenômeno ocorreu em 2014 e em 2016. Segundo especialistas consultados pelo InfoMoney, a inversão da curva reflete sintomas de uma economia ruim, que tem um crescimento baixo ou até mesmo negativo.
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