Após 1º trimestre mais difícil para seus multimercados, Vista encerra posições em petróleo e ações brasileiras

Vista Multiestratégia e Vista Hedge amargam os piores retornos para meses entre janeiro e março desde que foram criados, em 2015 e 2018

Bruna Furlani

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)
Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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Uma das posições vencedoras da renomada gestora Vista Capital ao longo dos últimos quatro anos foi encerrada em março. Trata-se de uma alocação comprada – que se beneficia da alta – em petróleo, feita via instrumentos derivativos e exposição a ações de companhias internacionais do setor.

O ano tem sido difícil para os dois únicos fundos multimercados da casa – o Vista Multiestratégia e o Vista Hedge. Ambos amargam os piores retornos acumulados para meses entre janeiro e março desde que foram criados, em 2015 e em 2018, respectivamente. Em 2023, o Vista Hedge registra recuo de 1,84%, enquanto o Multiestratégia apresenta perdas de 11,09%.

Em carta mensal divulgada nesta semana, a Vista se mostrou preocupada com uma possível desaceleração da economia americana, com a alteração do custo do financiamento dos bancos em meio a um processo de alta de juros e uma consequente diminuição da oferta de empréstimos.

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Na visão da gestora, o canal de transmissão da política monetária “parece ter enfim aparecido e demonstrado os primeiros sinais de efetividade”. “Ainda não sabemos a magnitude do freio (certamente tema das próximas discussões), mas o resultado dificilmente não será a desaceleração da atividade econômica nos próximos trimestres, principalmente porque outros efeitos defasados do ciclo de aperto ainda devem se manifestar”.

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De acordo com a Vista, em um cenário de desaceleração americana, a postura natural da casa seria buscar proteções que poderiam ser feitas por meio de alocações em petróleo. Porém, a gestora preferiu agora “reduzir riscos relativos no ambiente atual de menos clareza sobre as correlações entre os ativos”. Com isso, optou por encerrar a posição na commodity, que tinha sido montada em 2019.

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Ações brasileiras

Em meio a um cenário mais incerto no exterior com chance de percalços na economia americana ao longo deste ano, a casa acredita que isso também pode afetar a economia brasileira e fez mudanças na carteira com o encerramento de posições relativas em ações do Brasil.

“Com uma parcela expressiva de alguns setores da Bolsa na linha de tiro das mudanças tributárias em discussão e resultados operacionais decepcionantes de grande parte das empresas associadas à atividade doméstica, optamos por encerrar a posição de valor relativo em ações brasileiras”, alertou a casa.

Apesar de destacar que está atenta aos riscos no cenário local, a Vista questionou se as expectativas dos agentes não estão “excessivamente negativas” atualmente. Na avaliação da gestora, a implementação do novo arcabouço fiscal, a melhora do quadro inflacionário e o “excelente” desempenho das contas externas podem ser pontos importantes de sustentação de um cenário menos adverso do que o previsto pelo mercado hoje.

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“A nova regra, ainda que não seja suficiente para trilharmos um caminho de redução da dívida pública ou de um retorno gradual ao investment grade [grau de investimento], nos dá uma ponte para chegarmos até o próximo governo, quando as receitas de petróleo serão ainda mais significativas, sem a materialização de cenários mais adversos”, ressaltou a gestora na carta.