As 10 maiores altas e baixas de ETFs em setembro; FIND11 valoriza 3,61%, YDRO11 e ETHE11 despencam

No universo cripto, fundos que acompanham índices ligados a contratos inteligentes chegaram a avançar, ao contrário do que segue o Ethereum

Katherine Rivas

(Shutterstock)

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No mês de setembro, a política monetária local e externa novamente influenciou o desempenho da indústria de ETFs, fundos de índices com cotas negociadas na B3 – para o bem e para o mal.

Os ETFs de renda fixa – com destaque para aqueles que investem em títulos públicos com vencimentos superiores a cinco anos – figuraram entre as maiores altas do mercado, com ganhos de até 2,30%.

Segmentos como o financeiro e de healthcare (bioinformática, medicina e neurociência) também estavam entre os melhores desempenhos do mês.

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Na contramão, após o Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevar os juros mais uma vez, para a faixa de 3% a 3,25% ao ano, ETFs internacionais que acompanham o segmento de REITs (equivalentes aos fundos imobiliários americanos) e tecnologia apresentaram as maiores quedas.

Entre os ETFs ligados ao universo cripto, houve desempenhos díspares: enquanto os que seguem criptomoedas como Ethereum recuaram, outros – que acompanham o segmento de contratos inteligentes, por exemplo – avançaram.

No balanço de ETFs de setembro, o InfoMoney apresenta os fundos de índice com melhor desempenho e os que mais desvalorizaram, segundo levantamento a partir de dados da plataforma Economatica.

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Os dez ETFs da B3 com melhor desempenho em setembro

ETF Desempenho em setembro de 2022
FIND11 3,61%
HTEK11 2,88%
QBTC11 2,62%
BLOK11 2,59%
B5MB11 2,30%
WEB311 1,95%
MATB11 1,85%
FIXA11 1,75%
IB5M11 1,71%
IMBB11 1,47%

Fonte: Economatica 

Maiores altas

Segundo Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, os ETFs de renda fixa que figuram entre os melhores desempenhos subiram por conta da sinalização do Banco Central de que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim, mantendo a Selic em 13,75% ao ano no último dia 21 de setembro.

Ele explica que isso fez com que o preço de muitos títulos públicos, que são comprados por estes ETFs, se apreciasse principalmente observando a taxa de juros de longo prazo. Enquanto as taxas dos títulos do Tesouro Nacional recuaram, os preços apresentaram ganhos, o que beneficiou os fundos de índice.

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Já em relação ao FIND11, ETF que replica o Índice Financeiro (IFNC) da B3, Paletta explica que por conta da incerteza ainda no cenário internacional, investidores que se reaproximam da renda variável acabam buscando ativos mais seguros, como os do setor financeiro.

“Com os mercados ainda em apreensão, a tendência é de bancos em recuperação”, destaca o analista. O FIND11 foi a maior alta do mês após valorizar 3,61% em setembro.

Na lista de melhores desempenhos, o único ETF que não está relacionado ao movimento macroeconômico é o HTEK11, que reúne empresas sediadas nos Estados Unidos que se beneficiam da adoção de tecnologias inovadoras relacionadas a bioinformática, medicina e neurociência. O ETF replica o desempenho do índice Morningstar US Exponential Technologies Healthcare.

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Segundo Paletta, a empresa Biogen, que representa 3,2% deste índice,  chegou a saltar 38% em setembro, o que reforçou a valorização do ETF. “A companhia apresentou nas últimas semanas alguns estudos sobre novos remédios para a reversão de casos de Alzheimer, o que foi bem-visto pelo mercado”, destaca o analista da Monett.

Os dez ETFs da B3 com pior desempenho em setembro

ETF Desempenho em setembro de 2022 
YDRO11 -12,17%
ETHE11 -11,81%
QETH11 -11,71%
XINA11 -11,34%
SHOT11 -11,27%
JOGO11 -10,87%
GENB11 -10,81%
ALUG11 -9,89%
5GTK11 -9,86%
URET11 -9,14%

Fonte: Economatica 

Maiores quedas

Os ETFs com pior desempenho em setembro acompanharam o movimento dos juros americanos, que ainda continuam subindo, somado ao receio de uma recessão global, explica Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

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Entre as maiores quedas, é possível encontrar ETFs de REITs (primos americanos dos fundos imobiliários), tais como ALUG11 e URET11. Segundo Komura, com a alta dos juros americanos, pagar financiamentos fica mais difícil e em consequência o setor imobiliário tende a desaquecer. “Com essa correção do mercado imobiliário lá fora, os REITs acabam acompanhando essa tendência, o que explica a queda significativa dos ETFs”, diz.

Ainda entre as baixas, era possível encontrar ETFs de tecnologia, como o SHOT11, que replica o índice S&P KENSHO Moonshots. Ele reúne 50 ações listadas nas bolsas americanas que apresentam alto grau de inovação.

Além disso, também se destacou o ETF YDRO11, que investe em empresas ligadas à produção de energia utilizando fontes como o hidrogênio. Na visão de Komura, tanto empresas techs quanto o segmento de hidrogênio precisam de fortes investimentos para crescer, e acabam sendo afetadas com os juros elevados.

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“É importante o investidor tomar cuidado com ETFs temáticos, que embora sejam diversificados e com potencial de crescimento no médio e longo prazo, sempre são mais sensíveis aos juros e sofrem quando o Fed eleva as taxas”, aponta Komura.

Radar do segmento de ETFs

Arthur Maria do Valle, fundador da Trendset e associado à OhmResearch, compilou, a pedido do InfoMoney, as principais novidades do mercado de ETFs em setembro.

Segundo Valle, houve apenas três lançamentos na indústria, focados no mercado brasileiro, todos da gestora Investo.

Um deles foi o ETF BXPO11, que segue o índice índice MarketVector™ Brazil Global Exposure e investe em 22 empresas brasileiras com atuação no mercado exportador, tais como Ambev, Gerdau, Weg, JBS, Vale e Suzano.

Outro foi o BDOM11, focado em 100 empresas brasileiras com exposição ao mercado doméstico, tais como Petrobras, Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Mercado Livre (que embora seja argentina, tem no Brasil seu principal mercado consumidor). Ambos os ETFs têm taxa de administração de 0,30% ao ano.

A Investo lançou ainda o SCVB11, que reúne 61 small caps, empresas de menor capitalização de mercado, com atuação em setores como indústria, bens de consumo, imóveis e saúde. Entre elas estão Pão de Açúcar, Banco ABC e Banrisul. O ETF tem taxa de administração de 0,30% ao ano.

Para Valle, o interessante é que estes são os primeiros ETFs da gestora Investo focados em empresas brasileiras, possivelmente por conta do desempenho da Bolsa local, que sofreu menos diante das quedas acentuadas das bolsas globais, principalmente as europeias.

“A Investo não trouxe ao mercado mais um ETF que replica o índice Ibovespa. Com os fundos lançados, o investidor pode construir estratégias mais específicas”, avalia Valle. Contudo, para o especialista, ETFs temáticos como estes não necessariamente desempenham melhor do que ETFs de índices amplos no longo prazo.

Os índices amplos oferecem maior diversificação com taxas de administração menores, segundo Valle.

Para o curto e médio prazo, Valle ainda está otimista com ETFs de renda fixa brasileira, em virtude de potenciais ganhos com a marcação a mercado dos títulos que integram a carteira, caso as taxas de juros caiam.

O levantamento de Valle mostrou ainda que nenhum ETF teve a sua taxa de administração reduzida em setembro.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.