Agenda de dividendos de março: VALE3 paga R$ 1,83 por ação no dia 22; lista inclui BBAS3 e SANB11

Banco do Brasil paga três proventos de até R$ 0,59 nos dias 3 e 31 de março; analistas projetam dividend yield de até 12%

Katherine Rivas

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Março é um dos meses preferidos para quem gosta de dividendos. Acompanhando a temporada de balanços, muitas empresas remuneram seus acionistas nesse período. Segundo levantamento do InfoMoney, 34 empresas pagam dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) nas próximas semanas, entre elas Vale, Banco do Brasil, Santander, Bradesco, Itaúsa e Weg.

Entre os maiores valores, previstos para os próximos dias, está o do Banco do Brasil (BBAS3). A empresa estatal paga JCP de R$ 0,59 e dividendos de R$ 0,24 por ação na sexta-feira (3). Têm direito a receber os proventos os investidores que possuíam as ações até o dia 23 de fevereiro.

O banco deposita ainda mais uma dose de JCP no dia 31 de março, de R$ 0,35 por ação, para quem tiver os papéis em carteira até dia 13.

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No dia 8, é a vez do Banco Bradesco, que paga JCP de R$ 0,53 para as ações ordinárias (BBDC3) e de R$ 0,58 para os papéis preferenciais (BBDC4). Investidores com posição no dia 6 de janeiro serão contemplados.

E um dos principais destaques é a mineradora Vale (VALE3), que no dia 22 vai remunerar os acionistas com dividendos de R$ 1,83 por ação e JCP de R$ 0,29.

Quem tinha as ações no dia 12 de dezembro de 2022 terá direito aos JCPs da Vale. Mas ainda há tempo para garantir os dividendos: a data de corte para ter direito ao provento (“data com”) é o próximo dia 13.

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Confira abaixo os destaques do mês e a visão dos analistas:

Dividendos previstos para a primeira quinzena de março de 2023

Empresa (Ticker) Tipo de Provento Valor por ação Data de Pagamento Data Com
Bradesco (BBDC3) JCP R$ 0,017 01/03/2023 01/02/2023
Bradesco (BBDC4) JCP R$ 0,019 01/03/2023 01/02/2023
BB Seguridade (BBSE3) Dividendo R$ 1,88 01/03/2023 14/02/2023
Banestes  (BEES3) JCP R$ 0,022 01/03/2023 31/01/2023
Banestes (BEES4) JCP R$ 0,022 01/03/2023 31/01/2023
Itaú  (ITUB3) JCP R$ 0,018 01/03/2023 31/01/2023
Itaú  (ITUB4) JCP R$ 0,018 01/03/2023 31/01/2023
Banco do Brasil (BBAS3) Dividendo R$ 0,24 03/03/2023 23/02/2023
Banco do Brasil (BBAS3) JCP R$ 0,59 03/03/2023 23/02/2023
Camil (CAML3) JCP R$ 0,072 03/03/2023 22/02/2023
Ultrapar (UGPA3) Dividendo R$ 0,10 03/03/2023 23/02/2023
Santander (SANB11) JCP R$ 0,46 06/03/2023 26/01/2023
Santander (SANB3) JCP R$ 0,22 06/03/2023 26/01/2023
Santander (SANB4) JCP R$ 0,24 06/03/2023 26/01/2023
Banese (BGIP3) JCP R$ 2,24 07/03/2023 23/02/2023
Banese (BGIP4) JCP R$ 2,47 07/03/2023 23/02/2023
Bradesco (BBDC3) JCP R$ 0,53 08/03/2023 06/01/2023
Bradesco (BBDC4) JCP R$ 0,58 08/03/2023 06/01/2023
Romi (ROMI3) Dividendo R$ 0,14 08/03/2023 06/02/2023
Itaú (ITUB3) JCP R$ 0,49 10/03/2023 08/12/2022
Itaú (ITUB4) JCP R$ 0,49 10/03/2023 08/12/2022
Itaúsa (ITSA3) JCP R$ 0,14 10/03/2023 08/12/2022
Itaúsa (ITSA4) JCP R$ 0,14 10/03/2023 08/12/2022
Pague Menos (PGMN3) JCP R$ 0,19 13/03/2023 27/01/2023
Iguatemi (IGTI11) Dividendo R$ 0,09 15/03/2023 03/03/2023
Iguatemi (IGTI4) Dividendo R$ 0,039 15/03/2023 03/03/2023
Iguatemi (IGTI3) Dividendo R$ 0,013 15/03/2023 03/03/2023
Intelbras (INTB3) JCP R$ 0,197 15/03/2023 28/12/2022
Intelbras (INTB3) Dividendo R$ 0,09 15/03/2023 02/03/2023
Weg  (WEGE3) Dividendo R$ 0,23 15/03/2023 17/02/2023
Weg (WEGE3) JCP R$ 0,05 15/03/2023 16/12/2022
Weg (WEGE3) JCP R$ 0,04 15/03/2023 23/09/2022
Alfa Consórcio (BRGE5) Dividendo R$ 0,22 15/03/2023 25/01/2023
Alfa Consórcio (BRGE6) Dividendo R$ 0,53 15/03/2023  25/01/2023
Alfa Consórcio (BRGE7) Dividendo R$ 0,31 15/03/2023  25/01/2023
Alfa Consórcio (BRGE8) Dividendo R$ 0,22 15/03/2023  25/01/2023
Alfa Consórcio (BRGE11) Dividendo R$ 0,26 15/03/2023  25/01/2023
Banco Alfa de Investimento (BRIV3) JCP R$ 0,16 15/03/2023 25/01/2023
Banco Alfa de Investimento (BRIV4) JCP R$ 0,31 15/03/2023 25/01/2023
Alfa Holding (RPAD5) Dividendo R$ 0,50 15/03/2023 25/01/2023

Fonte: InfoMoney com Quantum Axis e RI das empresas. JCP = Juros sobre Capital Próprio; Data Com = data até a qual o investidor pode comprar uma ação para ter direito a receber os proventos.

O que esperar dos dividendos da Vale?

A Vale, que já chegou a figurar entre as cinco maiores pagadoras de dividendos em 2021, hoje é motivo de dúvidas entre os investidores. A companhia ainda oferece proventos considerados atrativos, mas perdeu espaço entre os maiores retornos (dividend yield).

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Globalmente, a Vale já não está no topo do ranking. Em levantamento da gestora Janus Henderson, a mineradora ficou na 32ª posição entre as maiores pagadoras do mundo em 2022; em 2021, chegou a ser a oitava da lista.

No Brasil, a história se repete: a Vale ficou na 18ª posição entre as 20 maiores pagadoras da B3 em 2022.

Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research, acredita que a Vale ainda tem espaço para uma boa remuneração neste ano, por conta do aumento nos preços do minério de ferro – que, em sua visão, devem ficar em uma média de US$ 115 a tonelada, beneficiando os resultados e os proventos da empresa.

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Outro fator é a reabertura da economia chinesa, com o fim da política de Covid zero. E preços de minério mais altos praticados pela companhia, por conta do foco na qualidade do produto.

“Mantemos a recomendação de compra por estes motivos, além da expectativa de venda da participação da Vale na unidade de metais básicos, que possui grande potencial para destravar valor para a companhia”, afirma Tahara.

Ele cita que o endividamento da mineradora é considerado baixo, de US$ 14,14 bilhões, o que reforça a crença de que a Vale vai focar no retorno aos acionistas em 2023, seja via dividendos ou recompra de ações.

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Embora tenha uma visão positiva, Tahara reconhece que há dúvidas sobre o longo prazo. Ele destaca que é preciso monitorar variáveis como preço do minério, projetos de descarbonização e a recuperação da China. A recomendação da Benndorf Research é de compra, com preço-teto de R$ 105 e a expectativa de um dividend yield de 8,5% para 2023.

Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Ivest Consultoria de Investimentos, é menos otimista. Embora projete um dividend yield de 8% neste ano, não recomenda a mineradora para estratégias de dividendos. Isso em função da forte dependência dos preços do minério e da China, que geram volatilidade nos resultados e no desempenho das ações.

“Acredito que os resultados do balanço do quarto trimestre vieram em linha com o esperado, mas o mercado já está precificando as incertezas em torno ao minério de ferro”, comenta.

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O lucro da Vale em 2022 – de R$ 95,9 bilhões – foi o terceiro maior da história entre as empresas listadas na B3. Mas para Sobreira, foi um ponto fora da curva, que poderá ser corrigido no futuro.

Para quem insiste em investir no setor, Sobreira prefere a Bradespar (BRAP4), holding que investe na Vale, mas apresenta uma relação de preço e lucro (P/L) mais favorável. “A Bradespar deve pagar mais de 10% de dividend yield neste ano”, destaca.

Banco do Brasil não decepciona

Sai governo, entra governo, e o Banco do Brasil segue firme na remuneração aos acionistas. Os sinais recebidos desde que Tarciana Medeiros assumiu como nova CEO da estatal têm acalmado os investidores.

Um deles foi o payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) de 40% para 2023, além da divulgação de um calendário com datas de pagamento de proventos antecipados e complementares em oito fluxos.

“A agenda que o banco publicou com as distribuições para 2023 já é um ótimo sinal de compromisso com os acionistas. Mostra o claro interesse do BB de continuar remunerando os seus investidores”, afirma Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest.

Tahara também acredita que o sinal é positivo, mas pontua que é cedo para ter uma conclusão definitiva sobre a nova gestão. “O calendário reduz a possibilidade de o Banco do Brasil investir em projetos com retornos baixos e que possam prejudicar o lucro e as distribuições”, avalia.

Para o analista da Benndorf, conclusões claras serão perceptíveis apenas quando o banco divulgar os seus resultados do primeiro trimestre de 2023, primeiro balanço sob a nova gestão.

Tahara acredita que a exposição do Banco do Brasil a carteiras de agronegócio deve potencializar os resultados neste ano. Ele destaca também os investimentos feitos em tecnologia e transformação digital, que permitiram que o modelo de concessão de crédito fosse referência entre os pares. O principal risco seria a interferência política.

Ele afirma que o banco serve para uma estratégia de dividendos e segue descontado, mesmo diante da valorização das últimas semanas após os resultados do quarto trimestre. A recomendação é de compra, com expectativa de um dividend yield de 11% em cenário conservador e superior a 12% em cenário otimista. O preço-teto é de R$ 46.

Para Biz, o guidance (projeção de resultados) do Banco do Brasil para 2023, aliado ao seu payout de 40%, já o colocam como uma boa alternativa para renda passiva em 2023.

O banco estatal prevê lucro líquido ajustado crescendo de R$ 33 bilhões a R$ 37 bilhões, um aumento da margem financeira bruta entre 17% e 21% e uma expansão da carteira de crédito de 8% a 12%, sendo de 7% a 11% para pessoas físicas e empresas e de 11% a 15% para o agronegócio.

Biz espera que o Banco do Brasil entregue um dividend yield de 10% a 12% em 2023, com possibilidade de a ação valorizar até o patamar de R$ 50. O preço-teto para compra é R$ 30.

Dividendos previstos para a segunda quinzena de março de 2023

Empresa (Ticker) Tipo de Provento Valor por ação Data de Pagamento Data Com
Baumer (BALM3) Dividendo R$ 0,063 16/03/2023 29/04/2022
Baumer (BALM4) Dividendo R$ 0,063 16/03/2023 29/04/2022
Banco Mercantil (BMEB3) JCP R$ 0,28 17/03/2023 10/03/2023
Banco Mercantil (BMEB4) JCP R$ 0,31 17/03/2023 10/03/2023
Banco Mercantil de Investimentos (BMIN3) JCP R$ 1,42 17/03/2023 10/03/2023
Banco Mercantil de Investimentos (BMIN4) JCP R$ 1,59 17/03/2023 10/03/2023
Vale (VALE3) Dividendo R$ 1,83 22/03/2023 13/03/2023
Vale (VALE3) JCP R$ 0,29 22/03/2023 12/12/2022
Irani (RANI3) Dividendo R$ 0,087 22/03/2023 07/03/2023
Unifique (FIQE3) JCP R$ 0,084 22/03/2023 10/03/2023
Gerdau (GGBR3) Dividendo R$ 0,20 23/03/2023 14/03/2023
Gerdau (GGBR4) Dividendo R$ 0,20 23/03/2023 14/03/2023
Metalúrgica Gerdau (GOAU3) Dividendo R$ 0,10 24/03/2023 14/03/2023
Metalúrgica Gerdau (GOAU4) Dividendo R$ 0,10 24/03/2023 14/03/2023
Banco de Brasília (BSLI3) Dividendo R$ 0,0009 24/03/2023 15/03/2023
Banco de Brasília (BSLI4) Dividendo R$ 0,0010 24/03/2023 15/03/2023
Lavvi (LAVV3) Dividendo R$ 0,18 24/03/2023 14/03/2023
JHSF (JHSF3) Dividendo R$ 0,048 27/03/2023 16/03/2023
Track & Field (TFCO4) JCP R$ 0,055 30/03/2023 05/10/2022
Banco do Brasil (BBAS3) JCP R$ 0,35 31/03/2023 13/03/2023
Eternit  (ETER3) JCP R$ 0,14 31/03/2023 11/11/2022
Eternit (ETER3) JCP R$ 0,17 31/03/2023 19/12/2022
M. Dias Branco (MDIA3) JCP R$ 0,050 31/03/2023 17/03/2023
Iochpe-Maxion (MYPK3) JCP R$ 0,24 31/03/2023 04/07/2022
Iochpe-Maxion (MYPK3) JCP R$ 0,198 31/03/2023 03/10/2022
Panvel (PNVL3) JCP R$ 0,056 31/03/2023 26/12/2022

Fonte: InfoMoney com Quantum Axis e RI das empresas. JCP = Juros sobre Capital Próprio; Data Com = data até a qual o investidor pode comprar uma ação para ter direito a receber os proventos.

Santander gera incertezas

Enquanto os investidores ficaram mais confiantes com o Banco do Brasil após os resultados do quarto trimestre, o Santander não teve a mesma sorte. Os resultados foram considerados decepcionantes pelo mercado.

O risco de inadimplência e as provisões de apenas 30% para o caso Americanas, enquanto os pares provisionaram entre 50% e 100%, desagradaram os investidores, explica Milton Rabelo, analista da VG Research. “Isso significa que os próximos resultados trimestrais poderão ser contaminados por provisões adicionais”, afirma.

Segundo Rabelo, as provisões diminuem temporariamente os lucros dos bancos. Se não houver mudanças na política de distribuição de dividendos e JCPs, isso significaria um volume menor de proventos repassados para os acionistas do Santander. “É bastante provável que a distribuição de dividendos seja prejudicada por Americanas”, diz.

O analista destaca que a carteira de crédito do Santander é muito exposta a segmentos de maior risco, como pessoas físicas e pequenas e médias empresas, cujas taxas de inadimplência tendem a ser mais elevadas em momentos de crise como o atual.

Rabelo acredita que SANB11 possa entregar um dividend yield de 6% em 2023, com preço-teto de R$ 32. Mas prefere o Banco do Brasil como alternativa para dividendos, com um retorno em dividendos estimado de 12%.

Luiz Barsi Neto, economista e assessor do MMBarsi Investimentos, tem uma visão mais otimista do Santander e espera um dividend yield de 8%, com preço-teto de R$ 27 para SANB11. Ele afirma que mesmo com provisionamentos, a política de remuneração dos acionistas não deve ser afetada, apresentando distribuições semelhantes aos últimos anos.

Entre os riscos, Barsi cita uma possível interferência do governo na política monetária, que acabaria afetando todos os bancos.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.