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Embalado por um ambiente internacional mais positivo, o Ibovespa encerrou janeiro no azul, com alta de 3,4%, aos 113.430 pontos. Nesta virada de mês, os analistas promoveram diversas mudanças nas carteiras recomendadas de ações – de olho em alguns indicadores que podem mexer com a precificação dos ativos, entre eles a Selic, a ser definida nesta quarta-feira (1), na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 2023 e sob novo governo.
O entra e sai de papéis nos portfólios, no entanto, não mexeu com as duas primeiras colocações no ranking geral, que seguem ocupadas por (VALE3) e Itaú Unibanco (ITUB4), com nove e sete indicações para fevereiro, respectivamente.
Daí em diante, destaque para o ingresso de quatro companhias entre as mais citadas: Arezzo (ARZZ3), Eletrobras (ELET3), Petrobras (PETR4) e Totvs (TOTS3), todas com quatro apontamentos.
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O rol das preferidas pelos especialistas se completa com Assaí (ASAI3) e Prio (PRIO3), ambas com cinco recomendações. Essas duas se mantiveram entre as mais lembradas em relação a janeiro, a exemplo do que ocorreu no topo do levantamento.
Com a revisão das carteiras, B3 (B3SA3), BB Seguridade (BBSE3), Hypera (HYPE3), Multiplan (MULT3) e Weg (WEGE3) deixaram este mês a lista das mais indicadas, conforme monitoramento periódico realizado pelo InfoMoney.
Em relação ao panorama do mercado, a BB Investimentos acredita que o cenário externo continuará promovendo um ambiente de maior apetite ao risco para os países emergentes nos próximos meses, quadro que pode ser capturado pela Bolsa local.
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“Em função do movimento de ajuste de prêmios de risco no mercado doméstico nas últimas semanas, nossa avaliação sugere que os valuations já incorporam maiores taxas de desconto, tornando a relação risco-retorno mais favorável”, diz a instituição.
Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais citadas pelos analistas. O número de ações em destaque no levantamento pode ser maior, caso haja empate – como ocorreu agora.
Confira a seguir as oito ações mais indicadas para fevereiro, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de janeiro, em 2022 e em 12 meses:
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Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Retorno em janeiro (%) | Retorno em 12 meses (%) |
Vale | VALE3 | 9 | 6,33 | 28,08 |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 7 | 1,39 | 4,05 |
Assaí | ASAI3 | 5 | 0,92 | 58,4 |
Prio | PRIO3 | 5 | 13,14 | 76 |
Arezzo | ARZZ3 | 4 | 11,95 | 9,74 |
Eletrobras | ELET3 | 4 | -3,49 | 17,35 |
Petrobras PN | PETR4 | 4 | 6,41 | 37,77 |
Totvs | TOTS3 | 4 | 9,7 | 4,61 |
Ibovespa | * | 3,37 | 1,15 |
Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.
Veja agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para o mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras:
Vale (VALE3)
Presente em nove dos dez portfólios monitorados, a mineradora se mantém isolada na preferência dos especialistas. Em relatório, a XP Investimentos destaca que as ações da empresa foram impulsionadas no mês passado, mais uma vez, pelas expectativas de reabertura na China, após a suspensão das restrições da política de Covid zero – que influenciam os preços do minério de ferro.
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Na Santander Corretora, a Vale permanece como top pick no setor de siderurgia e mineração. “Continuamos a ver um ponto de entrada atraente para nossa tese de minério de ferro alto por mais tempo”, diz a instituição, projetando que os preços da commodity se mantenham acima de US$ 100 a tonelada neste ano.
Os analistas da casa acreditam ainda em uma melhora na demanda chinesa neste primeiro semestre e em um cenário de fraco crescimento na oferta de minério nos próximos anos.
Na terça-feira (31), a Vale divulgou uma produção de 307,8 milhões de toneladas de minério de ferro em 2022, volume 1,6% menor no comparativo com igual período do ano anterior.
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Itaú Unibanco (ITUB4)
Com sete recomendações, a instituição financeira se mantém em segundo lugar no ranking geral. Na opinião da XP, a notícia de recuperação judicial da Americanas trouxe preocupação aos investidores quanto aos balanços dos bancos – em geral, grandes credores da varejista –, o que derrubou as cotações recentemente.
Apesar do movimento, a corretora reitera a opinião de que o Itaú possui a operação mais eficiente entre os grandes bancos brasileiros, ocupando uma boa posição para enfrentar os desafios macroeconômicos.
Para a XP, a instituição financeira possui ainda os seguintes diferenciais: índice de cobertura bastante saudável (e acima da média histórica), aliado a taxas de inadimplência controladas; boa exposição em linhas de crédito ao consumo, que possuem rápido crescimento; sólido histórico de fusões e aquisições, bem como parcerias; e um valuation considerado atrativo.
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Assaí (ASAI3)
A companhia figura em terceiro lugar na lista de fevereiro, com cinco apontamentos, empatada com a petrolífera Prio. Os papéis do Assaí estão entre as novidades do mês nas escolhas feitas pela Ágora Investimentos, que destaca a vice colocação da varejista no segmento de atacarejo no Brasil.
A corretora afirma que a empresa combina oportunidades de crescimento com um perfil defensivo, derivado de um negócio estável e com forte histórico de consistência.
Segundo a Ágora, a visão positiva se baseia ainda no alto retorno visto no segmento de atacarejo, nas elevadas vendas da companhia por metro quadrado – maiores do que qualquer varejista de alimentos – e na projeção de uma taxa média de crescimento anual (CAGR) do lucro de aproximadamente 40%, considerando o período de 2022 a 2025.
Prio (PRIO3)
A empresa também recebeu cinco indicações nas carteiras elaboradas para fevereiro.
Maior grupo independente de óleo e gás natural do país, a Prio ocupa atualmente uma posição única no setor, diz o BTG Pactual. Para o banco, a companhia reúne forte curva de crescimento da produção, espaço para reduzir ainda mais os custos e boa capitalização, o que lhe dá condições de aproveitar oportunidades que nenhuma outra empresa poderia.
“E mesmo que nenhuma fusão e aquisição seja entregue no curto prazo, achamos que a empresa poderá distribuir dividendos altos em breve.”
De acordo com a instituição, eventuais surpresas negativas, do ponto de vista operacional, devem se limitar a pequenos atrasos em alguns projetos, algo que preserva uma relação de risco-retorno convincente para a tese de investimento. O BTG diz ainda manter uma “visão otimista” sobre os preços do petróleo.
Arezzo (ARZZ3)
Com três estreias nos portfólios selecionados – da Ágora, BTG e Guide –, a empresa é a principal novidade entre as recomendações de fevereiro. O papel ainda se manteve na lista da Órama, totalizando quatro indicações e abrindo o bloco final de destaques no acompanhamento feito pelo InfoMoney.
A Arezzo é a preferida da Ágora no setor de varejo de vestuário. Segundo a instituição, a companhia foi a que melhor enfrentou as condições desse mercado desde o início da pandemia.
“A empresa conseguiu complementar sua marca e portfólio por meio de movimentações inorgânicas (principalmente o licenciamento de Reserva e Vans), aprimoramento de suas operações digitais e reversão das perdas das operações nos Estados Unidos”, diz a corretora.
Para a instituição, a forte capacidade de branding e de identificar tendências de consumo, acompanhadas de uma resposta rápida de oferta e eficiência operacional na precificação, conferem à Arezzo uma vantagem competitiva difícil de replicar. Dessa maneira, a empresa deve sustentar a liderança em seus nichos por bastante tempo.
No BTG, a escolha de Arezzo está ligada à avaliação de as varejistas expostas ao consumo de alta renda tendem a apresentar um bom desempenho mesmo num cenário de juros altos.
O banco espera ainda que a companhia apresente um sólido desempenho no segundo semestre. A projeção é de que as vendas cresçam 35% no comparativo anual, impulsionadas principalmente pelo segmento de vestuário.
Eletrobras (ELET3)
Outra estreante do mês é a Eletrobras, também com quatro recomendações. Os papéis da companhia estão entre as novidades da Órama para fevereiro e se mantiveram na relação de outras três casas de análise.
Uma das corretoras que reiterou a aposta nas ações é a XP, que tem a Eletrobras como top pick do setor elétrico. “Devido à natureza regulada do setor, é difícil encontrar uma empresa privada operando repetidamente abaixo dos níveis de eficiência por tantos anos e pronta para implementar todas as iniciativas necessárias para redução de custos”, afirma a instituição.
Os analistas também ressaltam a escolha de Wilson Ferreira Jr. como CEO da companhia, o que consideram um forte sinal de que os ajustes citados devem ocorrer rapidamente. “Sua longa trajetória no setor e experiência recente na companhia apontam para isso.”
Quanto ao aumento na percepção de risco de interferência do novo governo, com a possibilidade de reversão da privatização da Eletrobras, a XP diz considerar essa hipótese “muito improvável”, em função dos custos relacionados aos mecanismos de proteção dos minoritários previstos no estatuto da empresa – cláusulas conhecidas como poison pills (pílulas de veneno).
“O risco mais proeminente é de que a Eletrobras não consiga alocar a energia descontratada derivada da migração do regime de cotas para o regime de produto independente a preços favoráveis”, comenta a XP. “Para lidar com esse risco, esperamos que a companhia desenvolva ou adquira uma comercializadora no curto prazo.”
Petrobras (PETR4)
A gigante de petróleo ingressou na lista da Terra Investimentos e totaliza quatro indicações no ranking geral.
Na avaliação da Ágora, ações devem continuar apresentando maior volatilidade no curto prazo, em função das mudanças em algumas diretrizes da companhia. Para a corretora, existem três pontos relevantes a serem observados: como será a nova regra para os preços dos combustíveis, política de distribuição de dividendos e diretrizes para implementar investimentos (capex).
“Embora acreditemos que a volatilidade permanecerá elevada enquanto não houver clareza em relação a esses temas, não podemos ignorar o apelo das ações pela sua enorme liquidez, em um momento forte de preços do petróleo”, diz a instituição.
A Ágora destaca ainda que o mercado deve ficar atento aos próximos passos da estatal em relação ao pagamento de dividendos do quarto trimestre de 2022. Os especialistas da casa acreditam que há boas chances de a empresa distribuir proventos da ordem de US$ 5 bilhões a US$ 7 bilhões, o que representaria um rendimento estimado entre 8% e 10%.
Totvs (TOTS3)
Líder em sistemas e plataformas para gestão de empresas, a Totvs é considerada a maior companhia de tecnologia do país. Os papéis receberam também quatro indicações no mês e fecham a lista de novidades entre os mais citados por especialistas.
“A Totvs deve continuar a entregar resultados positivos em sua divisão principal (gerenciamento) –provavelmente sustentando o crescimento de aproximadamente 15% em receitas recorrentes ao longo de 2023 e, como tal, vemos os riscos mais baixos de possíveis revisões de lucros”, indica a Ágora.
A instituição acredita ainda que as ações da empresa sejam, dentro do setor de tecnologia, as mais seguras para navegar o ambiente de maior volatilidade do mercado.