Ações de tecnologia chinesas seguem atrativas e bem posicionadas para enfrentar regulações, diz gestora de mais de US$ 40 bilhões

Para Ronny Gwerder, do Compass Group, maior cerco por parte do governo chinês não muda os fundamentos das companhias

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – O maior cerco às empresas de tecnologia em termos regulatórios provocou uma queda nos preços das ações de grandes companhias chinesas, como Didi e Alibaba, no último mês. Contudo, na visão de Ronny Gwerder, vice-presidente e consultor de portfólio do Compass Group – que detém cerca de US$ 41 bilhões em ativos sob gestão –, as companhias de tecnologia estão bem posicionadas para aguentar as novas regulações feitas do governo chinês e estão com descontos de cerca de 30% em relação às empresas de tecnologia de outros países, o que mantém a atratividade do investimento.

Em live promovida pela Tag Investimentos, Gwerder, que é dedicado à alocação no mercado chinês, destacou que hoje as companhias de tecnologia do país estão com um valuation atrativo e que seguem entregando forte crescimento. Para ele, os descontos no preço dos papéis estão mais ligados à velocidade com que o governo chinês afirmou que frearia o poder do setor no país do que à decisão em si.

A medida teve início no começo de julho, quando o governo de Pequim ordenou que as empresas de tecnologia Didi, Full Truck Alliance e Kanzhun suspendessem os registros de novos usuários e disse que as lojas de aplicativos deveriam remover o serviço da Didi de suas plataformas. O aperto regulatório ocorreu poucos dias depois que as três companhias abriram capital em Nova Iorque. A iniciativa tenta aumentar o controle sobre dados online confidenciais.

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Para Gwerder, o maior cerco por parte do governo é uma tentativa do país oriental de alcançar a regulação exigida no Ocidente, sem mudanças nos fundamentos das companhias. Ele argumentou que essas empresas se destacaram especialmente durante a pandemia, ao oferecerem dados e ferramentas que vêm ajudando a apresentar novas possibilidades para que o mundo saia mais rápido da crise sanitária.

“Hoje, 70% da capitalização de mercado está em tecnologia e 70% das oportunidades globais estão na Ásia. Logo, o mercado de empresas de tecnologia na China tem se mostrado muito maior do que os mercados de tecnologia da Europa e dos Estados Unidos juntos”, argumentou Gwerder.

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Preocupações com a variante delta

Embora o especialista não tenha comentado sobre os receios com a rápida propagação da variante delta, o surto de Covid-19 na China já provoca sérias alterações na mobilidade das pessoas ao redor do país. Segundo agências de notícias internacionais, as autoridades chinesas anunciaram medidas mais duras para frear a transmissão da doença durante o verão, que é um período marcado pelo aumento do consumo e do turismo.

Em apenas duas semanas, informações da Bloomberg apontam que a variante delta se espalhou por quase metade das 32 províncias da China. De olho na transmissão da doença, 46 cidades recomendaram que os residentes evitem viajar.

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Diante de um cenário mais incerto, analistas agora revisam as projeções de crescimento econômico para o gigante asiático.

“As medidas tomadas pelo governo estão levando às proibições de viagens e lockdowns potencialmente mais rigorosos na China desde a primavera de 2020”, disse Lu Ting, economista-chefe da Nomura para a China. “As recentes chuvas e inundações – ambas piores do que o esperado – também exigem um ajuste para baixo em nossas projeções de crescimento do PIB para o terceiro trimestre.”