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A onda de inteligência artificial (IA) foi um dos principais destaques do mercado de ações americanas em 2023. E não deve parar por aí. Analistas afirmam que o potencial transformador da IA é similar à adoção da internet ou a criação de smartphones – ou seja, veio para ficar e deve gerar mais oportunidades para o investidor em 2024.
“Estamos falando de criação de valor. Não haveria Airbnb sem um smartphone. Ou Uber, TikTok e Instagram. Grandes negócios foram criados a partir dessas tecnologias. É isso o que a inteligência artificial representa, novos negócios, produtos e serviços”, diz Guilherme Novello, head de research da gestora WHG.
O lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, desencadeou um frenesi no mercado financeiro, com os investidores em busca das companhias “vencedoras” na adoção da nova tecnologia. A fabricante de semicondutores Nvidia foi um dos destaques. Em um ano, suas ações se valorizaram em mais de 200%.
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A empresa atua na produção de um chip que é crucial para a tecnologia rodar nos data centers. Para Novello, a oportunidade neste início de desenvolvimento da IA está nessas empresas de infraestrutura, mas, não necessariamente, elas serão as “vencedoras” quando o setor estiver mais consolidado.
“Elas vão capturar um valor expressivo nos próximos anos, mas não se pode deixar de considerar tudo o que será construído a partir da IA”, diz.
Google, Microsoft e Meta são exemplos de ganhadoras das ondas da internet e do smartphone, e que também trazem expectativa de prosperar com IA. Não por acaso, as ações das “magnificent seven” (sete magníficas: Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) foram determinantes para a alta de quase 20% do S&P 500 em 2023 até novembro – sem elas, os ganhos seriam de apenas 4% no período.
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Parte do desempenho está relacionado aos projetos com inteligência artificial e as expectativas em relação a esses lançamentos.
Mas, e aí? Vale investir?
O setor de inteligência artificial tem atrativos, mas o momento pode não ser o ideal. Um dos motivos justamente o desempenho das empresas no ano: os principais nomes envolvidos com IA são as big techs, cujas ações muitos analistas acreditam estar com os preços muito esticados. Novello, da WHG, vê caminho incerto pela frente, e aponta dois cenários:
- Inovações ainda não estão no preço
De um lado, a maior parte dos projetos de IA em desenvolvimento ainda não está precificada nas ações. “Os projetos ainda estão em fase de teste, são protótipos. Apesar das ações caras, se os resultados forem positivos, poderão se valorizar ainda mais. É uma questão de se provarem eficientes e rentáveis”, diz ele.
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Um dos caminhos de rentabilidade poderá ser o segmento de computação em nuvem. No terceiro trimestre de 2023, a Microsoft reportou 29% de crescimento do Azure OpenAI Service. A Cloud do Google cresceu 22% no mesmo período e a AWS, da Amazon, ganhou 12%. A Morningstar estima que a receita do setor irá de US$ 168 bilhões em 2022 para US$ 446 bilhões em 2027.
Em paralelo, essas companhias usam o serviço da nuvem para trabalhar em projetos com parceiros. A AWS está ao lado de Adidas, Booking.com e United Airlines para criar aplicativos baseados em IA. A Amazon lançou o Bedrock, para trabalhar ao lado de startups. O serviço permite aos clientes experimentar tecnologias de IA generativa e criar agentes virtuais para otimizar tarefas diárias.
Já o Google, além do seu serviço em nuvem também trabalha em seu próprio chatbot, o Bard, e em sua empresa de pesquisa e desenvolvimento, DeepMind. A Meta não fica para trás. A empresa trabalha em um chatbot para integrar no WhatsApp, Instagram e Messenger e viabilizar serviços mais completos de atendimento. Além disso, busca melhorias na customização de anúncios publicitários.
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- Possibilidade de queda no curto prazo
Por outro lado, o preço nas alturas coloca os papéis em condições de um possível movimento técnico de correção.
O mercado tende a superestimar o curto prazo e subestimar o impacto no longo prazo. Provavelmente, não haverá entregas no curto prazo. Leva tempo para criar produtos eficientes e rentáveis. A questão é se essa euforia vai se manter ou esfriar e o interesse no assunto ficar moderado.
Guilherme Novello, head de research da gestora WHG
As apostas de IA para 2024
A boa notícia é que há empresas fora do radar que podem se destacar na corrida da IA generativa. A WHG destaca as velhas conhecidas Adobe e Oracle.
A Adobe está trabalhando no projeto Firefly, que prevê integrar um chatbot nos programas da empresa, como Photoshop e Illustrator. Já a Oracle viu sua nuvem crescer 66% somente no terceiro trimestre deste ano e também está trabalhando com empresas como Maersk e Starbucks para lançar novos aplicativos com IA.
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Mas o que não deverá faltar será opções para o investidor nesse celeiro de inovação. Novello destaca tanto empresas que não têm capital aberto atualmente, como a MidJourney, que viralizou na internet com seus programas de imagem baseadas em IA, mas também as que ainda nem existem.
Não sabemos agora quais são, mas acredito que muitos novos negócios ainda vão surgir no setor. Possíveis ‘TikTok’ e ‘Airbnb’ do futuro.”
Já a Morningstar destaca um setor inteiro: o de data centers.
“Acreditamos que a esfera de dados – todos os dados que existem no mundo – explodirá em função dos metadados criados pela IA, bem como dos novos dados que precisam ser coletados para serem ingeridos em modelos de IA”, diz Julie Bhusal Sharma, analista da casa em relatório.
Nesta área, as apostas são nas companhias Snowflake e MongoDB. Para 2030, a Morningstar projeta uma participação no mercado de gerenciamento de banco de dados de US$ 16,8 bilhões para a Snowflake e de US$ 6,7 bilhões para a MongoDB.
Estas são as principais ações de IA para observar no futuro, segundo a Morningstar:
Ticker | Empresa | Indústria | Retorno no ano | Preço (US$) | Preço-alvo (US$) |
AMD | Advanced Micro Devices | Semicondutores – produção | 82,77% | 118,38 | 129,48 |
GOOGL | Alphabet | Internet – conteúdo | 48,46% | 130,99 | 148,86 |
AMZN | Amazon | Internet – varejo | 74,86% | 146,88 | 149,72 |
AMAT | Applied Materials | Semicondutores – equipamentos e materiais | 50,08% | 146,15 | 146,36 |
INTC | Intel | Semicondutores – produção | 58,61% | 41,92 | 44,05 |
MSFT | Microsoft | Software – infraestrutura | 55,33% | 372,52 | 349,53 |
MDB | MongoDB | Software – infraestrutura | 120,32% | 433,67 | 371,42 |
NVDA | NVIDIA | Semicondutores – produção | 218,64% | 465,66 | 426,9 |
SNOW | Snowflake | Software – aplicações | 29,69% | 186,16 | 180,39 |
TSM | Taiwan Semiconductor Manufacturing | Semicondutores – produção | 29,80% | 96,69 | 124,65 |
Fonte: Morningstar. Data-base: 05/12/2023.