Em cenário de juros altos, a Panvel (PNVL3) quer priorizar a geração de caixa. Após ter investido cerca de R$ 180 milhões em 2022, o grupo vai reduzir o capex neste ano, principalmente em logística, onde já alocou uma quantidade significativa de recursos nos exercícios passados. Ao InfoMoney, Antônio Napp, CFO da rede de farmácias, disse que o Ebitda já aumentou no início de 2023 e contou quando a Panvel deve voltar a ter caixa positivo.
“Quando a gente olha para o cenário de 2023, o nosso investimento total será menor do que o de 2022. Nós vamos manter o ritmo de expansão de lojas, pretendemos abrir novamente aproximadamente 60 lojas no ano de 2023. Então na parte de lojas, tanto de abertura quanto de reforma de lojas, porque também temos que cuidar do parque já existente, esses investimentos serão mantidos. Do ponto de vista de tecnologia, também vamos seguir investindo. Do ponto de vista de logística é que nós vamos investir menos. Então o nosso capex será seguramente menor do que em 2022, abrindo espaço para geração de caixa”, disse o executivo.
Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
“Estamos entrando em um ano em que, dentro do nosso planejamento, nós pretendemos aumentar nossa geração de Ebitda, e estamos neste caminho, o primeiro trimestre já mostra isso. Estamos com ações sendo implementadas para melhora do nosso ciclo de caixa, em especial expansão do prazo de fornecedores. E aí, quando a gente soma esses elementos, um Ebitda crescendo, um ciclo de caixa melhorando alguns dias e um nível de investimento total um pouco menor, nós chegamos à conclusão, dentro do nosso modelo, que no ano de 2023 nós vamos gerar caixa suficiente para pagar por todos os nossos investimentos. E por isso que nós pretendemos chegar a dezembro de 2023 com uma alavancagem ainda menor que a de 2022”, completou Napp.
Segundo o executivo, a geração de caixa da companhia deve ainda se acelerar a partir de 2024 pela maturação das lojas abertas pela rede. “Provavelmente, em algum momento de 2024 e 2025 a gente volta a ter caixa positivo e aí o juro alto ou o juro baixo passam a não ter mais impacto realmente dentro do nosso DRE [demonstração do resultado do exercício]”, afirmou o CFO da Panvel.
Sobre a expansão de lojas, Napp disse que a rede pretende continuar focada na região Sul do Brasil, apesar de ter aberto algumas unidades na capital paulista. “O crescimento orgânico, via de regra, é um crescimento que te oferece melhores oportunidades de retorno do que um M&A [fusão ou aquisição]”, disse, ressaltando, no entanto, que a Panvel não está totalmente fechada a uma eventual oportunidade de negócio.
O crescimento da Panvel, segundo Napp, se deve a uma estratégia assertiva de mix de produtos. O executivo disse que a companhia tem conseguido ampliar a recorrência de consumidores nas lojas e conquistar novos clientes, por isso o crescimento não está associado exclusivamente a aumento de preços de itens que não são medicamentos. Ele falou ainda sobre a estratégia de venda de marca própria, que é “fundamental” para o negócio, já que são produtos com margem bruta superior (de 6% a 7%).
Napp falou ainda sobre gestão de estoques em um cenário onde a indústria farmacêutica ainda enfrenta dificuldades para entregar pedidos dentro dos prazos. Uma estratégia é priorizar a reposição de itens com maior saída. Ele também comentou que a rede comprou medicamentos a mais neste início de ano para reforçar o estoque antes do reajuste anual nos preços dos medicamentos, que é definido pelo governo e que foi anunciado nesta semana, num movimento natural do setor. O executivo também comentou sobre as vendas digitais da companhia, que é líder no segmento. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.