Vai ser difícil escapar ileso: Lava Jato pode ter outro alvo na Bolsa, alertam analistas

Com temor de respingos na companhia, analistas do Brasil Plural cortaram a recomendação dos papéis da CCR para underweight

Paula Barra

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SÃO PAULO – A Operação Lava Jato, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras (PETR3; PETR4), pode ter um outro alvo na Bolsa além da estatal. Segundo um relatório do Brasil Plural desta sexta-feira (16), as investigações podem contaminar uma outra empresa listada na Bovespa: a CCR (CCRO3), que é controlada pela Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Vale mencionar que em novembro do ano passado executivos da Camargo Corrêa foram presos na sétima fase da Lava Jato. 

Para os analistas da corretora, essas empresas estão longe de estarem em dificuldades financeiras e não são altamente dependentes da Petrobras – que recentemente baniu 23 companhias (inclusive a CCR) das licitações de seus novos projetos. Entretanto, “os danos da Lava Jato são imprevisíveis, podendo incluir grandes multas e indenizações, potencialmente levando essas companhias a stress financeiros”, disseram Rogério Araújo, Italo Ferrara e Lucas Barbosa, que assinam o relatório.

Diante das incertezas, eles preferiram cortar a recomendação das ações da CCR para underweight (desempenho abaixo da média), indicando preço-alvo de R$ 13,40. Os analistas citam que a companhia pode ser contaminada por piores condições de crédito (28% da dívida da CCR, ou R$ 2,8 bilhões, expira em 2015, sendo cerca de R$ 600 milhões), proibições para participar de novas licitações/leilões do governo, ser forçada a vender ativos estratégicos para distribuir dividendos e uma possível mudança na estrutura de controle da companhia. Em meio a isso, eles ressaltam que preferem os papéis da Ecorodovias (ECOR3) no setor de concessões, que tem recomendação overweight (desempenho acima da média), enquanto Arteris tem indicação equalweight (desempenho em linha com a média).

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Em relação à dívida da CCR, eles comentam ainda que a companhia tinha uma posição de caixa de R$ 2,17 bilhões em setembro do ano passado (último balanço divulgado pela empresa), mas a geração de caixa em 2015 não deve ajudar já que as necessidades de investimentos têm aumentado com novas concessões. Eles estimam uma geração de caixa negativa de cerca de R$ 1,4 bilhões excluindo dividendos e variações da dívida em 2015, e perdas de R$ 400 milhões em 2016. 

Na visão dos analistas, a CCR até está com um situação financeira confortável agora, mas a empresa pode enfrentar muitos desafios no médio prazo caso o mercado de crédito se torne difícil.