“Uberização”, lojas físicas ainda fortes e incerteza no curto prazo: o futuro do varejo na visão dos CEOs de Arezzo, Iguatemi, Reserva e Vulcabras

Assista ao primeiro painel da série Super Lives - 1 ano de pandemia

Ana Paula Ribeiro

Publicidade

SÃO PAULO – A pandemia impulsionou a digitalização do varejo no Brasil e a próxima etapa é a “uberização” desse setor, em que o ato da compra ficará cada vez mais ágil. Nesse processo, a loja física continuará tendo um papel relevante.

O futuro do varejo e as incertezas de curto prazo foram debatidas pelos CEOs de Arezzo (ARZZ3), Iguatemi (IGTA3), Reserva e Vulcabras (VULC3) na primeira live da série Super Lives – 1 ano de pandemia, organizada em parceria pelo InfoMoney e pela XP.

Há um ano, os estabelecimentos comerciais fechavam em meio às tentativas para conter o avanço da Covid-19. A primeira reação do setor a esse movimento foi manter o caixa e, na esteira dessa decisão, vieram as inovações que ajudaram a compensar parte da receita perdida.

Continua depois da publicidade

“Desenhamos uma agenda nova com foco na pandemia. Com shoppings fechados, seguramos o caixa e adiamos investimentos. Fizemos um caixa até 2023. Hoje isso parece ter sido prudente”, disse Carlos Jereissati Filho, CEO do Grupo Iguatemi, que possui 16 centros de compras no país, entre shoppings e outlets.

Essa primeira fase contou com medida de apoio aos lojistas, como a suspensão dos pagamentos, e a aceleração da digitalização, que levou o grupo a criar o Iguatemi 365, plataforma de e-commerce com produtos de mais de 900 marcas.

Os shoppings da Iguatemi são, em geral, voltados para o público de maior renda que se viu impedido de realizar viagens ao exterior. Segundo o executivo, isso fez com que parte desses gastos fosse destinada a marcas presentes nos estabelecimentos do grupo.

Continua depois da publicidade

Ainda assim, Jereissati vê incerteza no curto prazo, uma vez que a piora dramática do número de doentes e mortos no país levou ao fechamento do comércio e medidas de maior isolamento social em muitas cidades – sem previsão de término.

“O nível de incerteza é muito grande. Esperamos que o fechamento do comércio seja mais curto dessa vez, mas ainda estamos no meio de uma pandemia. Trabalhamos com o cenário de um ano bastante difícil”, disse.

Saiba mais:
Conheça o modelo de gestão que fez a XP crescer exponencialmente na última década, e como aplicá-lo no seu negócio. Assista à Jornada Rumo ao Topo.

Continua depois da publicidade

Apesar da incerteza, o executivo vê uma revolução no varejo, no que ele chama de “uberização” das lojas. O Uber trouxe não só uma maior facilidade na mobilidade urbana, mas também uma agilidade maior no pagamento.

“Tem muita revolução no setor. Na Ásia já vemos a uberização das lojas. Hoje, a parte chata é pagar e carregar, mas tem muita coisa acontecendo para mudar isso e ficará mais rápido e fácil comprar”, disse.

Um dos exemplos citados é o Amazon Go, em que os clientes entram no estabelecimento e pegam os produtos sem necessidade de passar por um caixa.

Continua depois da publicidade

Exterior compensa o Brasil

Essa inovação também é vista na Arezzo Co, que comprou a Reserva no fim de 2020. Para lidar com as lojas fechadas, a empresa criou um show room virtual, para que os franqueados pudessem ter acesso a todas as coleções. O resultado foi uma venda mais ágil.

“Conseguimos fazer o lançamento de coleções quinzenais para as sete marcas da empresa. Essa revitalização foi um grande ganho e veio para ficar”, disse Alexandre Birman, CEO da Arezzo Co., que é dona de marcas como Anacapri, Schutz, Alexandre Birman e Fiever, além da própria Arezzo.

A receita líquida da companhia foi de R$ 1,6 bilhão no ano passado, uma queda de apenas 4% na comparação com 2019. Desse total, 13% são oriundos de vendas no exterior e o objetivo é aumentar a fatia, até para compensar o ano mais incerto no Brasil.

Continua depois da publicidade

“Vamos lançar (as marcas) Arezzo e Anacapri nos Estados Unidos. Vamos calibrar as receitas para aumentar essa fatia (do exterior) em um momento d eprocesso mais difícil no Brasil”, afirmou Birman.

No curto prazo, a preocupação do executivo é com o período em que o varejo continuará fechado nessa segunda onda da Covid-19 no país. Se a reabertura ocorrer até meados de abril, Birman acredita que o segundo trimestre poderá ser positivo. Se o isolamento perdurar até o Dia das Mães, o cenário começa a ficar mais preocupante.

Rony Meisler, CEO do grupo Reserva, reconhece que a pandemia é grave do ponto de vista sanitário e também econômico, já que causou desemprego.

Por outro lado, ele reforça que o ambiente de baixa taxa de juros deve favorecer o empreendedorismo e, com isso, a busca por franquias, favorecendo o crescimento da marca.

“A loja física não vai acabar. A jornada de compra começa no digital, mas é preciso estar presente onde o cliente quiser”, disse.

De olho no segundo trimestre

A inovação também foi necessária na cadeia de fornecimento. Na Vulcabras, o caminho foi a transformação digital, que mudou a forma de trabalhar da equipe comercial de 300 pessoas que atendem cerca de 10 mil clientes (varejistas do setor de calçados) no país.

“Essa equipe levava dois meses para visitar todos os clientes. Criamos ferramentas eletrônicas e passamos a fechar essas vendas em 15 dias. Isso melhorou muito a nossa cadeia de produção”, disse Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras Azaleia, que registrou em 2020 uma receita líquida de R$ 1,18 bilhão, uma queda de 13,3% na comparação anual.

Em meio à pandemia, a fabricante de calçados decidiu licenciar a marca Azaleia para a Grendene e assim se concentrar no segmento de calçados esportivos, sendo as principais marcas a Olympikus, Under Armour e Mizuno.

“Não vejo facilidade na retomada do consumo. Esse primeiro trimestre será difícil, mas estou mais otimista com o segundo trimestre. O avanço da vacinação também irá contribuir. Não é só otimismo, mas também uma esperança de que vamos conseguir normalizar a situação no segundo semestre.”

Exclusivas com Paulo Guedes, Campos Neto, Carlos Brito e mais

A série Super Lives – 1 ano de pandemia continua. A partir de 5 de abril, haverá lives exclusivas com Paulo Guedes, ministro da economia, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, Carlos Brito, CEO da AB InBev, Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá, e Caio Megale, economista-chefe da XP, entre outras.

Confira aqui a programação atual. Mais entrevistas com investidores, especialistas em saúde, empresários e executivos serão confirmadas nos próximos dias.

Quer descobrir como é possível multiplicar seu capital no mercado de Opções? O analista Fernando Góes te mostra como na Semana 3×1, evento online e 100% gratuito. Clique aqui para assistir.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney