Sonho do mercado mais distante: o que a demissão de Parente representa para o futuro da Petrobras?

Analistas avaliam a notícia como péssima, mas também acreditam que a empresa não irá afundar a ponto de se tornar algo como a estatal da Venezuela

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O pedido de demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras (PETR4) pegou todo o mercado de surpresa nesta sexta-feira (1), principalmente após os acordos para o fim da greve dos caminhoneiros nos últimos dias. A notícia derrubou as ações da companhia e agora analistas e investidores questionam o futuro da estatal.

Em breve nota, o Credit Suisse afirmou a notícia é muito negativa e lembrou que em duas coletivas realizadas na semana passada, Parente ressaltou que deixaria o cargo se o governo interferisse na condução dos negócios da empresa, em especial na política de reajustes de preços. “Nós tememos que este pode ter sido o caso”, afirmam os analistas.

A saída do executivo também já coloca um alerta sobre o rating da estatal. Segundo a Moody’s, o pedido de demissão de Parente é negativo para o perfil de crédito da companhia. “A saída dele pode indicar que a tendência de melhoras nas políticas financeiras da Petrobras está comprometida”, disse Nymia Almeida, vice presidente sênior na Moody’s, por meio de nota.

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Em entrevista para a Bloomberg, o analista Christopher Garman, da Eurasia, afirmou que a notícia “pode ser um sinal de que a Petrobras ficará mais restrita devido à política”. “No entanto, não é um sinal de que o governo está se movendo em uma direção mais populista […] Eu não vejo isso como um sinal de que o governo está sinalizando ao mercado o fim da autonomia operacional”, disse.

Já para Lucas de Aragão, analista da Arko Advice, a saída de Parente torna mais distante o “sonho do mercado” de uma empresa mais independente do governo e é um reflexo do aumento da fragilidade do governo. “A Petrobras não vai virar uma Statoil, mas também não vai ser PDVSA”, disse ele à Bloomberg citando as petrolíferas da Noruega e Venezuela.

Para ele, a Petrobras não deve voltar à situação do governo de Dilma Rousseff, quando os interesses do governo foram colocados acima da empresa, levando a uma manutenção de preços baixos de forma artificial, o que trouxe sérios prejuízos para a companhia.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.