O adeus da SFA Investimentos à Sinqia (SQIA3)

Em carta a cotistas, gestora contabiliza os ganhos com posição na empresa de tecnologia e diz que esperava valorização adicional do papel

Lucinda Pinto

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Com a decisão do conselho de administração da Sinqia (SQIA3) de vender 100% das ações para a porto-riquenha Evertec, a SFA Investimentos terá que dizer adeus à maior posição de sua carteira. O negócio, de R$ 2,4 bilhões, ainda depende de aprovação dos acionistas, mas os detentores de 41% das ações da companhia já concederam o aval, o que torna a reversão da venda muito improvável.

A SFA Investimentos, hoje com R$ 150 milhões sob gestão, entrou na Sinqia no IPO, em 2013 e, desde então, vem aumentando gradativamente sua exposição. Hoje, detém 2% do capital da empresa, o equivalente a aproximadamente 35% do seu portfólio.

A aposta se mostrou acertada: a receita da Sinqia em 2013 era de R$ 40 milhões e, dez anos depois, alcançou R$ 600 milhões; já a margem Ebitda cresceu, em média, 36% ao ano. Em resposta, as ações da Sinqia tiveram valorização de 28% ao ano no período, muito acima do que subiram o Ibovespa (11%) e o CDI (13%).

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“Somos investidores de longo prazo e temos muita convicção de que o tempo é a variável de ajuste”, afirma o sócio fundador da SFA, Ciro Aliperti Neto. Agora, a gestora começou o processo de encontrar boas oportunidades para realocar os recursos provenientes da venda, o que pode tanto envolver o investimento em uma nova empresa ou o rebalanceamento da carteira.

A despedida da líder em softwares e inovações para o mercado financeiro gera “mix feelings” na gestora: a alegria de ver o impacto positivo a ser capturado por sua carteira, e a tristeza de saber que a companhia ainda poderia oferecer ganhos futuros. Visão que foi expressa em uma carta enviada aos cotistas do fundo. “Mesmo que a incorporação ao preço de R$ 27,19 por ação represente uma alta de 81,5% no ano de 2023, a Sinqia ainda está muito longe do preço que consideramos justo”, afirma a carta assinada pelo sócio e gestor da SFA, Ciro Aliperti Neto.

O gestor explica, na carta, o que justificou a concentração do portfólio na ação: a receita recorrente, modelo de negócios simples, mercado com potencial de crescimento, além da atuação junto a fundos e bancos , o que encarece e dificulta a substituição do software e dá poder de preço e fidelidade à empresa.

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Na visão da SFA, esses elementos permanecem e justificam um potencial adicional de valorização. “Em alguns poucos anos, a Sinqia estaria com um faturamento e Ebitda muito maiores do que os apresentados hoje e poderia ser vendida por um valor superior ao oferecido pela Evertec”, afirma.

Lucinda Pinto

Editora-assistente do Broadcast, da Agência Estado por 11 anos. Em 2010, foi para o Valor Econômico, onde ocupou as funções de editora assistente de Finanças, editora do Valor PRO e repórter especial.