Mineradora já disparou 25% em três dias após seu resultado – e não é a Vale

Companhia que já foi uma das maiores da Bolsa passa por um momento de recuperação e pode ter visto no terceiro trimestre seu grande momento para uma virada na Bolsa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Recentemente o mercado tem acompanhado de perto a forte queda dos papéis da Vale (VALE3; VALE5) na Bolsa diante do complicado cenário de oferta e demanda de minério de ferro no mundo, que fez o preço da commodity atingir sua mínima em 5 anos. Enquanto isso, uma outra empresa que trabalha com metais começa a seguir o caminho oposto e em apenas 3 pregões já disparou 25%: a Paranapanema (PMAM3).

Após atingir os R$ 2,08 na última quinta-feira, a companhia, que já foi uma das maiores da Bolsa, disparou e agora vê seus papéis cotados a R$ 2,61. Apesar do recente otimismo, as ações da empresa ainda acumulam perdas de 49,90% em 2014, após um primeiro semestre bastante complicado e com um forte prejuízo.

Se o resultado da Vale decepcionou na semana passada, com aumento de custos, aumento de estoques e problemas com variação cambial, a Paranapanema surpreendeu positivamente na sexta-feira (31) com a companhia passando a ter lucro após três trimestres seguidos de prejuízo. Ambas empresas são expostas ao negócio de metais, porém é exatamente na diferença do tipo de mercado em que elas trabalham que explica o cenário tão diferente de cada uma.

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O resultado da Vale já “dava a dica” sobre o que poderia ocorrer com o balanço da Paranapanema, já que apesar dos problemas enfrentados no mercado de minério de ferro, o segmento de metais básicos (cobre, estanhos, entre outros) mostrou boa melhora, ajudando a evitar um balanço ainda mais desastroso. E é exatamente no negócio de cobre que está a principal atividade da Paranapanema.

A companhia, fundada em 1961, atua no segmento de cobre e está posicionada como líder de vendas no mercado doméstico. Além disso, é a maior produtora não integrada de cobre refinado na forma de catodo, vergalhão, e fios de cobre, com participação de 98% no volume nacional produzido. Nos anos 80 a companhia chegou a ser considerada “blue chip” quando representava 28% do Ibovespa. Hoje os papéis PMAM3 não fazem parte do índice.

Na última sexta-feira a companhia mostrou uma boa evolução em seu processo de recuperação após registrar lucro de R$ 131 milhões entre julho e setembro. Em seu balanço a companhia informou aos investidores cinco indicadores com metas de desempenho da empresa até 2018, entre eles o programa de reorganização das operações da companhia, tanto na gestão administrativa, quanto comercial e operacional.

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Entre os destaques do balanço está o resultado financeiro, que ficou positivo em R$ 112 milhões, contra uma perda de R$ 129,7 milhões um ano antes, e que contribuiu para a boa melhroa na linha final do resultado. Entre os fatores que ajudaram estão a variação cambial – dólar em alta ajuda nas exportações – e o reconhecimento contábil de juros e atualização monetária sobre processos judiciais ganhos e ativos recuperados.

Recentemente a equipe da Coinvalores já havia destacado o potencial de valorização da Paranapanema, que, segundo eles, poderia subir quase 70% em um ano. Segundo relatório divulgado em setembro, as medidas de incentivo anunciadas pelo governo que visam estimular a indústria de transformação serão positivas para a companhia.

“Foi nesse contexto [incertezas políticas e econômicas], que a companhia apresentou fraco resultado operacional referente ao 2º trimestre de 2014. Contudo, no médio/longo prazo, a perspectiva de menos paradas para manutenção, que tem trazido impacto significativo para a companhia, bem como a retomada da confiança interna sustentam um cenário melhor”, explicaram.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.