Jaguar a R$ 1? Montadora de luxo entra no segmento de carros compartilhados

Veículos elétricos podem ser retirados e entregues em qualquer unidade da rede; montadora se adapta ao novo padrão dos consumidores

Wesley Santana

Jaguar I-Pace é um dos modelos elétricos da marca britânica. Foto: Divulgação
Jaguar I-Pace é um dos modelos elétricos da marca britânica. Foto: Divulgação

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A centenária Jaguar é sinônimo de carro de luxo e uma das principais montadoras do mundo. Mas com um público limitado e buscando atingir novos (e jovens) consumidores, a fabricante britânica anunciou sua entrada no segmento de carros compartilhados. Agora, os motoristas poderão retirar um veículo elétrico de luxo em uma das lojas próprias em São Paulo, pagando algo em torno de R$ 1 por minuto de uso.

Segundo o diretor de inovação e novos negócios da Jaguar Land Rover, Gabriel Patini, o novo serviço tem foco no público mais jovem, que mudou seu comportamento de consumo na última década. Ele acredita que a novidade tem potencial para conquistar consumidores que desejam ter a posse de um veículo de luxo para eventos pontuais, como festas, formaturas ou viagens.

O novo negócio sela a entrada da Jaguar na chamada mobilidade compartilhada, que, entre outras categorias, inclui os carros por demanda. Esse segmento, segundo um levantamento da consultoria McKinsey, soma 15 bilhões de viagens em automóveis todo ano. O estudo ainda estima que até o final da década este tipo de atividade deve movimentar até US$ 860 bilhões (cerca de R$ 4,3 trilhões) ao redor do mundo, especialmente em razão da crescente busca dos clientes por opções sustentáveis. 

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“É um projeto em que estamos apostando muito porque vemos que as novas gerações não necessariamente buscam a posse total de um bem, seja um imóvel ou um carro. Essas pessoas querem ter uma experiência de luxo moderna, com a possibilidade de experimentar e viver o que entregamos como marca. Acreditamos que o Jaguar On Demand seja a solução perfeita para quem não quer se comprometer com um investimento, mas quer experimentar o que as marcas Jaguar e Land Rover podem entregar”, destaca Patini. 

O serviço funciona por meio de um aplicativo para celular, onde o usuário pode reservar o carro -dos modelos elétricos da Jaguar ou Land Rover- e pagar pelo seu uso. A devolução também é feita em qualquer uma das 27 unidades própria da rede na capital paulista. A expectativa é chegar a outras capitais do país ainda neste ano, de acordo com o executivo.

Este novo negócio da Jaguar é fruto de uma parceria com a startup Ucorp, que já tem expertise no assunto e coleciona contratos com outras grandes marcas, de Waze a Itaú. Por meio do sistema whitelabel, nomeado de Flou, a mobitech fornece a infraestrutura para o funcionamento do aplicativo e dá o suporte tanto para o cliente quanto para a montadora na operacionalização do carro por assinatura.

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Além da Jaguar, a empresa fornece essa mesma solução em parceria com o grupo Stellantis -que reúne 13 montadoras-, com um custo de R$ 0,39 por minuto, além de motos elétricas por R$ 0,99 por minuto. Segundo dados internos, já foram mais de 80 mil quilômetros rodados, que renderam R$ 130 mil de faturamento nos três primeiros meses deste ano. 

“Esse projeto começou como o serviço de compartilhamento de veículos entre concessionárias para fazer test-drives do modelo Jaguar I-Pace e que agora se expande para a chamada e-mobility. Qualquer pessoa [que tenha CNH] pode se cadastrar no app e ter a experiência de dirigir um veículo elétrico de luxo”, detalha Guilherme Cavalcante, CEO da Ucorp.

Novas dinâmicas de consumo

Assim como outras dezenas de montadoras pelo mundo, o grupo empresarial inglês trabalha com planos de eletrificar a sua frota de veículos nos próximos anos. A expectativa é que, a partir de 2025, todos os automóveis produzidos na linha Jaguar sejam elétricos. Na linha Land Rover, esse movimento só deve acontecer a partir da próxima década, já que a marca ainda não tem carros eletrificados, apenas híbridos.

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Gabriel Patini acredita que essas projeções são realistas, e destaca que o grupo empresarial tem feito vários esforços para chegar a este resultado, pensando nas novas demandas da sociedade. A empresa tem executado uma estratégia que é dividida em territórios de inovação, que se interligam para formar o novo posicionamento da marca, que vai da conectividade à sustentabilidade.

“A Jaguar Land Rover é uma empresa que está em transformação, com uma estratégia global de ‘reimaginação’, com diversos pilares, inclusive o de sustentabilidade que inclui a eletrificação dos nossos carros. Também estamos atentos à inovação, pensando em como uma montadora tradicional deve se transformar para ser uma empresa moderna e do futuro, quando muitos dos nossos serviços serão consumidos digitalmente dentro dos veículos”, destaca Patini.

Esse posicionamento da marca pode ser explicado com base em um estudo, feito nos Estados Unidos, que mostrou que a geração Z enxerga os automóveis mais como um eletrodoméstico do que como um artigo de ostentação. Apesar disso, a consultoria Allison+Partners mapeou que esses mesmos jovens se sentem mais atraídos por marcas que valorizam a inovação e disrupção, com ênfase nos carros elétricos e nos autônomos.

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“Estamos tentando quebrar o paradigma de vender só o carro, mas um veículo 100% conectado. Nosso design tem sido reducionista, primando pela eliminação de ornamentos desnecessários. No interior, pensamos em algo luxuoso, mas que sem excesso de informações, o que nos diferencia da concorrência. É uma tentativa de levar para os consumidores uma experiência de luxo que é simplificada. O simples é facilitar a vida das pessoas”, comenta Patini.