Hypermarcas retoma confiança, dobra de tamanho e lidera Ibovespa no ano

Depois de um 2011 ruim, empresa se reestrutura, com o foco voltado para as áreas de farmácia e consumo pessoal

Fernando Ladeira

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SÃO PAULO – A primeira semana do ano já sinalizava o que viria pela frente. Depois de despencar 62% em 2011, as ações da Hypermarcas (HYPE3) davam início a este ano com ganhos de 20,6%, aos R$ 10,25. Mas poucos imaginavam que o papel chegasse ao fim de 2012 com praticamente o dobro de seu valor de mercado: valorização de 95,53%, aos R$ 16,62.

Os primeiros dias do ano foram cercados de rumores sobre a empresa. A informação que corria pelo mercado era de que o BTG Pactual (BBTG11) faria uma oferta para entrar no bloco de controle da Hypermarcas. Mesmo depois das duas empresas negarem as informações, surgiam notícias de que o banco de André Esteves ofereceu R$ 1 bilhão para comprar uma participação na empresa.

Esses rumores eram bem vistos pelo mercado, o que levou os analistas do HSBC a elevarem o preço-alvo das ações, mas não evitava que eles mantivessem uma cautela sobre a companhia. A recomendação aos papéis era neutra. Depois do crescimento desenfreado da Hypermarcas no passado, via aquisições, a empresa precisava vender ativos e reduzir a alavancagem.

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A empresa resolveu, então, focar nas áreas de farmácia e consumo pessoal e se livrar de alguns ativos. O HSBC elogiava as medidas já adotadas pela companhia, mas defendiam que a administração da empresa ainda tinha que recuperar sua credibilidade perante o mercado

Resultados mostram melhoras
Em março viria a primeira prova da empresa. Naquele mês a Hypermarcas revelou uma queda de 41% no lucro líquido do quarto trimestre, para R$ 49,6 milhões. Essa piora já era esperada, e mesmo assim as ações chegaram a cair 4,3% no pregão seguinte. Mas, após a empresa confirmar a intenção de montar uma joint venture para entrar no mercado de medicamentos biológicos, as ações voltaram a subir: ganhos de 2,4%, o segundo maior do Ibovespa naquele pregão.

A parceria veio no fim do mês. No dia 23 a Hypermarcas anunciou a parceria com a Aché, EMS e União Química. Para isso foi criada a Bionovis, com investimentos de R$ 500 milhões em cinco anos. A Hypermarcias entrou com 25% de participação no negócio.

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Em maio, mais uma prova de confiança. As ações fecharam em forte alta de 5,7% depois de divulgar seus números trimestrais. Apesar do lucro avançar 24% entre janeiro e março, na comparação anual, para R$ 40,8 milhões, o número não surpreendeu o mercado.

O destaque, no entanto, foi a indicação de que ela realmente está cumprindo com o que foi prometido. A desconfiança do mercado começava a se dissipar.

Meses depois, já em agosto, a história se repete: a empresa divulga seus números do segundo trimestre e a ação lidera os ganhos do índice. Isso mesmo com o prejuízo de R$ 30 milhões no período, menor que o aguardado pelo mercado. Na ocasião Claudio Bergamo, presidente da Hypermarcas, disse em teleconferência pretender investir R$ 150 milhões em 2013

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Setembro: o mês em que o mercado se rendeu à Hypermarcas
Com as sinalizações de uma verdadeira reestruturação em curso, o HSBC, que no início do ano se mostrava desconfiado com o futuro da empresa, começava a se render. Os analistas voltaram a elevar o preço-alvo, mas não mexiam na recomendação neutra.

Não era apenas a empresa que tentava mudar para crescer mais. O governo também anunciava diversos estímulos à economia para tentar evitar uma piora no PIB (Produto Interno Bruto), cujas projeções já começavam a se deteriorar. Assim, Dilma Rousseff atuou, basicamente, no corte da tarifa de energia, na redução do spread bancário, no corte de impostos para indústrias e em investimentos em infraestrutura.

Muitas dessas medidas beneficiavam o consumo interno, e em setembro o Bank of America Merrill Lynch elegia a Hypermarcas como uma das principais beneficiadas. Logo em seguida foi a vez do Safra tecer elogios à empresa e elevar o preço-alvo, assim como a Ágora elevou sua recomendação para compra e o Citi a indicou como uma boa oportunidade no curto prazo.

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Em novembro a empresa deixou o prejuízo para trás e reportou um lucro de R$ 68,4 milhões no terceiro trimestre do ano, acima do estimado pelo mercado. Dias depois, o HSBC enfim elevou a Hypermarcas para overweight (desempenho acima da média do mercado), ao destacar que ela é uma das poucas alternativas para se apostar no potencial de consumo farmacêutico no Brasil.

Dias depois, os analistas do HSBC voltaram a dizer que o investimento nela está menos arriscado. Mais que isso, disseram que o papel está com um desconto excessivo, sugerindo uma boa oportunidade de investimento.

No fechar das cortinas de 2012, a Hypermarcas anunciou em 13 de dezembro a cisão parcial das ações da Braga Holding e sua posterior incorporação. Essa medida foi justificada como mais um passo para alienar ativos, de modo a vender a antiga fábrica Luper Farmacêutica. Naquele pregão a ação da empresa disparou mais 5,7%, fechando o ano tão bem quanto começou.

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Vice campeã, B2W dispara nos últimos meses do ano
Logo em seguida, as ações da B2W (BTOW3) também chamam a atenção. Elas passaram do fundo do poço em 2011, quando caíram 71%, ao posto de segunda melhor ação do Ibovespa em 2012, com valorização de 88,89%, aos R$ 17,00.

No ano passado a varejista sofreu com atraso nas entregas e perda de mercado pela entrada de novos concorrentes, o que levava a rumores de que a Lojas Americanas (LAME4) iria fechar o capital da companhia.

Já em janeiro a empresa de varejo online começou a resolver um de seus principais problemas do ano passado: o dos atrasos em entregas. Em conjunto com sua controladora, elas anunciaram investimentos de R$ 200 milhões em um novo centro de distribuição em Uberlândia.

Mesmo assim, a empresa enfrentava a desconfiança do mercado, já que o centro não entraria em operação imediatamente. As ações da B2W fecharam o primeiro trimestre do ano com queda de 24,5%, após revelar um fraco resultado trimestral para os três últimos meses do ano passado.

Até setembro, ação registrava perdas
Em maio a situação não mudava, já que a empresa divulgou um forte prejuízo no primeiro trimestre deste ano, 26 vezes maior que o visto no ano passado. Em junho a ação atingiu seu valor mais baixo no ano: R$ 5,05. Mas, desde então, o papel engatou uma sequência de alta e em meados de setembro já mostrava uma forte valorização de 70%.

Sem nenhuma explicação clara para esse movimento, em setembro fontes ouvidas pela InfoMoney revelaram que a B2W poderia ser vendida para a norte-americana Amazon. Com isso, o papel praticamente zerava as já fortes perdas no ano e atingiam perdas de apenas 3,6%.

Algum tempo depois, esses rumores perderam força e, em outubro, surgiu a informação de que a Amazon estaria em conversações para comprar a Saraiva (SLED4), o que foi negado pela própria empresa.

Mas ainda em outubro a ação da empresa liderava os ganhos do Ibovespa, com outro foco. Desde setembro a Lojas Americanas fez diversas investidas nas ações da B2W, chegando à participação de 60,4% em novembro. Isso novamente abria margem a especulações sobre o fechamento de capital da varejista online.

Em novembro, ela continuava a chamar atenção. O início do mês foi marcado por um rali que ninguém sabia explicar, nem mesmo a própria empresa. Ainda no mês a empresa divulgou seu resultado do terceiro trimestre, o que surpreendeu o mercado com uma melhora operacional, até então o ponto fraco da empresa. Apenas no mês, a ação disparou 54,8%, e com uma confiança mais forte do mercado abriu caminho para alcançar o posto de segunda maior alta do Ibovespa no ano.