Estabilidade de preços abala siderúrgicas e CSN deve sentir impacto em resultado

Analistas afirmam que trimestre deve ser de pressão, mas aumento dos preços a longo prazo e projetos sustentam virada

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SÃO PAULO – Esta temporada de resultados não deve ser das melhores para a CSN (CSNA3). Em geral, os analistas acreditam que o setor siderúrgico não reportará resultados favoráveis, seguindo pressionados pelas condições econômicas internacionais e pela estabilidade dos preços do minério de ferro. 

Assim, Spinelli, Citigroup e Barclays Capital esperam com cautela o 1T11, que deve ser marcado pela continuidade de dificuldades observadas no trimestre anterior. A esperança para a CSN, segundo Alexander Hacking, analista do Citi, está no segmento do minério de ferro. Segundo Hacking, esse segmento deve superar o fraco momento vivido pela demanda doméstica e proporcionar uma leve melhora no Ebitda (geração operacional de caixa) da companhia, considerando a comparação mensal.

Descontos
Para Max Bueno, responsável pelo relatório da Spinelli, os descontos concedidos no 4T10 devem pesar desfavoravelmente para as siderúrgicas no início de 2011.

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O Barclays compartilha dessa visão. Após encontro com Cristiano Freire, diretor da Frefer Metal Plus, Leonardo Correa, analista do banco, acredita que o cenário continua muito desafiador para as companhias do setor. Enquanto a maioria das empresas já implementou a primeira rodada de desconto a clientes – redução de 10% nos preços praticados – outras adotaram postura distinta.

Esse foi o caso da CSN, que optou por um reajuste de apenas 5% em um primeiro momento para o mês de abril e os restantes 5% para maio. Porém, segundo Freire, apenas a primeira parcela será viável, uma vez que os preços globais de aço encontram-se praticamente estáveis e o real está em trajetória de valorização. Além disso, a dinâmica econômica brasileira desfavorável impede descontos mais acentuados.

Para Bueno, a redução dos descontos deve pesar favoravelmente para as margens e receitas das empresas siderúrgicas.

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Demanda
O analista da Spinelli acredita que o aquecimento da demanda deve ser um dos pontos principais para que as empresas se recuperem a partir do segundo trimestre do ano, melhorando a rentabilidade do setor. Um risco para esse cenário seria a crescente oferta internacional de aço.

Segundo Bueno, o cenário de aquecimento da demanda é confirmado por investimentos em ativos fixos por parte da China; recuperação econômica mundial mais acentuada; necessidade de reconstrução do Japão e obras de infraestrutura em andamento no Brasil.

Importações
De acordo com o Barclays, a importação continua sendo um elemento desfavorável para os resultados das empresas. A expectativa é que os preços globais de aço continuem em tendência de queda, o que aumenta ainda mais a atratividade das importações.

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Junto a isso, alguns incentivos fiscais concedidos por estados atuam como um fator negativo para a indústria nacional de aço. Como há uma grande possibilidade de que medidas do Governo continuem nesse sentido, as dificuldades enfrentadas pelo setor podem perdurar ainda por tempo indeterminado.

Ponto de virada?
Apesar dos pontos de pressão destacados acima, o setor não deverá ser castigado eternamente. Para a Spinelli, as ações das empresas do setor devem representar um investimento com alto potencial de valorização para horizontes superiores a um ano.

Os projetos de expansão e a expectativa de melhora nos preços são os pontos principais que alimentam essa visão de longo prazo. 

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Confira as projeções para o 1T11 da CSN:

(em R$ milhões) 1T11E* 1T10 4T10 1T11 x 1T10 1T11 X 4T10
Receita Líquida 3.795 3.185 3.444 +19,2% +10,2%
Ebitda 1.554,5 1.304 1.442 +19,2% +7,8%
Lucro Líquido 667 482 450 +38,4% +48,2%

*Média entre expectativas do Citigroup e da Spinelli