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SÃO PAULO – Depois de abrir 100 dark kitchens, cozinhas de portas fechadas e dedicadas apenas para entregas a domicílio, o aplicativo de entregas Rappi anuncia a inauguração de dark stores.
São 26 galpões espalhados por capitais brasileiras e otimizados para escolha e embalagem rápida de produtos. O objetivo é realizar entregas em até 10 minutos de produtos nas categorias conveniência ou premium.
Apertando um botão “Turbo” no aplicativo do Rappi, o usuário vai receber desde presunto serrano até um produto de limpeza na velocidade mencionada, e sem substituições de itens. A ideia é que o usuário receba uma sobremesa antes mesmo de terminar seu prato, por exemplo.
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O piloto da entrega em até dez minutos começou em fevereiro deste ano. De lá para cá, o Turbo vem crescendo 50% semanalmente. O objetivo da Rappi é proporcionar mais momentos de venda aos parceiros e, da mesma forma, mais momentos de compra para o usuário.
“Sabemos que o mundo está indo para a entrega mais rápida e as pessoas querem cada vez mais algo instantâneo. Nosso processo de seleção e empacotamento de produtos leva até dois minutos e meio. Com as dark stores próximas dos pontos de entrega, conseguimos cumprir a entrega em até dez minutos”, explica Mariam Topeshashvili, diretora de dark stores do Rappi.
O Rappi está presente em nove países da América Latina, com mais 100 mil estabelecimentos comerciais conectados no aplicativo na região. Apenas no Brasil, são mais de 100 cidades atendidas.
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A inspiração para as dark stores
A entrada da startup colombiana no segmento veio após a compra da startup Avocado. Ela foi cofundada por Mariam Topeshashvili, hoje a diretora de dark stores do Rappi.
Mariam nasceu na Geórgia (antiga URSS) e chegou aos quatro anos de idade ao Brasil, na condição de refugiada política. Ela cresceu em uma comunidade no Rio de Janeiro e obteve uma bolsa de estudos na Unidade de Harvard para estudar Ciência Política e Economia. Enquanto estagiava em gigantes como AB InBev e Kraft-Heinz, Mariam cofundou a startup Avocado.
“As fabricantes tinham problemas nos marketplaces comuns de entregas de mercados, porque não conseguiam integrar em tempo real seus estoques nem avaliar a satisfação dos clientes. Já os consumidores têm de ficar o tempo todo com o celular na mão, guiando o entregador nas compras”, diz Mariam.
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A Avocado foi criada em novembro de 2018, para atender pedidos express de produtos para mães e bebês. A tecnologia da Avocado permite saber onde estão os produtos nos galpões, e desativá-los do aplicativo de entregas quando batem um estoque mínimo. A Avocado chegou a mediar mais de três mil pedidos mensais na cidade de São Paulo, e levantou US$ 1,7 milhão em aportes com investidores.
“Começamos com apenas uma categoria, porque iríamos queimar caixa muito rápido se fôssemos atender diversos segmentos. Mas as vendas ficaram estacionadas a partir de março de 2020. Outros comércios eletrônicos cresceram com o isolamento social, com os usuários migrando para lojas com um catálogo amplo de produtos. Eles poderiam montar uma única cesta e pagar apenas um frete”, explica Mariam.
Em junho de 2020, a Avocado foi vendida para o Rappi. A startup colombiana procurava soluções que melhorassem a experiência dos seus usuários. “A Rappi leva em conta métricas como número de pedidos com defeito, número de pedidos sem estoque e taxa de cancelamento. O objetivo com a aquisição era diminuir a quebra das expectativas dos clientes”, diz Mariam.
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Como funcionam as dark stores do Rappi?
Os galpões atendem duas grandes categorias: produtos de conveniência e produtos premium, que não seriam encontrados em uma loja de esquina.
“Fizemos uma seleção baseada no consumo atual dos usuários, e no que eles afirmam querer no aplicativo, mas não encontrar”, diz Mariam. Alguns produtos entregues atualmente por meio das dark stores são azeites, bebidas geladas, patês, presunto serrano, produtos de limpeza, queijo brie, pães, saladas e sorvetes.
As entregas costumam ser feitas em um raio de até dois quilômetros das dark stores. O frete será o mesmo cobrado nas compras comuns pelo Rappi. Para assinantes, o frete será grátis para pedidos acima de R$ 30.
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A startup tem 26 dark stores atualmente, em cidades como Campinas, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. O número passará para 60 no primeiro semestre e para 100 no segundo semestre.
Novo modelo de negócio
O Rappi se tornou conhecido por ser um marketplace de entregas: a startup colombiana não detém os produtos anunciados, que são retirados em diversos estabelecimentos. As dark stores, porém, terão estoque adquirido por consignação ou por compra pelo Rappi. Esses contratos virão de varejistas parceiras exclusivamente da Rappi e que não conseguem fazer entregas em até 10 minutos.
“Será um estoque muito enxuto e de giro rápido e com valor baixo, considerando que precisamos de um espaço otimizado ao máximo. Compramos só quando entendemos que a demanda existe e que o prazo de pagamento é bom”, explica Mariam.
A diretora também afirma que os investimentos em bens de capital (capex) e em operação (opex) são menores do que montar um supermercado com portas abertas.
“O preço da propriedade é mais barato, porque não necessariamente precisa estar em um local com alta visibilidade. Também não precisamos de fachada, caixas, estacionamentos, gôndolas ou iluminação intensa”, diz Mariam. “Com o pé-direito alto, podemos colocar pallets e otimizar o espaço de estoque. Em termos de custos com funcionários, temos apenas alguns selecionadores de estoque durante o dia, e um pouco mais deles durante a noite.”
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