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Os últimos anos da varejista Colombo, voltada para vendas de ternos e roupas casuais para a classe C, têm sido bastante difíceis. Mesmo antes da pandemia, a empresa já vinha sofrendo com queda nas vendas e redução do número de lojas. Mas aí veio a crise da covid-19, e piorou tudo.
Com os shoppings fechados, a empresa viu o seu faturamento despencar 50% no ano passado. Das 434 lojas que a companhia tinha, sobraram 117 franquias. Diante do tamanho do problema, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial no ano passado.
O caso da Colombo reflete uma realidade econômica mais ampla. De acordo com estudo da consultoria Bain & Company, as classes mais baixas foram as que tiveram a renda mais afetada pela pandemia.
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Mesmo com a criação a e distribuição do auxílio emergencial, que injetou mais de R$ 300 bilhões na economia, quase 70% das pessoas desse estrato social tiveram alguma perda em seus ganhos durante o período. Para piorar, 29% delas perderam totalmente a sua principal fonte de renda, enquanto 25% tiveram cortes nos salários.
No geral, a conta também não é das mais positivas. Mais da metade da população, por volta de 52%, está economizando menos do que antes. Ou seja: as pessoas estão utilizando as reservas para pagar contas básicas. Mesmo entre aqueles que estão conseguindo guardar algum dinheiro, 13% já estão de olho nas contas que precisam pagar. O universo de pessoas que estão com alguma compra em vista pelos próximos 18 meses é de cerca de 32%.
“A população de menor poder aquisitivo ainda está reticente para consumir porque não sabe se vai conseguir manter a renda que tem, e o fim do auxílio emergencial pode atrapalhar”, afirma Federico Eisner, sócio da Bain & Company.
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Recuperação distante. Diante desse cenário, mesmo com as reaberturas e com o avanço da vacinação no Brasil, o presidente da Colombo, Álvaro Maluf, não está otimista. Apesar de as vendas estarem crescendo 30% neste ano, elas partem de uma base muito ruim. O que tem segurado um pouco as pontas para a companhia é o consumo de evangélicos e jovens em busca do primeiro emprego.
“Estamos bastante conservadores e acreditamos que vamos crescer mesmo dentro das próprias unidades que estão abertas. Também não vamos voltar com as lojas próprias porque a conta não está mais fechando”, afirma.
Até as empresas que estão tendo boas performances nos últimos meses estão com um pé no freio – a ordem do dia é a precaução. É o caso da Lojas Avenida, especializada na venda de moda e produtos para casa para a classe C, como eletrônicos, que tem como principais mercados as regiões Centro-Oeste e Norte.
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No ano passado, mesmo com a pandemia, a empresa cresceu 6% em vendas de mercadorias e encerrou o ano faturando um total de R$ 816 milhões. Para este ano, a companhia estima que vai superar o R$ 1 bilhão de faturamento.
Mas nem isso fez a companhia acelerar o seu plano de expansão. Em 2021, por exemplo, sequer abriu uma loja e não tem planos para que isso ocorra. “Não temos segurança para voltar a falar de expansão, por enquanto. Estamos cuidando do nosso caixa que é o nosso oxigênio”, afirma Rodrigo Caseli, presidente do Grupo Avenida.
Setor alimentício
O varejo alimentício sofreu menos do que os outros durante a pandemia. Na verdade, até teve resultados positivos, já que foi um dos poucos serviços que não pararam durante o período de isolamento social. Mesmo assim, alguns modelos de negócio se destacaram mais do que os outros. O principal deles foi o atacarejo, que já vinha crescendo durante a pandemia. O segmento de hipermercados, que já estava em baixa, sofreu ainda mais do que a média.
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No caso do Extra, bandeira do Grupo Pão de Açúcar (GPA) também voltada à classe C, está acontecendo uma mudança completa para conquistar mais clientes. Como a rede de atacarejo Assaí, considerada um modelo vencedor no setor mesmo em período de crise, se tornou uma empresa independente neste ano, os hipermercados do Extra estão passando por uma transformação. É mais uma tentativa de “virada” desse modelo de loja.
Os resultados, porém, ainda custam a aparecer. No segundo trimestre, as vendas nos hipermercados Extra abertos há mais de um ano caíram 4,9%, para R$ 2,8 bilhões, na comparação com os 12 meses anteriores. Segundo Lucas Zanon, diretor de operações da bandeira, o que o consumidor está olhando é preço e esse precisa ser o diferencial da loja Extra.
“O preço, hoje, é o diferencial. Isso está cada vez mais relevante para o consumidor da classe C e estamos focando nisso para não perder espaço”, afirma Zanon. Segundo ele, nos últimos meses a empresa conseguiu reduzir a diferença de preços de 15% para cerca de 5%, fazendo promoções, inclusive, para compras de maiores quantidades.
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