O cenário de juros e inflação em alta pode esfriar o crescimento do consumo no país, mas não afeta a demanda das empresas por proteção contra as fraudes, que se multiplicam a cada dia. A percepção é de Bernardo Lustosa, CEO da ClearSale (CLSA3), que vende soluções antifraude e score de crédito para bancos, financeiras e para o e-commerce em geral. A empresa teve lucro líquido de R$ 5,2 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo prejuízo de R$ 44,3 milhões visto um ano antes.
“O cenário macroeconômico que a gente começa agora em 2023, em comparação com 2022, basicamente a inflação cedeu um pouco, mas todo o resto continua o mesmo. A taxa de juros está alta, a restrição de crédito está alta, o crescimento do consumo digital continua baixo, então é outro ano em que a economia é difícil. Só que a economia tem crise, as tentativas de fraude não”, disse o executivo.
Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
“Da mesma forma que o consumo cai, as tentativas de fraude não param de crescer, os novos padrões de fraude continuam ocorrendo e, pior ainda, com o crescimento de demanda baixo e as tentativas de fraude altas, relativamente o percentual afeta mais ainda o P&L [lucros e perdas, balanço financeiro] dos nossos clientes. Por mais que os clientes tenham também suas restrições orçamentárias, eles não podem conviver com a fraude porque se você relaxa nisso, o estrago é gigantesco”, completou Lustosa.
Segundo Alexandre Mafra, CFO da ClearSale, a “companhia está muito mais preparada para ficar mais tempo debaixo da linha d’água se isso for necessário”. Ele comentou sobre os investimentos feitos e previstos pela companhia em cyber security, em crédito e na área de transações financeiras como Pix, e disse que o momento ainda é de investimento focado em crescimento.
“Esses investimentos ainda são importantes para a gente ter um mercado endereçável ainda maior. No longo prazo, com o crescimento natural da nossa receita e evolução dos nossos produtos, isso tende a chegar aos 10%. A gente não gerou caixa ano passado, pelo contrário, a gente consumiu caixa, mas a gente entende que no médio e longo prazo nossa intenção é gerar caixa”, disse o CFO.
Os executivos comentaram ainda sobre a falta de desenvolvedores no mercado e como a ClearSale tem procurado resolver isso, bem como sobre quem são os clientes da companhia e quais são os tipos de contrato e como eles geram receita para o grupo. Eles falaram também sobre quando a empresa pretende pagar dividendos. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.