Diferentemente de outras crises, desta vez os bancos são parte da solução, diz presidente do Itaú

Em live do Credit Suisse, presidentes do Itaú, Bradesco e Santander mostraram suas visões da atual crise do coronavírus

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Uma das consequências da atual crise do novo coronavírus para os bancos será uma mudança na forma como a sociedade olha para estas instituições. É o que avalia o presidente do Itaú Unibanco (ITUB4), Candido Bracher.

Durante uma live realizada pelo Credit Suisse e conduzida pelo presidente do Conselho do Banco no Brasil, Ilan Goldfajn, o executivo destacou que “nas outras crises, os bancos eram apontados como uma das causas do problema. Nesta crise, os bancos são parte da solução”, ressaltando que eles terão que viabilizar, entre outras coisas, o financiamento das empresas no pós-crise.

“Mas isso não conseguiremos fazer sozinhos. Será importante a injeção maciça de recursos”, explicou o executivo do maior banco privado do país.

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A conversa contou ainda com a presença de Sérgio Rial, CEO do Santander Brasil (SANB11), e Octavio de Lazari Júnior, presidente do Bradesco (BBDC3).

Questionados sobre as consequências, Rial apontou para a transformação tecnológica que as instituições financeiras já estão passando. Segundo ele, as mudanças que vão “acontecer neste ano era algo planejado para dez anos”.

Além disso, junto com Octavio, ele falou sobre uma grande mudança nas relações de trabalho, com muitas áreas percebendo a eficácia do trabalho remoto.

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O presidente do Bradesco ainda ressaltou a atuação das instituições financeiras nas doações de equipamentos e doações para ajudar no combate ao surto. Segundo ele, em conversa com o ministério da Saúde, foi informado que a pasta não precisava de dinheiro, mas sim de ajuda para trazer testes, monitores e equipamentos para o país, e por isso estes trabalhos começaram.

“Vocês nunca viram os três bancos privados unidos em uma causa”, disse o executivo lembrando do projeto em que os três se uniram para destinar R$ 50 milhões à compra de máscaras para doação às secretarias estaduais de saúde e a comunidades vulneráveis.

A visão da crise

No início da conversa, Bracher comentou que cada vez que se vive uma crise, ela parece ser a pior que já se enfrentou, mas que desta vez a situação é realmente diferente e mais complexa.

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Segundo ele, hoje existe uma crise do lado da oferta e da demanda. “Não é apenas [uma crise] financeira. Ela tem consequências graves no mundo financeiro, mas é uma crise que começa na saúde. Nesse sentido, é parecida com uma guerra”, disse.

Por outro lado, ele ressaltou que o país está num momento melhor para enfrentá-la e que dois elementos favorecem isso: a menor dependência externa do Brasil e a taxa de juros em mínimas históricas.

Sobre a PEC que deu mais poder ao Banco Central, autorizando a autoridade monetária a comprar títulos do Tesouro, Octavio disse que a atitude é correta e que a instituição precisa “ter essa liberdade para atuar em momentos de crise mais forte”.

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“Isso vai ajudar […] É uma boa alternativa para o BC poder regular o mercado”, afirmou.

No cenário de crédito, Rial afirmou que as empresas nacionais se mostram hoje em melhor situação do que nos últimos anos. “Tirando um setor ou outro, não me preocupo muito com as grandes empresas”, disse.

Do outro lado, para pequenas e médias empresas, acredita que “claramente elas saem esse ano machucadas” e que isso se dá porque não existe uma tradição no Brasil destas companhias pensarem na necessidade de saberem que em algum momento irão enfrentar um cenário fora do comum.

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Mas ele se mostra otimista com as condições para ajudar estas empresas. “Com a Selic que temos hoje, temos a possibilidade de falar em prazo, inclusive para a pequena e média empresa, um assunto que antigamente era só para a grande empresa”, conclui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.