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Depois de a Americanas (AMER3) protagonizar um dos maiores escândalos contábeis do país, com um rombo estimado em R$ 20 bilhões em “inconsistências” nas chamadas operações de “risco sacado”, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) reforçou seu monitoramento sobre as empresas de capital aberto.
A apuração da autarquia, publicada inicialmente pelo jornal Valor Econômico, mira varejistas e outras companhias abertas que utilizam o risco sacado em suas atividades.
“No âmbito de sua esfera de competência, a CVM, sempre que necessário, realiza interações com os participantes do mercado de capitais a fim de solicitar informações importantes para trabalhos de análise e supervisão. Neste sentido, a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM encaminhou consulta a companhias abertas a respeito do tema”, disse a autarquia, em nota.
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Desde 2016 a CVM vem alertando contadores e auditores sobre os problemas causados pelas operações de risco sacado, em que empresas utilizam os recebíveis de fornecedores junto aos bancos para financiar a atividade – e isso não é ilegal, mas a forma como a operação foi demonstrada no balanço é que gera a distorção. O aumento artificial do lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, em inglês), estoques inflados e margem bruta distorcida são as principais consequências.
“As áreas técnicas da CVM entendem que os auditores devem dedicar especial atenção a estas operações, sobretudo quando envolverem companhias altamente alavancadas (endividadas), pelo potencial risco de distorção da realidade econômica a ser reportada (gerenciamento de estrutura de capital)”, escreveu a autarquia, em um ofício.
Isso porque, diferentemente de uma operação direta entre varejista e fornecedor, a participação do banco incide a cobrança de juros que não estava sendo reportada de maneira correta no balanço da Americanas, por exemplo.