Com oferta de ações concluída, o que vai ser da Oi?

Companhia concluiu um importante passo para sua fusão com a Portugal Telecom após realizar oferta que movimentou R$ 15 bilhões

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Após meses de confusão e disputas entre minoritários e controladores, a operadora de telecomunicações Oi (OIBR4) deu um importante passo na véspera para a sua fusão com a parceira Portugal Telecom ao realizar uma oferta de ações que movimentou R$ 15 bilhões. O valor mostra uma forte deterioração do valor da companhia, que viu suas ações serem avaliadas em um quarto do valor que elas tinham no início de 2013. Diante do atual cenário, o que esperar da Oi agora?

Passada toda a confusão da oferta da companhia, e o grande passo para sua fusão com a Portugal Telecom, o momento agora para a Oi será focar no cenário da telecomunicação e tentar resolver os problemas da companhia, já que com a captação da oferta, o problema das dívidas será praticamente resolvido. Além disso, a empresa tentará correr atrás do mercado de telecomunicação, liderado pela Telefônica Brasil (VIVT4) e a TIM (TIMP3).

Mas resta saber agora como fica a confiança do investidor tanto na companhia quanto no mercado, principalmente na figura da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Desde que a oferta foi anunciada, em outubro do ano passado, os minoritários da companhia tentam evitar que ela ocorra, prevendo uma forte diluição de suas participações na empresa, fato que não conseguiu ser evitado.

Continua depois da publicidade

Porém, muitos desses acionistas colocam a “culpa” por essa diluição na CVM, que não evitou a execução da oferta. No mês passado, alguns minoritários tentaram evitar a participação dos controladores na assembleia que decidiria sobre a realização de oferta de ações, fato que a autarquia não aceitou, o que levou à confirmação da oferta.

Baixo valor das ações
A precificação anunciada nesta manhã para os papéis da Oi, mesmo que não seja nenhuma surpresa, mostra a derrocada da empresa nos últimos anos. Em janeiro de 2013, tanto as ações ordinárias quanto as preferenciais chegaram a valer mais de R$ 9,00, ou seja, 4,5 vezes o que os papéis da companhia foram precificados.

O preço da ação preferencial na operação de aumento de capital foi definido em R$ 2, no piso da faixa de preço pretendida, informou a CVM na última segunda-feira. Já as ações ordinárias ficaram em R$ 2,17, equivalente a um prêmio de mais de 8% em relação às ações preferenciais. Foram negociadas um total de 7,29 bilhões de ações, sendo 2,43 bilhões de ações ordinárias e 4,86 bilhões de ações preferenciais, de acordo com dados da CVM. A previsão era que fossem ofertadas até 5,75 bilhões de ações no lote inicial e outros 2 bilhões de papéis em lotes suplementares e adicionais.

Continua depois da publicidade

Mas porque empurrar o valor para baixo? Normalmente, em uma oferta de ações, os interesses de bancos e da própria empresa tendem a precificar a companhia para cima, fato que não ocorreu com a Oi. O que aconteceu foi que a oferta, dessa vez, visava resolver as problemas dos controladores, como a fusão com a Portugal Telecom e a redução das dívidas. Vale lembrar que pelo acordo, a empresa estrangeira vendia ativos para a Oi em troca de ações, ou seja, quanto menor o valor das ações, mais papéis a Portugal Telecom receberia.

Quem ganhou com a oferta?
 Mesmo com muitos acionistas perdendo com o negócio, houve quem soube aproveitar o momento e ganhar muito com o cenário. São os “vendidos”, ou seja, quem apostou na queda das ações. Nesse movimento, um investidor aluga as ações de alguém e vende no mercado, esperando para recomprar os papéis por um preço menos, ganhando assim em cima da diferença.

Porém, quem mais lucrou com o negócio foram os bancos de investimento, que formaram um consórcio entre 14 instituições, liderados pelo BTG Pactual. Conforme o prospecto divulgado em 4 de abril, esses bancos receberam R$ 154 milhões para liderarem esse aumento de capital da companhia de telecomunicações. Enquanto isso, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que era o maior credor da holding que controlava a Oi, deve conseguir receber os R$ 4 bilhões que tinha de dívida com a empresa.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.