Bunge lança fintech com US$500 mi para apoiar financiamento agrícola no Brasil

A plataforma usará tecnologia e machine learning para aprimorar processos de análise de crédito a produtores

Mariana Amaro

Logotipo da Bunge em foto ilustração (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)
Logotipo da Bunge em foto ilustração (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)

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A Bunge anunciou hoje (30) o lançamento da sua fintech, Fincrop, de crédito rural no Brasil com US$ 500 milhões disponíveis para operações entre revendas e produtores.

Segundo nota da empresa, a Fincrop vai conectar stakeholders do agronegócio e do mercado de crédito, oferecendo dois produtos digitais: 1) análise de risco para que revendas do ecossistema da Bunge possam gerenciar sua carteira de clientes; e 2) uma solução de crédito que facilita a conexão do mercado financeiro aos produtores de grãos.

O novo negócio vem da estratégia da companhia para se consolidar como um elo entre o agronegócio brasileiro e o mercado de crédito e dos mais de 20 anos de experiência da empresa nas chamadas operações de “barter”, pelas quais os produtores vendem uma parte de suas safras antecipadamente em troca de insumos agrícolas obtidos nas revendas, uma forma de os agricultores levantarem recursos para suas operações.

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Segundo Florence Shoshany, diretora de Finanças da Bunge para o Brasil, a iniciativa surgiu da demanda, de toda a cadeia de valor, por um produto financeiro que conciliasse risco controlado com componentes ESG comprováveis e verificáveis. “Com a Fincrop, reafirmamos nosso compromisso de oferecer soluções inovadoras e eficientes para o agronegócio brasileiro, e damos mais um passo estratégico para aumentar o volume de originação em conformidade com nossos compromissos de sustentabilidade”, afirmou Shoshany.

A trading e processadora de grãos e oleaginosas frisou que a fintech focará critérios socioambientais como ponto central das avaliações de risco, dando mais segurança às revendas de insumos agrícolas parceiras da Bunge para realizar vendas de seus produtos a prazo. Para Shoshany, o alto nível de adoção de práticas sustentáveis do produtor brasileiro é um ativo extremamente atrativo para investidores. “E nosso propósito é facilitar essa aproximação, ampliando as possibilidades existentes”, afirma.

Apoio da tecnologia

No rumo para a escalada do serviço, a avaliação de crédito funcionará com apoio de algoritmos de inteligência artificial que utilizam aprendizado de máquina (machine learning) para coleta e análise de informações de múltiplas fontes, públicas e privadas, incluindo dados de inteligência de mercado da Bunge.

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Já a verificação de práticas sustentáveis será feita por meio da análise de dados de monitoramento e rastreamento das propriedades, incluindo imagens de satélite, e informações colhidas no campo e embarcadas em tempo real.

O projeto, segundo Braian Souto, Gerente Sênior de Global Digital Office da Bunge, é mais uma das iniciativas de inovação da companhia. “É uma das múltiplas iniciativas do processo de transformação digital pelo qual nossa companhia vem passando nos últimos anos visando a modernização de processos inerentes ao setor  e o avanço da agricultura sustentável para o futuro”, afirmou Souto.

O lançamento da plataforma acontece em um momento em que diversas empresas do agronegócio buscam estreitar suas relações com clientes, fornecedores e prestadores de serviços por meio de plataformas digitais.

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Em abril, a Syngenta lançou a Syde, uma conta digital que nasceu com uma série de serviços financeiros. Em outra ponta, Louis Dreyfus, Amaggi, ADM e Cargill se uniram na Strada, uma ‘logFintech’ de frete rodoviário que nasceu com a meta de ser a maior do setor do agronegócio, justamente por ter entre seus sócios e clientes algumas das maiores tradings de grãos do país.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.