BC não deve substituir auditorias, diz Meirelles em audiência do PanAmericano

Presidente adverte para riscos financeiros e morais, defende as medidas de investigação já tomadas e promete achar culpados

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SÃO PAULO – O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira (24) que é inviável que o Banco Central substitua as auditorias para análise de instituições financeiras. Ele destacou os riscos morais e financeiros que o procedimento envolve.

“Não é usual, comum, que as autoridades fiscalizadoras do mundo inteiro adotem essa posição. Também o Comitê de Basileia não recomenda. O que custaria para os cofres públicos uma auditoria contrato a contrato pelo órgão regulador?” questionou Meirelles. Além disso, o presidente da autarquia monetária apontou a possibilidade de elevação de risco moral, como ocorrido nos Estados Unidos.

Processo de fiscalização 
Meirelles frisou, em audiência pública conjunta nas comissões de Assuntos Econômicos e de Constituição e Justiça do Senado, que as medidas de fiscalização adotadas pela instituição durante a crise do Banco PanAmericano (BPNM4) seguiram os prazos e o sigilo estabelecidos em lei.

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O processo de invetigação do BC “começou a identificar que havia inconsistência” no início deste ano, sem se saber nem a quantidade nem quais os bancos envolvidos. “O trabalho foi de fiscalização exaustiva” e em setembro foi descoberto que o problema estava relacionado ao Panamericano.

Riscos morais
O presidente do Banco Central reiterou a impossibilidade de advertir a Caixa do rombo nas carteiras de crédito, avaliado em R$ 2,5 bilhões. Segundo Meirelles, o ato trazia “um risco moral”, podendo colocar em risco os recursos públicos. Em um processo de aquisição que estendeu-se de 2009 até julho deste ano, a Caixa adquiriu 49% das ações ordinárias e 26,56% da participação total no capital do Panamericano.

Por fim, Meirelles reafirmou que a instituição continua a investigar de quem são as responsabilidades pela falha nas auditorias que ficaram à cargo das empresas KPMG e Deloitte.