Barclays: Em meio a intervencionismo, Libra pode ser mais problemático para Petrobras

De acordo com economista Marcelo Salomon, o leilão de Libra deverá indicar muito mais a parceria do governo brasileiro e chinês do que um benefício para as empresas privadas e ressalta: "Petrobras não tem condições de arcar com tudo sozinha"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O economista-chefe do Barclays para a América Latina, Marcelo Salomon, não de forma totalmente positiva o Leilão de Libra, que acontecerá nesta tarde, no Rio de Janeiro. Salomon acredita que o resultado será muito mais “estatal do que privado”, entre o governo brasileiro e o chinês. Caso esta perspectiva se confirme no leilão que acontecerá durante esta tarde, o sinal que se dará aos outros investidores não será positivo. 

Ele destacou ainda que as cinco grandes empresas de petróleo do mundo não devem participar do Leilão, o que indica que há projetos mais interessantes para se investir no mundo. Somado a esse cenário, está ainda o excessivo intervencionismo estatal, que afugenta os investidores ao limitar as taxas de retorno, além de fazer exigências de conteúdo nacional. Além disso, ressaltou, o governo já identifica problemas em Libra, uma vez que já pretende mudar o modelo para as próximas áreas de petróleo. 

E ressalta, o leilão pode ser mais problemático para a própria Petrobras (PETR3;PETR4) do que as outras empresas de petróleo, uma vez que ela tem uma participação mínima de 30% nos leilões de exploração. O fato da companhia ter dificuldades de se financiar e ter que desembolsar apenas R$ 4,5 bilhões de bônus de assinatura complementa o cenário difícil para a companhia. “A Petrobras não tem dinheiro para fazer tudo isso”, ressaltou. 

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Dentre as incertezas que permeiam a entrada de grandes investidores no leilão, está ainda a criação da Pré-Sal Petróleo, ou PPSA, que pode ser mais um dos fatores para o aumento do intervencionismo estatal. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.