Acionista fará “leilão” para vender 2,8 milhões de papéis e empresa afunda na Bovespa

Se vender todas as ações neste "block trade", dinheiro movimentado será 75 vezes superior ao volume diário da ação na Bolsa; leilão acontecerá em 19/10

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – A General Shopping (GSHP3) será alvo de um “block trade” na BM&FBovespa na próxima segunda-feira (19), no qual um acionista venderá o equivalente a 4,37% do capital total da administradora de shopping centers. A notícia faz os papéis da empresa afundarem para seus menores patamares na Bovespa em mais de 6 anos.

Às 13h18 (horário de Brasília), eles caíam 4,30%, a R$ 2,67, cotação que não era alcançada desde abril de 2009. No acumulado do ano, eles já caíram 63,3%, sendo que em 2015 será o 5º ano consecutivo de desvalorização da empresa – de 2011 pra cá, a queda chega a 80%.

Segundo comunicado da BM&FBovespa, o leilão será realizado na segunda-feira (19) das 13h às 13h15. O acionista pretende vender 2.841.400 ações ao preço de R$ 2,67 (cotação atual do ativo na bolsa). A corretora que intermediará a venda será a Fator, enquanto a compra será intermediada é a Ágora.

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O anúncio de “block trade” costuma derrubar o preço da ação alvo da venda pela forte pressão vendedora que trará ao mercado. O leilão busca diluir o impacto da saída deste grande acionista em um horário pré-definido, visto que, na maioria dos casos, seria impossível ele se desfazer destes ativos por uma venda direta pelo homebroker, já que o total de ações costuma ser muito superior ao volume médio negociado.

No caso da General Shopping, se esse acionista vender todas as ações ao preço estabelecido, o volume movimentado no leilão será de R$ 7,587 milhões, o que é 75 vezes maior do que a ação negociou em média nos últimos 3 meses (R$ 105,6 mil/dia).

No comunicado, a corretora informou que seu cliente vendedor “desconhece qualquer informação relevante sobre a empresa que não seja de domínio público; e não é acionista controlador, integrante do bloco de controle, membro do conselho deliberativo, fiscal, de administração ou de qualquer outro órgão que exerça direta ou indiretamente qualquer tipo de ato de gestão, fiscalização ou controle da companhia emissora”.

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General Shopping: a 1ª vítima do dólar
A General Shopping foi a 1ª grande vítima da disparada do dólar ante o real em 2015. Isso porque a empresa, que possui receitas em reais, tem 60% do seu endividamento atrelado à moeda americana, afetando em cheio os títulos de dívida emitidos pela companhia no exterior.

Em setembro, ela anunciou uma recompra desses títulos com “desconto” (isto é, pago menos do que ele vale). Apesar disso, muitos gestores de fundos recomendaram aos investidores que aceitem o acordo, com receio de que General Shopping possa estar a caminho de uma recuperação judicial. “Embora este seja um grande ‘haircut’, eles não poderiam evitar o inevitável e este acordo parece ser bastante decente se você considerar o que está acontecendo com as empresas brasileiras”, disse à Bloomberg o chefe de renda fixa da Bulltick, Klaus Spielkamp.

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Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers