Ação da Taurus desaba 8,75% após Maia criticar decreto que facilita porte de armas

Presidente da Câmara falou que mudança assinada por Bolsonaro já possui alguns pontos inconstitucionais

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – Depois de disparar com a assinatura pelo presidente Jair Bolsonaro do Decreto 9.785, que amplia o porte de armas a diversas categorias, a ação da fabricante Taurus Armas (FJTA4) caiu quase 9% nesta sexta-feira (10), chegando a R$ 3,65.

A queda foi consequência das falas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), indicando que a liberação pode não ser tão grande como se pensava. 

Em entrevista à rádio Jovem Pan, Maia disse que conversou com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para tentar “reorganizar” o decreto. “A princípio, já existem inconstitucionalidades, alguns temas que não deveriam ser regulados por decreto”, apontou o presidente da Câmara. 

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Para Maia, se o decreto ficar como está, será facilmente derrubado no controle constitucional exercido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Rede Sustentabilidade apresentou na quarta-feira (8) uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) questionando a constitucionalidade do decreto. 

“O presidente da República deveria ter proposto as mudanças ao Congresso por projeto de lei, configurando no caso verdadeira usurpação de Poder do Congresso. O decreto é claramente uma campanha eleitoral do presidente”, diz o partido, em trecho da ação.

Quando o decreto de Bolsonaro foi assinado, a Taurus afirmou em comunicado ao mercado que estava preparada para atender ao aumento da demanda por armas que deve ocorrer com a mudança na legislação sobre o tema. 

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O documento ainda minimizou os impactos da abertura do mercado proposta por Bolsonaro, para que brasileiros possam importar armas produzidas no exterior. 

“A Taurus é uma empresa global que exporta para mais de 100 países e, portanto, já compete com as maiores empresas de armas nos mercados de exportação, que são extremamente competitivos, está entre as maiores fornecedoras do mercado americano, e compete em licitações internacionais para fornecimento às Forças Policias e Forças Armadas de todo o mundo”, apontou a empresa. 

A relação entre a empresa, o governo e o mercado, porém, é bem mais complexa do que parece. A família Bolsonaro já fez diversos ataques à qualidade das armas feitas pelo fabricante brasileiro, além de afirmar que é contra o monopólio da empresa no país. 

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Em 16 de janeiro, quando Bolsonaro assinou um decreto que flexibiliza a posse de armas, as ações PN da empresa tiveram forte volatilidade: subiram 11% pela manhã, mas fecharam em queda de 22%. 

No geral, os ativos da empresa foram bastante beneficiados pelo cenário político, mesmo com a situação incerta da empresa no mercado de armas. Em 2018, ano da eleição de Bolsonaro, as ações valorizaram 180%, melhor desempenho da Bolsa no período. Em 2019, porém, elas já caíram 9,88%.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.