ONU já contabiliza 10 mil civis mortos desde início da guerra na Ucrânia

Outras 18.500 pessoas ficaram feridas desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022; ONU alerta que dados podem ser maiores

Roberto de Lira

Área residencial na Ucrânia atingida por ataques da Rússia (Umit Bektas/Reuters)

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Ao menos 10 mil civis, incluindo mais de 560 crianças, foram mortos e outras 18.500 pessoas ficaram feridas desde que a Rússia lançou um ataque armado em grande escala contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. Os dados são da missão de monitoramento da ONU dos direitos humanos na Ucrânia.

Segundo a ONU, a marca de 10 mil foi atingida em 15 de novembro, após quatro pessoas morrerem quando um míssil atingiu um edifício de apartamentos de quatro andares na aldeia de Selydove, próximo a Donetsk, numa área controlada pela Ucrânia. Entre essas últimas vítimas estava uma família que já tinha sido deslocada no início da guerra, incluindo uma mulher de 85 anos.

“Dez mil mortes de civis é um marco sombrio para a Ucrânia”, disse Danielle Bell, que chefia a missão de monitoramento no país. “A guerra da Federação Russa contra a Ucrânia, que entra agora no seu 21º mês, corre o risco de evoluir para um conflito prolongado, sendo difícil compreender o grave custo humano”, acrescentou.

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A missão da ONU informou que o número de 10 mil representa as mortes de civis verificadas de acordo com a sua metodologia, mas advertiu que o dado real pode ser significativamente mais elevado, por conta dos desafios e do tempo necessário para a verificação.

O incidente da semana passada em Selydove é um exemplo típico de ataques que atualmente estão causando vítimas civis, comunicou o grupo das Nações Unidos. Durante o trimestre de agosto a outubro, a maioria das mortes de civis verificadas (86%) ocorreram em território controlado pelo governo ucraniano.

A grande maioria foi causada por armas explosivas com efeito amplo, como projéteis de artilharia e foguetes, munições cluster, mísseis e munições ociosas. Os idosos também estão desproporcionalmente representados entre as vítimas civis na Ucrânia porque muitas vezes não conseguem deslocar-se para locais mais seguros.

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O grupo de monitoramento também comentou que um número significativo de vítimas civis que ocorrem muito além das linhas de frente, principalmente devido à implantação de mísseis de longo alcance pelas forças armadas russas e à ociosidade de munições contra alvos em áreas povoadas em todo o país.

“Quase metade das vítimas civis nos últimos três meses ocorreram longe das linhas de frente. Como resultado, nenhum lugar na Ucrânia é completamente seguro”, alertou Bell.