TV Digital: sistema japonês privilegia as atuais emissoras, dizem analistas

Para outros especialistas, o Brasil perdeu a soberania e postos de trabalho ao preterir a tecnologia brasileira

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A tecnologia japonesa de TV Digital, aprovada pelo presidente Lula no dia 29 de junho, foi tema de debate entre especialistas em comunicação na última quarta-feira (05).

Eles acreditam que há muitos impasses e conflito de interesses que vão dificultar mudanças na legislação da radiodifusão. A escolha do padrão japonês, afirmam os especilistas, permitirá alta definição e interatividade, mas esse benefício ainda deve demorar.

É que o prazo previsto para que o sinal digital chegue a todas as TVs brasileiras é de sete anos, e para que as emissoras se adaptem à novidade serão precisos outros três.

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Grandes emissoras são beneficiadas

Durante o programa Diálogo Brasil, da TV Nacional, os debatedores trataram dos interesses das grandes emissoras em controlar sozinha a transmissão. Para o professor da Universidade Católica de Brasília, Paulo Marcelo Lopes, um exemplo é a difusão por telefone celular, que não sofrerá a interferência das empresas de telefonia.

Já para o coordenador geral do Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura, Gustavo Gindre, o conteúdo é o tema mais importante da discussão. “Nossa legislação é incapaz de lidar com essa escolha. As leis, de 1962, não servem mais para a realidade de hoje. Além, é claro, que a sociedade não foi, de forma alguma, ouvida”, argumentou Gindre, ao informar que o decreto não é claro com relação às emissoras públicas e às eventuais concessões de canais.

Tecnologia nacional

O decreto também prevê a participação da tecnologia desenvolvida no Brasil. Tratam-se do sistema de compressão de vídeo (MPEG-4), o sistema operacional (middleware) e aplicativos, como softwares.

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Mesmo assim, para os especialistas em comunicação da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, o País desperdiçou R$ 50 milhões e 22 convênios firmados com universidades do Brasil para a criação de uma opção 100% brasileira.

Para Regina Mota, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a adoção do modelo estrangeiro ameaça a soberania nacional porque a decisão impede que as tecnologias desenvolvidas por aqui sejam estudadas.

Além disso, acredita a Frente Nacional, o Brasil perderia a oportunidade de incentivar a Indústria do País e impediria, com isso, a geração de milhares de postos de trabalho.