Para conter golpes com Pix, abertura de contas terá segurança ampliada, diz especialista do BC

'Vamos deixar abertura de contas robusta, com dados sobre identidade', afirma Ricardo Mourão, chefe do Departamento de Operações Bancárias

Giovanna Sutto

Pix no celular (Crédito: Shutterstock)
Pix no celular (Crédito: Shutterstock)

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Embora o Pix, sistema criado pelo Banco Central, tenha sido absorvido pela maior parte dos brasileiros, a segurança das transações por meio da plataforma ainda é um ponto frágil.

Estimativa dos próprios bancos apontam que os golpes podem causar prejuízos na ordem de R$ 2,5 bilhões contra o sistema financeiro nacional neste ano — 70% das fraudes serão de operações via Pix.

“O Pix é seguro. Mas, se você é vítima de um sequestro-relâmpago ou sofre um golpe, a experiência [com a plataforma] é prejudicada”, afirmou Ricardo Teixeira Leite Mourão, chefe do Deban (Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos) do BC, durante a Febraban Tech 2022, em São Paulo.

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Para conter fraudes, o próprio BC limitou os valores nas transações via Pix e busca responsabilizar dos bancos em relação às ‘contas laranjas’, que são abertas por criminosos para movimentar quantias ilícitas.

Um mecanismo muito usado que prejudica as vítimas no Pix é a chamada “engenharia social”. Nesse mecanismo, o criminoso usa de persuasão para convencer o usuário a compartilhar dados pessoais e informações bancárias. As instituições financeiras têm dificuldades em rastrear essas operações, já que o usuário, convencido pelo criminoso, autoriza cada etapa da jornada do Pix e efetiva a transação.

A fim de evitar mais problemas de segurança, Mourão afirmou, em debate no evento da Febraban, que o processo de abertura de contas em instituições financeiras deve ficar mais rígido. Não houve menção sobre fintechs ou bancos.

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“Se eu sei quem pagou e sei quem enviou o dinheiro, fica mais fácil rastrear as operações. Vamos deixar a abertura de contas mais robustas, com mais dados sobre identidade. Isso vai ser resolvido”, disse.

Fintechs e bancos digitais oferecem processos simplificados de abertura de contas, sendo possível completar o cadastro em minutos de forma 100% online. Nesse formato, mais brasileiros têm tido acesso ao sistema financeiro, o que é um ponto positivo. A crítica que recai ao processo é sobre o nível de segurança e a confirmação da identidade dos usuários.

A afirmação de Mourão pode sinalizar acréscimo de etapas nas aberturas de conta ampliando a segurança. O executivo do BC, porém, não detalhou como o processo será realizado.

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Infância do Pix

No evento da Febraban, Mourão também afirmou que o Pix está “em sua infância” e muitos outros produtos e serviços com a plataforma serão criados.

“O Pix está em sua infância. Estamos começando a ver e a quantificar os impactos dele na sociedade. Muitos casos de usos ainda podem ser desenvolvidos. É um organismo vivo com todo o mercado pensando em novas soluções”, disse.

Na agenda do BC, Mourão destacou que estão na fila o Pix Automático, que vai funcionar como um débito automático entre todas as instituições; e o Pix Garantido, que vai permitir o parcelamento por meio da plataforma de transações. Mourão, porém, não deu prazos para o lançamento dos serviços.

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“Queremos aprimorar alguns serviços que já estão funcionando, como o Pix Cobrança [que utiliza QR Codes para pagamentos]. A iniciação do Pix ainda pode melhorar também, mas estamos sempre atentos à questão da segurança das informações para avaliar alterações”, afirmou.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.