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A desigualdade de renda no Brasil aumentou no Brasil durante a pandemia, mesmo com o pagamento do auxílio emergencial, por causa da perda de renda da classe média, aponta o estudo Mapa da Riqueza, preparado pela Fundação Getúlio Vargas.
Com base em dados do Imposto de Renda de 2020, os mais recentes disponibilizados pela Receita Federal, os pesquisadores Marcelo Neri e Marcos Hecksher mostram que a desigualdade de renda no país é maior do que a calculada somente com os dados de renda do IBGE, coletados nas Pesquisas por Amostra de Domicílio (Pnad).
Considerando apenas os dados da Pnad, o estudo da FGV mostra que a desigualdade seria de 0,6013 em 2020, o que representaria uma queda ante 0,6117 do ano anterior — quanto mais perto de 1, maior a desigualdade do país.
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Usando os dados da Pnad e do IR em conjunto, porém, o cenário muda. A FGV calculou o chamado “índice de Gini” (que também vai de 0 a 1), medida mais conhecida de desigualdade. No Brasil, o índice subiu de 0,7066 em 2019 para 0,7068 em 2020, representando, na verdade, uma alta da desigualdade no país.
“Foi um aumento pequeno, mas que é mais acurado. Apesar dos pobres terem sido defendidos pelo Auxílio Emergencial durante a pandemia, a desigualdade não caiu em 2020 como se imaginava. Teve, na verdade, um achatamento de renda muito mais forte na classe média”, diz Neri. “As perdas do 1% mais ricos (-1,5%) foram menos da metade das da classe média tupiniquim (-4,2%), a grande perdedora da pandemia.”
Dados mais acurados
Neri afirma que o objetivo do Mapa da Riqueza trazer o índice de Gini é demonstrar um resultado mais acurado sobre a desigualdade no país. Os dados do Imposto de Renda permitem captar a renda dos mais ricos, com mais propriedade que os dados de pesquisas domiciliares tradicionalmente usados em estudos sobre pobreza e desigualdade, já que os critérios para declaração do IR atuam como uma espécie de linha de riqueza permitindo identificar os contribuintes com maior poder de compra, aponta o estudo.
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“Buscar as informações das pessoas mais ricas via Pnad há muita dificuldade. Geralmente, pessoas de renda mais alta tendem a não responder às perguntas, dificultando o trabalho do IBGE e ficam de fora das estatísticas. Ao unir as informações de imposto de renda conseguimos integrar os dados”, explica o pesquisador ao InfoMoney.
A Pnad Contínua investiga cerca de 211 mil domicílios por pesquisa e capta informações por meio de questionários presenciais para divulgar os resultados posteriormente. Em 2020 e 2021 devido à pandemia as entrevistas foram feitas por telefone.
Destaques por região
O Mapa da Riqueza mostra, ainda, que o Distrito Federal continua sendo a unidade da federação com maior renda per capita do país — com R$ 3.148 — e patrimônio declarado — R$ 94.684 — , enquanto Maranhão, com respectivamente R$ 409 e R$ 6.329, se mantém como o mais pobre.
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No topo, aparece São Paulo em segundo lugar, com renda média da população de R$ 2.093 e patrimônio de R$ 90.776, seguido pelo Rio de Janeiro com renda per capita de R% 1.754 e patrimônio de R$ 63.128.
Os dados do estudo mostram, no entanto, que uma grande parte da população não chega nem mesmo a alcançar renda suficiente para declarar o imposto de renda. Em 24 das 27 unidades da federação e 16 das capitais brasileiras, 80% ou mais da população não fez a declaração, mostrando que tem renda menor do que R$ 2 mil.
Ao mesmo tempo, o estudo mostra bolsões de riqueza pelo país. No Distrito Federal, os moradores do bairro Lago Sul tem renda média próxima dos R$ 40 mil, e o patrimônio em torno de R$ 1,4 milhão de — maior do que a renda de qualquer município brasileiro.
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Entre os 20 municípios mais ricos do país com população acima de 50 mil habitantes, todos são nas regiões Sul e Sudeste — Nova Lima (MG), com renda média de R$ 8.897 está em primeiro lugar — enquanto os 10 mais pobres, também com população acima de 50 mil pessoas, ficam nas regiões Norte e Nordeste. Brejo da Madre de Deus (PE) tem a menor renda per capita, R$ 659.
*Com Reuters