“Drex do Putin”: Rússia começa a testar rublo digital em 11 cidades

Proposta do governo Putin é diferente da adotada no Brasil, e irá permitir acesso direto do rublo digital pela população

Paulo Alves

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A Rússia inicia, nesta terça-feira (15), os testes com sua moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês). O Rublo Digital será usado de forma experimental por 600 cidadãos e 30 empresas em 11 cidades. Até agora, 13 bancos fazem parte da iniciativa.

O foco do projeto, levado à votação no congresso russo em julho, é diferente do Drex no Brasil, que tem aplicações principalmente no sistema financeiro. O governo de Vladimir Putin tem o objetivo de criar uma moeda digital de varejo, ou seja, acessada diretamente pelas pessoas, como meio de impulsionar pagamentos digitais no país.

Nesta primeira fase de testes, por exemplo, participantes poderão abrir carteiras digitais (contas) diretamente junto ao banco central para depositar os ativos — algo que, no Brasil, será reservado apenas a instituições financeiras.

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A expectativa é que o Rublo Digital seja lançado em definitivo em 2025.

Os testes iniciam em meio a uma forte crise que abala o rublo, que caiu mais 0,5% na segunda (14) e atingiu US$ 98,16, pressionado pelo impacto das sanções ocidentais na balança comercial russa e pelo aumento dos gastos militares. Nesta manhã, ganhou novo fôlego e voltou a ultrapassar os US$ 99, mas patamar ainda preocupa autoridades.

Como medida de emergência para tentar interromper a queda, o Banco Central da Rússia elevou sua principal taxa de juros em 350 pontos-base nesta terça-feira, para 12%, após reunião extraordinária no Kremlin assim que a moeda do país perdeu a marca de US$ 100.

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O assessor econômico do presidente Vladimir Putin, Maxim Oreshkin, repreendeu o banco central na segunda, culpando o que ele chamou de política monetária branda pelo enfraquecimento do rublo.

“A pressão inflacionária está aumentando”, disse o banco em um comunicado. Horas depois, a instituição financeira anunciou a reunião de emergência.

A queda foi interrompida, mas analistas avaliam que a sobrevida não será duradoura. “Enquanto a guerra continuar, só piorará para a Rússia, a economia russa e o rublo”, disse Timothy Ash, estrategista sênior de mercados emergentes da Bluebay Asset Management, à Reuters.

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O lançamento do rublo digital, dizem analistas, tem relação com a estratégia de sobrevivência em meio à guerra: com ela, em tese, seria mais simples efetivar transações comerciais com outros países mesmo diante de sanções.

(Com Reuters)

Paulo Alves

Editor de Criptomoedas