Números dão a dimensão clara de um fenômeno. E, sobretudo, nesta semana, eles serão fundamentais para se conhecer o tamanho da distância entre homens e mulheres em diferentes campos.
Nesta Semana das Mulheres, dados do Banco Mundial mostram uma desigualdade de gênero crônica ao redor do mundo. Eis as disparidades:
1) A diferença entre os ganhos esperados ao longo da vida de homens e mulheres, globalmente, é de 172,3 trilhões de dólares — praticamente duas vezes o PIB anual do mundo.
2) Cerca de 2,4 bilhões de mulheres, entre 18 e 64 anos, têm menos oportunidades e direitos econômicos que os homens. Os números constam do relatório Mulheres, Empresas e o Direito 2022, do Banco Mundial.
De acordo com levantamento, 178 países mantêm barreiras legais que impedem a plena participação econômica das mulheres.
A mensagem que fica é transparente e objetiva: políticas que melhoram as oportunidades econômicas para mulheres são necessárias, segundo o estudo. “Enfrentando ou não uma catástrofe, como a pandemia, os governos podem tentar reduzir essa desigualdade atuando para garantir mais espaço para as mulheres”, diz o documento.
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Entre as formas de fazer isso, o texto cita estratégias como: redução do tempo no trabalho não remunerado e nas responsabilidades de cuidado; e inclusão de artifícios legais que impulsionem a participação delas na força de trabalho e no empreendedorismo.
Para isso acontecer, no entanto, mudanças estruturais precisam acontecer. “Salvaguardar e incentivar a inclusão das mulheres reforça o crescimento econômico, reduz a diferença de gênero nos resultados do desenvolvimento do país e na participação da força de trabalho”, analisa o relatório.
Dos 190 países considerados no relatório, apenas 95 garantem a remuneração igualitária para trabalho entre homens e mulheres. O estudo, contudo, não lista quais são as nações.
Outro relatório do Banco Muncial, mas elaborado em parceria com a ONU e publicado em 2018, mostra que países que têm uma lacuna de oportunidades entre homens e mulheres têm menos probabilidade de prosperar ou resolver desafios pacificamente.
Avanço gradual
No contexto da pandemia, apesar do efeito desproporcional da crise sanitária na vida e nos meios de subsistência das mulheres, 23 países reformaram suas leis em 2021 para promover a inclusão econômica das mulheres.
Em transmissão pela internet sobre o novo relatório, Máxima da Holanda, rainha dos Países Baixos, destacou reformas econômicas em países africanos.
“Nós temos vários bons exemplos de países que têm tido conquistas: mulheres do Gabão agora têm direitos iguais de propriedade como seus maridos; o Egito tornou ilegal que instituições financeiras discriminem questões de gênero; e o Paquistão suspendeu restrições para que mulheres pudessem trabalhar à noite.”
As economias avançadas continuam melhorando os indicadores. Doze países, todos integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), têm condições iguais para homens e mulheres em todas as áreas, de acordo com a análise do relatório.
“Conforme avançamos para alcançar um desenvolvimento verde, resiliente e inclusivo, os governos precisam acelerar o ritmo das reformas legais de modo que as mulheres possam alcançar todo o seu potencial e se beneficiar total e igualitariamente”, afirmou o Banco Mundial no relatório.
Carmen Reinhart, vice-presidente sênior e economista-chefe do Grupo Banco Mundial, afirmou que o avanço acontecerá de forma gradual, mas precisa começar de dentro para fora.
“As mulheres não conseguirão conquistar a igualdade no ambiente de trabalho se houver desigualdade dentro de casa. Isso significa nivelar as condições de igualdade e garantir que as mulheres com filhos não sejam excluídas de sua plena participação na economia e possam cumprir suas expectativas e ambições.”
No ranking geral de igualdade, o Brasil tem 85 pontos — de um total de 100; países como Timor-Leste (86,3), Ilhas Maurício (89,4) e Kosovo (91,9) estão à frente, além de vizinhos latinos, como Bolívia (88,8), Peru (95) e Paraguai (94,4).
Veja a lista dos 12 países que alcançaram a igualdade de gênero e a comparação com o Brasil:
*Com Agência Brasil