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Demanda por seguro auto tem primeiro recuo do ano, com queda de 22,07%

Redução das vendas de novos veículos explica recuo da comercialização de seguro auto em abril

Gilmara Santos

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Após três meses aquecidos, entre janeiro e março, o mercado brasileiro de seguros de automóveis apresentou queda pela primeira vez no ano. Em abril, foi registrado recuo de 22,07% na comparação com março. É o que mostra o INDS (Índice Neurotech de Demanda por Seguros).

Apesar do primeiro resultado negativo do ano, na comparação anual houve aumento 6,6%, considerando os números de abril do ano passado.

Na análise individual dos estados que fazem parte do índice, todos apresentaram queda na comparação com março. O ranking ficou assim:

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Na comparação anual, abril de 2022 com o mesmo mês de 2023, o único estado que registrou crescimento da demanda foi o Rio Grande do Sul (7,79%).

Redução na venda de carros

A redução das vendas dos novos veículos é um dos motivos para o recuo na comercialização de seguro auto. Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), em abril, foram emplacados 118.127 automóveis, um recuo de 19,18% em relação a março, que somou 146.165 unidades.

“O mês de abril [18 dias úteis] teve 5 dias úteis a menos do que março [23], com dois feriados que caíram em sextas-feiras, afetando, também, o sábado. Isso impactou no resultado do setor como um todo”, diz o presidente da Fenabrave, Andreta Jr.

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“Apesar desse fraco desempenho, alguns segmentos tiveram aumento de emplacamentos por dias úteis e já se recuperaram em relação à pandemia, o que não aconteceu com automóveis que, infelizmente, ainda apresentam queda real expressiva”, complementa Andreta Jr.

Daniel Gusson, head comercial de seguros da Neurotech, considera que, apesar da mudança de comportamento em relação aos meses anteriores, o movimento é esperado e mantém a expectativa otimista ao setor de seguros no acumulado deste ano.

“O bom momento vivido entre janeiro e março elevou o patamar deste mercado, tornando qualquer recuo estatisticamente mais significativo. Vale lembrar que, por conta do aumento dos preços dos veículos novos e usados, o valor das apólices também registrou alta”, explica Gusson.

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Mais caro

Além da queda nas vendas de seguros, o consumidor que contratou ou renovou sua apólice teve que arcar com valores “mais salgados”. O Índice de Preços do Seguro Automóvel (IPSA), da insurtech TEx, registrou no mês passado o maior patamar da série histórica iniciada há 28 meses, chegando a 7% do valor do carro.

Com isso, o índice apresenta aumento de 14,8% no acumulado dos últimos 12 meses. Já na comparação com o mês anterior, houve alta de 6,1% em abril.

Segundo Emir Zanatto, CEO da TEx, essa alta de 6,1% no último mês deve-se, em grande parte, ao recente aumento de casos de roubo e furto de veículos em regiões de grande importância para o mercado, como em São Paulo.

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Como é calculado preço do seguro?

A região onde o segurado reside é um fator importante na precificação do seguro. Interferem, por exemplo, as taxas locais de roubo e furto. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro e de São Paulo pagaram 7,9% do valor do carro em seguro, quase o dobro da Região Metropolitana de Belém, que paga, em média, 4,3%.

Na capital paulista, o indicador revela que o seguro na Zona Leste é 70% superior à região central. Já no Rio de Janeiro, a Zona Norte pagou o dobro da Zona Sul. Na capital mineira, a Zona Oeste é 50% mais cara que o Centro, região mais barata da cidade. Já em Recife, a Zona Sudoeste foi 30% mais cara que a Zona Norte.

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC.